Paul McCartney estreia em SP com repertório matador para fãs extasiados
No Allianz Parque, terceira arena que Paul McCartney visita em sua nona turnê pelo Brasil, a expressão de satisfação na noite de quinta (7) é a mesma no rosto de quem vê o Beatle ao vivo pela primeira vez e de quem já esteve em alguns dos 31 shows dele no país. Nesta turnê, "Got Back", ele completará 36 apresentações no Brasil com o último show, no Maracanã, no dia 16.
Para os estreantes, o encanto é de estar vendo em carne e osso alguém que escreveu canções que embalaram boa parte da vida deles. Para quem volta, é a confirmação de que o show é realmente espetacular, muito além da simples ativação da memória afetiva do beatlemaníaco.
Na verdade, não há muita diferença entre este show da "Got Back Tour" e a apresentação que Paul fez em Porto Alegre em 2010, quando iniciou as constantes vindas ao Brasil, na década passada, interrompidas pela pandemia de Covid-19.
Os dois primeiros shows no país, no Rio de Janeiro, lotando o estádio do Maracanã em 1990, tiveram outra pegada. Naquela época, Paul ainda fazia questão de destacar sua carreira solo nas turnês. Nas performances dos últimos anos, ele entrega o que o povo quer: muitas canções dos Beatles, alguns hits incontornáveis de sua carreira depois da separação da banda, e uma ou outra canção mais desconhecida, que a galera considera um bônus.
Além desse repertório matador, com qual ele popularizou nas resenhas sobre os shows a expressão "karaokê gigante" (porque é exatamente isso o que se vê nos estádios), o que mais chama atenção é que Paul transmite uma evidente sensação de que é o cara mais feliz no evento.
Não é apenas uma questão de simpatia, nem o esforço de sempre disparar algumas frases em português para aproximar a sua comunicação com a plateia. As pessoas assistem ao show agradecidas, sabendo que ali está um senhor de 81 anos que é um dos maiores artistas da música na história da humanidade e que se dispõe a tocar e cantar por mais de duas horas e meia para a plateia.
E são tantas canções clássicas, num show com mais de 30 músicas, que o fã sai extasiado. Talvez não consiga nem se lembrar direito de todo o repertório apresentado. O impacto é muito grande. Quando Paul emenda "Get Back" e "Let It Be", por exemplo, é pura covardia.
A plateia está tão entregue que ele pode até arriscar músicas menos conhecidas do Wings, o grupo que ele comandou na primeira década pós-Beatles. Mas o público enlouquece mesmo com pesos-pesados dessa banda, como "Jet", "Band on the Run" ou "Live and Let Die", essa com os já tradicionais fogos estourando no palco e acima dele.
Sua banda fiel de agora está a cada temporada mais entrosada. O repertório flui fácil e é emocionante. Para reforçar essa carga de sentimentos, Paul passa nas introduções das canções suas homenagens a John e George e a sua mulher. Repetitivo? Não, soa verdadeiro, o público adora.
O final da primeira parte do show é inapelável. Tem, na sequência, "Something", "Ob-La-Di, Ob-La-Da", "Band on the Run", "Get Back", "Let It Be", "Live and Let Die" e "Hey Jude", que deixa as cerca de 48 mil pessoas na audiência roucas de tanto "na na na".
O público tem pouco tempo de recuperação para o longo bis com músicas dos Beatles, que inclui "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", "Helter Skelter" e, fechando, "The End".
Os fãs vão para casa felizes da vida e pensando se Paul vai ter vitalidade para outra vinda ao Brasil. Difícil dizer, mas oitentões como ele, Mick Jagger, Keith Richards, Roger Waters, Caetano Veloso e Ney Matogrosso seguem derrubando paradigmas. Quem sabe?
De certo, mais duas datas em São Paulo, neste fim de semana, um show em Curitiba (13) e o derradeiro no Rio de Janeiro (16).
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