Update Swift Brasil: quem são os fãs de Taylor que viraram heróis nas redes
Taylor Swift realiza o último show no Brasil hoje e a passagem da cantora pelo país não deve ser esquecida tão cedo.
Os dias da artista aqui ficaram marcados por acontecimentos que vão de homenagem no Cristo Redentor a uma tragédia: a morte de Ana Clara Benevides, 23, no dia 17 de novembro — primeiro show da americana.
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Quem não é swiftie (nome dado aos fãs de Taylor) pode não saber, mas, em meio a tudo isso, administradores de um fã-clube da cantora ganharam status de autoridade do X (antigo Twitter).
Com o apoio de fãs e de outros fã-clubes, a página Update Swift Brasil foi responsável:
Pela projeção em homenagem a Taylor no Cristo Redentor — que aconteceu após a arrecadação de mais de 20 mil unidades de panetone para ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade social;
Por arrecadarem mais de 32 mil garrafas de água para distribuir para os fãs — o que envolveu conversas com a equipe do prefeito Eduardo Paes;
Por conseguirem a doação de mais de 30 ingressos para outros fãs;
Por organizar a vaquinha que juntou fundos para o translado do corpo de Ana Clara Benevides.
Quem são eles
O Update Swift Brasil, seguido por mais de 200 mil pessoas no X, conta com 13 pessoas na equipe (e o número, preferido de Taylor, é só uma coincidência). Há pessoas de todas as regiões do Brasil e até uma administradora que mora em Nova York.
A página foi criada pela estudante de direito Sarah Cavalcanti, 23. "Comecei a ser fã da Taylor com 12 anos. Minha vida era ver notícias de Taylor Swift, 24 horas por dia. Foi que eu tive a ideia de criar o Update Swift Brasil, quando eu tinha 14 anos", contou em entrevista a Splash. "Inicialmente era mais um hobbie, não imaginava que a página iria crescer tanto como ela cresceu".
A página funciona quase que ininterruptamente e, para isso, os administradores ficam atentos nas atualizações da ídola o tempo inteiro. "A gente se ajuda o tempo inteiro. A gente fala: 'Quem pode postar isso no Twitter? Quem pode postar isso no Instagram?'", conta Sarah.
Mas se engana quem pensa que os adms não têm outras funções, já que eles estudam e trabalham. "Muitas pessoas acham que a gente não tem um trabalho fora do portal, acham que a gente vive ali 24 horas, mas não, a gente tem", conta a social media e estudante de administração Beatriz Ferreira, 22.
O que ganham com isso?
Com tanto trabalho e dedicação, é de se imaginar que a equipe ganhe alguma coisa. Mas, segundo contaram a Splash, esse não é o caso. "Tem a monetização do X, só que a gente gastou tudo que a gente ganhou com a vinda da Taylor para o Brasil. A gente mais gasta, na verdade, do que recebe", disse Sarah.
Todo mundo acha que temos parceria a produtora do evento. A gente até que tenta alguma coisa [ingressos, por exemplo], que a gente consiga, já é outra história. Sarah Cavalcanti
Morte de Ana Benevides
A página fez várias cobranças à TF4 (Time for Fun), empresa responsável pela organização dos shows de Taylor no Brasil. Na quinta-feira (23), o CEO Serafim Abreu se pronunciou pela primeira vez, culpando o "calor extremo" pela morte da estudante.
"Poderia ser qualquer uma de nós aqui [...] Desde o começo a gente tá cobrando eles. Tanto é que a gente conseguiu apoio de muita gente — o ministro da Justiça também se posicionou. Foi muito bom saber que a gente tá recebendo apoio para tentar mudar esse cenário", diz a também administradora Maria Fernanda, estudante de 18 anos.
"Não pode ficar assim, né? Tem que ter uma satisfação, não só para família da Ana, mas para os fãs que estavam lá no dia. Foi muita negligência, proibiram entrar com água no calor, com uma sensação térmica de 60 graus", reclama Sarah. "O que a gente tá sentindo é revolta, e a gente quer posicionamento da empresa".
Elas evitam, no entanto, responsabilizar a cantora, que não comentou a morte de Ana. "A gente entende que ela não tem culpa de nada. A gente não sabe o que está acontecendo por trás, como estão as investigações, se tem motivo para o silêncio. E em respeito à família da Ana, que pediu para a gente não falar sobre isso, não colocar mais a Taylor nesse nível que a mídia tá querendo colocar, a gente prefere se abster de certas opiniões", diz Sarah.
"Tem a questão que poderia ter sido o show de qualquer outro artista, né? Poderiam ter feito diferente a questão de entrar com a água, porque esse calor ninguém esperava e tava insuportável", complementa Beatriz.
Reconhecimento
Após 9 anos de um trabalho quase invisível, as administradoras se sentem felizes com o reconhecimento recebido nas redes sociais. "A gente não esperava que ia se tornar isso. A gente estava, querendo ou não, cobrando o mínimo. Eu acho que foi só uma consequência de toda a mobilização em tentar ajudar todo mundo", diz Maria Fernanda. "[Mas] a gente não faz isso para receber uma recompensa. Nunca foi o nosso intuito, fazemos porque gostamos".
E mesmo sem nada em troca, garantem que vale a pena: "A gente ama a Taylor, a gente ama dar notícia", diz Sarah. "Eu acho que todo mundo concorda que vale a pena, mesmo com muito estresse".
Apesar das críticas e da passagem turbulenta de Taylor pelo Brasil, o amor das fãs segue inabalado. "Muita gente que não vive nesse meio que a gente vive deve pensar, 'meu Deus, é só uma cantora'. Mas a gente que acompanha desde lá do começo, a gente vê que ela é muito humana. Eu vejo como uma figura materna", diz Beatriz.
A gente que tá aqui, vive isso, sabe como é. É uma paixão, assim, que não tem explicação. Beatriz Ferreira