Emojis e mascotes: um hit dentro e fora do k-pop
"Vi esse bichinho e achei tão bonitinho, é de um desses asiáticos que tu gosta". Essa é uma frase que já ouvi mais de uma vez da boca de pessoas que nunca sequer ouviram pop coreano. E isso não importa, pois os mascotes criados pelas empresas em parcerias milionárias com outras gigantes do mercado (LINE Friends e Sanrio sendo as mais conhecidas) não conquistaram apenas os fãs da indústria, mas toda e qualquer pessoa que goste de pelúcias fofas, bonequinhos, itens de papelaria e até mesmo maquiagens.
A criação de personagens para representarem cada membro de um grupo de k-pop não é nenhuma novidade; os fãs costumam fazer isso para identificá-los em traduções de lives, eventos e shows. Alguns emojis são extremamente comuns e quase todo grupo possui um, como coelhos, gatos, pintinhos e cachorros.
É interessante ver como essa identificação com o tempo é incorporada pelo próprio idol e aos poucos vai se tornando peça importante de marketing e divulgação dos mesmos. Jungkook do BTS é um bom exemplo, assim como I.N dos Stray Kids. Ambos sempre foram representados por coelhos e raposas respectivamente, e anos depois com a criação do BT21 e SKZOO, seus emojis ganham vida em forma de personagens fofos, o Cooky e o Foxy.Ny. Foxy é inclusive parecido fisicamente com Jeongin, algo que acrescenta mais uma camada de conexão entre mascote-fã-idol.
Esses bichinhos fofos têm outra característica importante: identificam ultimates e bias em shows e eventos de k-pop (utt e bias são os membros favoritos dos fãs; ultimate o preferido de todos e bias podem ser vários, um de cada grupo). Quando fui aos shows de BTS em Wembley, Londres em 2019 fiquei impressionada como praticamente todo mundo usava algum acessório com um dos personagens de BT21, marca criada pelos membros de BTS junto com a LINE Friends, gigante na criação de figurinhas e emojis na Coreia do Sul para aplicativos de telefone. Assim, era possível identificar quem era fã de quem e até mesmo um bom início de conversa caso a pessoa estivesse usando os mesmos personagens. O mesmo aconteceu quando fui aos shows da NCT 127 e Dream no Brasil esse ano. O grupo fez uma parceria de bastante sucesso com a Sanrio e embora não tenham criado personagens para cada membro, os existentes e já bastante populares foram designados para cada um; alguns interagiam com Kuromi, outros com My Melody, Hello Kitty, etc. No show além do verde neon habitual, era possível ver mascotes da marca que claramente representavam os idols preferidos dos fãs.
Outro aspecto sobre essas criações que chamam atenção é que a pirataria em torno desses mascotes é muito grande. Apesar de serem vendidos em lojas oficiais como a própria LINE Friends, Weverse e Sanrio, a popularização de verdade acontece com as inúmeras cópias e propagação no mercado paralelo, com vendedores ambulantes, lojas pequenas e até mesmo fãs criando suas próprias versões dos bichinhos. São chaveiros, camisetas, pelúcias, carteiras, tudo é produzido com estampas dos personagens e acabam conquistando não apenas fãs do grupo, mas pessoas que gostam de coisas fofas (kawaii, como costumam usar o termo em japonês).
O SKZOO mesmo, criado pelos Stray Kids, teve um crescimento enorme nos últimos anos e é muito utilizado pela própria JYP, empresa do grupo, para promover conteúdos, pois é sabido que viraliza não somente com adultos mas também com crianças. Portanto, existem versões dos MVs com os bichinhos, assim como os BT21 possuem uma espécie de desenho animado com histórias curtas e fofas para engajar um público que talvez não fosse alcançado somente com a música.
Essa iniciativa não é nova, vários grupos de k-pop de outras gerações já tiveram mascotes, mas com certeza nos últimos anos houve um aumento no consumo e principalmente conexão entre idols e seus bichinhos. Recentemente as STAYC lançaram seus personagens, e as New Jeans viraram Meninas Super Poderosas no último álbum que lançaram; todo mundo queria a versão fofa do desenho. No fim, criar emojis e personagens para a identificação de idols se torna uma característica importante da indústria, não apenas pelo dinheiro que move, mas principalmente pelo valor sentimental e vínculo que cria entre fãs e artistas.
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