Maria Casadevall lembra quando revelou ser lésbica: 'Pulsava dentro de mim'

Discreta em relação à vida pessoal, a atriz Maria Casadevall, 36, comemora poder ser e falar abertamente sobre quem é: uma mulher lésbica. No ar em "Rio Connection" (Globoplay), a atriz fala a Splash sobre a importância de ter revelado publicamente sua orientação sexual em 2020.

Identidade

Ela afirma que não considera ter "saído do armário" ao revelar ser uma mulher lésbica em 2020, mas sabe que é importante reconhecer que houve uma virada de chave. Antes, existia uma "influência da heteronormatividade compulsória" que fazia a atriz não perceber que suas relações com mulheres tinham "raízes mais profundas".

Era alguma coisa que pulsava dentro de mim. Acho que a partir de 2020, eu começo também a entender que preciso olhar pra esses lugares que eu estava achando que eram exceções dentro da minha vida amorosa, afetiva e relacional.
Maria Casadevall

Afirmar-se como uma mulher lésbica para o mundo também foi uma posição política. A decisão foi muito além de reconhecer suas relações sexuais e afetivas, garante ela, que reconfigurou todo o entendimento sobre si própria, sobre o coletivo e o seu fazer artístico.

Está tudo ligado. Não existe 'essa é a minha vida afetiva, essa é a minha vida profissional'. A gente se reconhece e a gente vai se tornando mulher, como já bem dizia Simone de Beauvoir. Você se entende como um corpo mulher, um corpo mulher cis, um corpo mulher cis lésbica... Tudo isso vai atravessando as suas formas de ver o mundo e de criar dentro dele.
Maria Casadevall

A atriz analisa que a história é marcada por avanços e recuos no campo social, incluindo o que diz respeito aos direitos das pessoas LGBTQIA+. Se os anos 70 foram marcados pela liberdade do "amor livre", logo depois, a sociedade enfrentou "uma onda conservadora". Desde os anos 2000, ela enxerga "um levante feminista, da bandeira LGBTQIA+ e das pessoas trans".

[É bom] A gente ter conhecimento sobre os outros levantes que já aconteceram para compreender o momento histórico que a gente se encontra. A gente está, nesse momento, passando por esse aprofundamento das revoluções. Que isso possa criar condições reais, institucionais, políticas, históricas para que, cada vez mais, a gente possa se afirmar e reafirmar nosso sexo, gênero e diferentes tipos de afirmação do ser político.
Maria Casadevall

"Rio Connection"

A série, que estreou em novembro no Globoplay, narra a história de três criminosos europeus que desembarcam no Brasil e estabelecem o país como base estratégica da rota do tráfico de heroína para os Estados Unidos. Ambientada nos 70, é uma produção do Globoplay e Floresta com os gringos da Sony.

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É uma série de época, mas que tá tocando em assuntos que são contemporâneos. Naquela época, a gente teve situações como essa [tráfico de drogas] que não foram resolvidas e se desenvolveram na situação contemporânea e real que a gente tem hoje.
Maria Casadevall

Fora do ponto central da série, que envolve máfia e ação, Maria Casadevall acredita que a produção traz o imaginário dos anos 70 como um lugar solar. "Tem uma pitada de comédia. O segredo dessa série é uma mistura de tudo: traz ação, a máfia, questões que são sérias de serem abordadas, mas traz a noite carioca, o canto, o encanto, a arte e o espírito livre e as cores dos anos 70."

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