Três décadas depois, Laerte vê quadrinho virar filme e se sente realizada
Com 50 anos de carreira, Laerte já tem seu lugar consolidado entre os maiores cartunistas brasileiros. E, mesmo assim, vive um novo momento em sua trajetória profissional: um de seus quadrinhos virou filme.
Trata-se de "Overman", inspirado no personagem de mesmo nome criado por Laerte no fim dos anos 90. O filme, com estreia prevista para agosto de 2024, conta a história de um super-herói brasileiro: nem os superpoderes o salvam de problemas como as dívidas, as burocracias e as crises existenciais.
Laerte está feliz com a adaptação de sua obra. No Unlock CCXP, ela falou sobre a experiência: "Sou muito grata por todo o trabalho que foi dedicado a esse tema e também ao meu trabalho."
A cartunista participou da produção, mas não quis interferir muito:
"O Arnaldo [Branco] é um roteirista muito melhor que eu, um humorista muito melhor que eu. Então nessa parte eu estava bem tranquila. E eu gostei muito de conhecer as pessoas que eu vim a conhecer, ainda que remotamente. O Caco [Ciocler, que interpreta o protagonista] ainda não conheci, Vou conhecer amanhã. Estou nervosa!"
A ideia do filme surgiu da admiração por Laerte. "A gente fez o filme porque a gente é fã dela, a gente a ama" diz Iafa Britz, produtora e idealizadora da obra. E, sentada ao lado da cartunista no painel, confessa: "Eu ficava perguntando se ela gostava de tudo. Toda vez que a Laerte me mandava um 'oi', eu pensava: 'Ela me ama!'".
Mistura de Deadpool com Zé Carioca
Splash visitou as gravações do filme em agosto, e o herói Overman é uma mistura da violência de Deadpool com a malandragem de Macunaíma e Zé Carioca. Pelo menos é o que acha o diretor, Tomás Portella.
"Temos uma visão diferente, de um super-herói brasileiro que enfrenta problema para pagar o aluguel, problema com os padrões de máscara americanos. Esse filme é para ele entender quem ele é: um brasileiro over, que voa e tem uma super força, mas com conflitos existenciais o tempo inteiro. Ele faz psicanálise", disse o cineasta na época.
Gravar como Overman foi divertido, mas também trabalhoso. Caco precisou "enfiar o pé na jaca", como brinca o artista. Quando Splash chegou ao set de filmagem em Santa Teresa, zona boêmia do Rio, por volta das 19h, Caco estava estirado no sofá. Cansado após horas de gravação e de ensaiar para uma cena de quebra-quebra. Overman destrói tudo em seu loft após não conseguir fazer um origami. "Isso é muito bom para aliviar o estresse", diz o personagem.
Caco "aprendeu" a voar para viver o personagem — em estúdio, a produção usa um cabo para colocar o ator na posição horizontal e simular um voo. Na cena em que Splash acompanhou, Overman entra em crise e liga para o governador para dizer que não quer mais fazer a segurança do Estado. Em seguida, sai voando para encontrá-lo no gabinete.
Não imaginei fazer isso aos 52.
Caco Ciocler, ator
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