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Mais punk do que nunca: como foi o show do The Hives no Primavera Sound?

Banda The Hives toca no Primavera Sound 2023, em São Paulo Imagem: Rafael Cusato / Brazil News

Thales de Menezes

Colaboração para Splash

02/12/2023 17h46

O Hives está de volta. E essa afirmação não se refere apenas ao fato de o grupo sueco ter lançado em agosto seu primeiro álbum após 11 anos sem gravações. Pelo show que a banda fez no Primavera Sound neste sábado (2), em Interlagos, eles retomaram a fúria de sua fase inicial.

Quando apareceu na cena na metade dos anos 1990, o Hives era uma usina de barulho com elementos de punk rock e, principalmente, de um rock de garagem no estilo dos Stooges de Iggy Pop. A fama mundial veio em 2000, com o segundo álbum, "Veni Vide Vicious", de letras engraçadas como nas canções "Hate to Say I Told You So" e "Main Offender".

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O humor é a tônica da banda e ultrapassa os versos das músicas. Inclui também uma postura meio teatral em cena, com suas roupas em preto e branco como se fossem uniformes, que o público do Primavera conferiu ao vivo, e até nos nomes artísticos dos integrantes, como o vocalista Howlin' Pelle Almqvist ou o baterista Chris Dangerous.

E Almqvist comanda a diversão, falando em português atrapalhado e descendo várias vezes para o meio do público. No final, fez a plateia toda sentar no chão e fazer silêncio.

O show teve canções de cinco dos seis discos de estúdio da banda, abrindo espaço para o repertório do mais recente, "The Death of Randy Fitzsimmons". Ao contrário dos dois trabalhos anteriores, que soaram um tanto estranhos ao público fiel da banda com a intenção de sofisticar um pouco o som do Hives, este é uma vitrine de rocks acelerados, nervosos. E, notadamente no palco, esta é a grande onda do grupo.

Do material mais recente, "Bogus Operandi" e "Rigor Mortis Radio" soaram como hinos clássicos. O som do Hives é capaz de fisgar qualquer fã de rock and roll. O setlist foi bem planejado, porque misturou canções lançadas em diferentes discos com uma mesma textura de hard rock martelado, para fazer a plateia pular. Não é exagero dizer que o Hives foi melhor agora do que nas outras três vindas ao Brasil, entre 2008 e 2014.

Depois de problemas de saúde de dois integrantes e algumas tretas na turnê de "Lex Hives", lançado em 2012, a banda queria retornar com tudo em 2020, mas a pandemia atrapalhou a agenda. Pelo que se viu no Primavera, isso não esmoreceu a fúria do Hives. Entrando cedo na programação, no meio da tarde, o show não deixou ninguém parado, e isso não é força de expressão.

Certamente para os antigos fãs, e provavelmente para muitos novos seguidores conquistados agora, a apresentação de pouco menos de 50 minutos deixou um gosto de "quero mais" evidente na plateia. Com o disco novo recebido muito bem pela crítica e a mesma performance incendiária nos palcos de duas décadas atrás, o Hives pode seguir em frente e mostrar que é muito mais do que um punk engraçadinho, é uma celebração de rock.

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