AVCs, pés escaldados e depressão: os últimos dias da princesa Margaret
O episódio "Ritz" da nova temporada de "The Crown" mostra o declínio da princesa Margaret até sua morte, em 2002. A irmã mais nova e "fiel escudeira" da rainha Elizabeth 2ª enfrentou uma série de problemas antes de morrer aos 71 anos.
Princesa teve pelo menos três AVCs e escaldou os pés
Margaret fumava e bebia muito desde a juventude, o que prejudicou sua saúde. Segundo a imprensa britânica, ela chegou a fumar 60 cigarros por dia e costumava beber muito uísque.
Entre os anos 70 e 80, ela foi diagnosticada com hepatite e gastroenterite, além de ter parte do pulmão retirada por uma suspeita de câncer — o tumor era benigno. Três meses depois da biópsia, a princesa voltou a fumar, diminuindo a quantidade para trinta cigarros por dia. Ao longo da vida, ela também sofreu com enxaquecas, laringite, bronquite e pneumonia.
Entre 1998, a princesa sofreu o primeiro de três derrames. Ela estava em sua casa de férias na ilha de Mustique quando sentiu tontura, dor no peito e dor de cabeça. Ela se recuperou bem, mas ficou com alguns problemas na fala.
No ano seguinte, a princesa escaldou os pés em uma banheira. Segundo o jornal The Telegraph, Margaret não sentiu a temperatura da água por ter síndrome de Raynaud, que afeta a circulação e diminui a sensibilidade em algumas partes do corpo. Os ferimentos foram tão graves que Margaret passou a usar cadeira de rodas para se locomover e apareceu cada vez menos em público.
Entre 2001 e 2002, a princesa sofreu pelo menos mais dois derrames — o último aconteceu um dia antes de sua morte. O derrame de 2001 fez com que Margaret perdesse os movimentos do lado do esquerdo do corpo e parte da visão. Sua última aparição pública foi em dezembro de 2001, no aniversário de 100 anos de uma tia. Dois dias antes de morrer, Margaret foi ao aniversário do neto com um balão de hélio amarrado à cadeira de rodas. Ela morreu no dia 9 de fevereiro de 2002 em razão de complicações cardíacas causadas pelo terceiro AVC. Ao seu lado estavam os filhos, Lady Sarah Chatto e Lord Linley.
Ela estava triste. Houve momentos em que ela expressou essa tristeza. Ali estava uma mulher que ansiava por amor e compromisso, que foi proibida de viver o amor de sua vida, e havia uma tristeza profunda e humana nisso. Eu conversei com ela, fiz uma oração, a unção. Ela morreu pouco depois tempo disso. Foi uma situação amável e comovente. George Carey, ex-Arcebisbo de Canterbury, no documentário "The Real Crown: Inside the House of Windsor"
Saúde mental
Antes de todos os problemas de saúde, Margaret já havia lutado contra uma depressão e negou boatos de uma tentativa de suicídio. Em 1974, em meio ao conturbado fim do casamento com Lord Snowdon, Margaret tomou vários remédios para dormir em Mustique, o que foi divulgado na imprensa como uma suposta tentativa de suicídio e preocupou as pessoas próximas. "Eu estava tão exausta de tudo que só queria dormir. Foi o que fiz até a tarde seguinte", disse, segundo o jornal The Telegraph. Na época, ela foi tratada por um psiquiatra que cuidava de celebridades e famosos.
No início dos anos 2000, a princesa ficou muito deprimida diante dos problemas de saúde que enfrentava, segundo relatos. Margaret "perdeu a alegria de viver" com a perda da independência, segundo a amiga Anne Glenconner. A venda de sua casa de veraneio em Mustique só piorou sua tristeza. Ela se recusava a ver os amigos, sobretudo os homens, e se tornou "uma figura patética e isolada que raramente aparecia", segundo o livro "Os Arquivos do Palácio" (Companhia das Letras).
A princesa deixou instruções detalhadas para o seu funeral e, quebrando a tradição real, foi cremada. Apesar de não ser a explicação oficial, a imprensa britânica diz que não havia espaço para Margaret ser enterrada onde queria, ao lado do pai, na Capela Memorial Rei Jorge 6º, no Castelo de Windsor. Por isso, ela quis ser cremada para poder descansar ao lado do rei. É lá que hoje estão enterradas também a Rainha-Mãe e a rainha Elizabeth 2ª.
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