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Rainha do carimbó, Dona Onete 'bombou' aos 72 anos: 'Não abaixei a cabeça'

De Splash, em São Paulo

13/12/2023 04h00

Dona Onete, 84, "rainha do carimbó chamegado", é uma das homenageadas do WME Awards, evento que desde 2017 premia as mulheres da música e será transmitido por Splash na quinta (14), às 21h.

Celebração em vida

A cantora paraense diz querer ser celebrada em vida. "Eu quero eu agradecer, dar um sorriso, um abraço na pessoa. Depois que a gente morre, quem fica pega o diploma", afirma ela em entrevista a Splash.

Homenagem terá shows com Fafá de Belém, Daniela Mercury e Aíla. Segundo Onete, as mulheres que estarão no WME Awards Powered By Billboard! com ela fazem parte de sua história. Fafá é sua conterrânea e elas já dividiram o palco algumas vezes. Mercury e Aíla regravaram músicas suas. Dona Onete ainda elogiou o legado de Rita Lee, a outra homenageada da noite: "Foi uma mulher que revolucionou. Ela era sucesso mesmo."

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Carreira

Em setembro, a obra de Dona Onete foi declarada patrimônio cultural imaterial do Pará. O deputado que propôs o projeto alegou a necessidade de romper a tradição do gênero de só reconhecer homens e ainda frisou a importância da musicista Ionete da Silveira Gama ao abordar a sedução e a vida sexual dos idosos em suas músicas, quebrando o tabu. "É uma poética encharcada de nosso imaginário, de nossas crenças e de um modo de ser do paraense: irreverente, sincrético, dançante e apaixonado por seu lugar", disse a secretária de Cultura Ursula Vidal na ocasião da homenagem.

Dona Onete gravou seu primeiro disco com 72 anos, quando já tinha centenas de músicas escritas. O começo foi aos 62, no grupo de rock Coletivo Rádio Cipó. Os integrantes se surpreenderam ao ouvi-la cantar na vizinhança e convidaram-na para se apresentar com eles. Depois, Onete passou a fazer shows com uma banda própria. Agora, 12 anos depois, se prepara para lançar o quarto álbum.

A rainha do carimbó fez filme e tocou na França e na Alemanha. Em 2011, Dona Onete interpretou uma cantora de carimbó no filme "Eu Receberia as Piores Notícias de Seus Lindos Lábios", estrelado por Camila Pitanga e Gustavo Machado. Depois, emplacou a faixa "Boto Namorador" na trilha sonora da novela global "A Força do Querer" (TV Globo). Onete fez várias turnês europeias e se apresentou na BBC de Londres. Roda todo o país e, em 2019, celebra a música do Pará no Rock in Rio ao lado de conterrâneos, como Fafá de Belém e Gaby Amarantos.

A paraense deixou o primeiro marido, que não apoiava sua carreira profissional. Casada desde os 17, conta que se amparou no trabalho, "não abaixou a cabeça" e decidiu colocar fim no casamento de 25 anos. Antes de ser cantora, Dona Onete foi professora e sindicalista. Ela lecionava história e estudos paraenses, deu aula para o pai de Gaby Amarantos e foi secretária de Cultura de Igarapé-Miri, cidade a 145 km de Belém que se denomina a capital do Açaí. Onete gostava de cantar desde criança: "Comecei a cantar para os botos", ela diz.

Cada vez que eu dizia: 'Olha, está aqui o diploma do que eu fiz', ele [ex-marido] dizia: 'Ah, mais um de 'burridade''. Não sei se o burro era ele ou eu, que fiquei no casamento todo aquele tempo. Mas eu não abaixei a cabeça, fui estudando, navegando em várias vertentes, até chegar onde eu cheguei.

[Na infância], eu não tinha o que fazer, não tinha pra onde ir. Ou eu pegava uma canoa no rio, mexendo com flores da casa dos outros, o que dava uma confusão, ou eu cantava para o boto. Comecei a cantar para os botos. [...] De dois passou pra quatro, de quatro pra mais de dez. Aí minha tia mandou me benzer porque o boto podia me levar. [...] Eu só ia cantar, me sentia feliz cantando. Coisa de criança.

Eu tenho a impressão de que cheguei quase ao ponto em que queria chegar. Se falta alguma coisa, falta muito pouco do que eu queria mostrar do nosso Pará, mas ainda tem muita coisa. [...] Mas é muito bom a gente ir se inteirando, se empoderando, ajudando, fazendo alguma coisa sem machucar ninguém, mostrando a sua cidade, que muitas vezes não é reconhecida.

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