'Amiga íntima', Marina Sena mistura ritmos em show com repertório próprio
Neste ano, provavelmente Marina Sena compareceu mais ao autódromo de Interlagos do que o Rubinho Barrichello. Em setembro, ela fez um simpático e envolvente show no The Town cantando o repertório de Gal Costa, uma de suas influências declaradas. Agora, ela voltou à pista no segundo dia do festival Primavera Sound e agradou velhos e antigos fãs com seu repertório próprio.
Na verdade, "velhos fãs" não tem muito cabimento. Numa escalada meteórica, principalmente nas redes sociais, Marina é claramente uma artista em formação. Do seu álbum de estreia, "De Primeira" (2021), para o segundo, "Vício Inerente" (2023), fica muito claro como ela está rapidamente entendendo melhor essa coisa de conduzir uma carreira.
Ainda debaixo de sol forte, ela teve diante do palco uma enorme legião de iniciados. O termo "iniciados" faz sentido, porque ela é praticamente um culto. Quando se fala de Marina Sena, o foco das pessoas vai muito além de descobrir se gosta ou não da música que ela faz.
Ela sabe espalhar uma figura midiática nas redes. Tem uma atitude de "parceira", ao escalar bailarinas para clipes e shows que parecem suas amigas de balada (e provavelmente são). Não tem receio de escancarar uma sensualidade nos clipes e nos stories, com seu reconhecido visual de, digamos, roupas com muito pouco pano.
Marina também está acostumada, desde o começo, a expor para o público todos os processos do seu trabalho. Momentos de gravação nos estúdios, ensaio de coreografias, bastidores de videoclipes, presença em eventos, as baladas, enfim, uma vida pessoal que se confunde com a pública.
Assim, quando Marina pisou no palco Barcelona no Primavera Sound, a audiência viu nela não apenas uma cantora, mas sim uma amiga muito íntima, uma parça. E essa galera não teve do que reclamar, pois Marina entregou um show dançante, que mudou algumas vezes de atmosfera, de um som romântico derramado a canções com pique de levantar a plateia.
Ela apresentou dez músicas do segundo álbum e revisitou o disco de estreia em "Me Toca", Por Supuesto", "Pelejei" e "Voltei pra Mim", esta em coro impecável do público. O que une os dois álbuns é o embalo de pop dançante e a temática da sedução. Marina canta versos desafiadores, embalados no vai e vem de seus quadris.
Da abertura, com "Sonho Bom", até o encerramento com "Tudo Seu", com o rebolado mais sensual entre tantos rebolados sensuais do show, e passando pelo hit atual, "Dano Sarrada", o repertório de "Vício Inerente" é uma coleção de canções coesas, que parecem falar entre si com as letras safadas. Marina Sena ainda tem muito que falar, cantar e dançar.
A apresentação empolgante deixa para trás uma polêmica um tanto mal explicada sobre o não comparecimento de Marina ao Primavera Sound de Buenos Aires, no fim de semana passado. Após o anúncio de que não participaria, no dia programado inicialmente para seu show ela estava no Brasil, numa festa. Seja o que for que tenha acontecido, azar dos hermanos, que perderam a chance de ver uma estrela brasileira em ascensão.
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