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'Não sinto essa falta toda': por que Louise Cardoso está longe das novelas?

Louise Cardoso na pré-estreia do filme "Tia Virgínia", no Rio de Janeiro Imagem: André Horta/Brazil News

De Splash, no Rio

28/11/2023 04h00Atualizada em 28/11/2023 15h15

Louise Cardoso, 68, é uma atriz lembrada por papéis memoráveis em novelas que fez ao longo dos 50 anos de carreira — 40 deles na Globo. Entre os destaques, estão os folhetins "Cambalacho" (1986), "Porto dos Milagres" (2001) e "Alma Gêmea" (2005), além do humorístico "TV Pirata" (1980).

Rosto querido pelos telespectadores nas novelas, ela tem se dedicado a outros formatos nos últimos anos: cinema e teatro. Somente esse ano lançou dois longas elogiados pela crítica, "Pérola" e "Tia Virgínia". Também encenou "Os Bolsos Cheios de Pão", espetáculo formado por duas peças curtas do autor Matéi Visniec.

Em conversa com Splash, a atriz explica que busca diversificar seu trabalho e, claro, reinventar-se. Ela está longe das novelas na TV aberta há sete anos, quando atuou em "Além do Tempo" (2015). No ano seguinte, participou da 24ª temporada da série "Malhação".

Tenho feito muito cinema e streaming, gravei sete longas e, agora, estou estreando as produções nos cinemas Brasil afora. Me deixa muito feliz, me dá prazer. E é bom diversificar, não? Claro que gosto de fazer novelas também e vou analisar convites futuros. Foram 40 anos na Globo, é incrível trabalhar lá. Tenho lindas lembranças na TV aberta, mas não sinto essa falta toda.
Louise Cardoso

Além do cinema, Louise se dedica a atuar, produzir e dirigir espetáculos teatrais. O palco, que é um lugar sagrado para ela, é espaço para desenvolver narrativas mais profundas sobre a sociedade — o que nem sempre é possível na TV aberta. "Gosto de produções que façam o público refletir."

"No próximo ano, tenho a ideia de levar aos palcos uma peça sobre guerras, não diretamente sobre as duas que estão em curso agora — Rússia com Ucrânia e Israel com Hamas. É sobre as guerras no geral. É um assunto triste que segue atual."

Tanto no teatro quanto no cinema, ela tem recebido papéis desafiadores. Em cartaz com o filme "Tia Virgínia", por exemplo, ela vive uma personagem com personalidade bem diferente da sua. Valquíria é uma mulher que se acha a dona da razão e não escuta os demais.

"Sou uma pessoa bem diferente, mas completamente diferente. Eu sempre procuro saber a opinião do outro. Eu tenho a minha opinião, mas ouço muito o outro, até como artista e diretora teatral. Deixo todo mundo livre, solto."

Louise Cardoso, Vera Holtz e Arlete Salles são três irmãs em "Tia Virgínia", de Fábio Meira Imagem: Divulgação

"Tia Virgínia"

O longa narra a história de Virgínia (Vera Holtz), uma mulher de 70 anos que nunca se casou ou teve filhos. Ela é convencida pelas irmãs — Vanda (Arlete Salles) e Valquíria (Louise Cardoso) — a deixar a vida que levava para cuidar da mãe, uma mulher de 99 anos.

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"Retrato de muitas famílias. As mães vão envelhecendo, se debilitando e ficando cada vez mais frágeis. Às vezes, os filhos não podem porque tem sua família, tem filhos e a que não casou fica nesse lugar de cuidar da mãe, enquanto, na minha opinião, deveria ser tudo dividido. Então ela ficou com a mãe na casa delas e as duas irmãs, a Vanda e a Valquíria viajaram, casaram, tiveram filhos, tem os problemas delas e, no Natal, vão se encontrar."

Escrito e dirigido por Fabio Meira, o longa reflete a realidade de mulheres que desviaram da expectativa da sociedade em relação ao matrimônio e maternidade. Além disso, destrincha situações que envolvem o envelhecimento do indivíduo, as mudanças geracionais e o que não muda nunca.

"É um filme que as pessoas se identificam muito, mas o filme não é só isso, não é só a mãe que tá doente, é muito mais coisa, é muito mais coisa. A Virgínia tem uma fala que diz que envelhece a cada Natal que passa, mas nesse Natal, em especial, ela vai dar a volta por cima."

No papo, Louise detalhou como é a personagem: "As três irmãs são fortes e cheias de personalidade. A Valquíria casou, tem um bando de filhos, ama a sua família, é uma mulher de família, mas acho que ela tem razão em tudo. Quer ter sempre o controle de toda a situação. Ela se sente uma autoridade, faz coisas em prol desse radicalismo que não são legais. A Valquíria veio para o confronto, de alguma certa maneira, embora, talvez, nem saiba disso. Ao mesmo tempo, ela não enxerga o filho que ela tem. Mas, depois, sozinha, ela desabafa. É sensível também. É um personagem cheio de camadas. Então, por isso, é muito interessante para nós atrizes."

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