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'Tive convicção que ganharia': a saga da vencedora de R$ 1 milhão no Huck

Jullie Dutra usará o prêmio para realizar o sonho de se tornar diplomata Imagem: Globo

De Splash, em São Paulo

17/12/2023 04h00

Jullie Dutra, 38, parou o Brasil no último final de semana ao se tornar a primeira vencedora do quadro Quem Quer Ser um Milionário, no programa Domingão com Huck (Globo). A jornalista pernambucana acertou 15 perguntas e embolsou o prêmio de R$ 1 milhão.

"Nunca tive medo"

Jullie Dutra decidiu se inscrever no quadro Quem Quer Ser um Milionário, em 2021, após um professor desistir da pergunta do milhão por não saber a origem do nome Bluetooth.

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Um ano depois, a jornalista foi chamada para participar da seletiva do quadro, mas não conseguiu avançar para a fase de sentar na cadeira frente a frente com Luciano Huck. Quis o destino que a produção do Domingão com Huck convidasse os mesmos participantes para uma nova etapa em 2023.

"O nervosismo é de quem está no Pense Rápido (etapa pré-programa ao vivo), porque você tem 15 segundos para elaborar e são ordenamentos fáceis, mas dentro de um ambiente de pressão tem um tempo e precisa fazer mais rápido, sabe? É mais difícil. Quando você senta na cadeira, a sensação é de: "Ufa, Graças a Deus, consegui". Ali é com Deus e a sorte", conta ela, em entrevista exclusiva a Splash.

Diante das câmeras e Luciano Huck, Jullie Dutra não teve dúvidas em confiar em suas estratégias e conteúdo. "Sabia que na hora que eu conseguir sentar na cadeira, eu ia conduzir bem minhas estratégias e fazer um bom jogo, baseado também muito no meu conhecimento", pontua.

Sempre tive a convicção que eu ganharia R$ 1 milhão, mas digamos que eu poderia até não chegar a um milhão, mas eu sabia que, de certeza, eu faria um bom jogo.
Jullie Dutra

A jornalista detalha ter tido frieza para entender o ambiente do programa. "Sabia que eu não poderia fazer um jogo e não citar o autismo [da filha], citar o empoderamento feminino. Eu também joguei com as pautas que advogo, que dialogam também com as minorias que eu represento... Foi um jogo em que eu pensei nos argumentos que eu iria usar, estudei como eu iria utilizar as estratégias", conta.

Não fiquei nervosa, fiz um jogo muito tranquilo. Acho que se o Luciano Huck não tivesse dito que eu estaria a uma pergunta do milhão, eu estaria até agora conversando com ele. Me senti muito segura.
Jullie Dutra

E a pergunta do milhão?

Jullie Dutra, no entanto, não esconde que a chegada nas últimas perguntas teve trabalho para controlar o lado emocional. "Quando chega na pergunta de meio milhão, eu já começo: 'Cara, o que é isso?', porque eu tinha que acertar, se errasse eu voltaria com R$ 5 mil. Como eu não tinha cravado o porto seguro em canto nenhum, o último porto seguro era R$ 500 mil. Cheguei com três ajudas e tinha que cravar o porto seguro de todo jeito. Não poderia errar aquela pergunta", destaca.

Obviamente que cheguei na pergunta do milhão visivelmente nervosa, mas não era um nervosismo de acertar ou de perder. Se errasse, eu sairia com o que eu tinha conquistado, os R$ 500 mil. Era aquele nervosismo de a gente quer acertar, mas não tinha aquela sensação: "ah, eu vou perder". Não, eu não ia perder nada ali, sabe? Eu só tinha a ganhar.
Jullie Dutra

A pergunta do milhão era sobre o número da camisa usada por Pelé na conquista brasileira na Copa de 1958. Com a memória afetiva do Rei do futebol com o número 10 na camisa, ela temia que a questão, que foi uma homenagem a um ano de sua morte, fosse uma pegadinha, mas confiou em seu conhecimento e conseguiu confirmar a informação ao ligar para a amiga Nerfetite Amanajás, que mora em Belém, no Pará.

Quando caiu a pergunta, eu disse "não, está muito fácil. Tem alguma pegadinha". A gente já viu outros jogos que tinham pegadinhas. Não pode ser 10, porque era a camisa que ele sempre usou e eu não me lembrava de outra, mas pode ser que ele tenha melado a camisa naquele dia para estar perguntando uma coisa assim... Marquei a 10, a minha amiga confirmou, mas marquei com medo.
Jullie Dutra

A jornalista não esconde que ficou em choque ao ouvir que havia se tornar a primeira vencedora do Quem Quer Ser um Milionário. "Fiquei em choque. Era outra pessoa ali. A ficha demorou pra cair. Eu me tremia toda. A reação do público foi muito carinhosa comigo, sabe? Eu via que todo mundo estava torcendo, tinha gente que estava chorando e eu não conseguia entender naquele momento. Hoje eu consigo entender que é porque sou uma pessoa real", celebra.

Com o prêmio de R$ 1 milhão, Jullie Dutra pretende comprar uma casa para Carmelita, sua mãe de coração, e investir nos estudos para se tornar diplomata. Os cursos preparatórios para o concurso chegam a custar R$ 3 mil por disciplina. "O milhão já é o sinal que eu vou ser diplomata", destaca.

Quem é Jullie Dutra?

Nascida em Limoeiro e criada em João Alfredo, ambas as cidades em Pernambuco, Jullie Dutra iniciou a vida acadêmica em medicina na Bolívia e se transferiu para Cuba após ganhar uma bolsa de estudos. Ela, porém, entendeu que a área da saúde não era a sua praia e voltou ao Brasil para cursar jornalismo.

Apaixonada pelos estudos, Julie não se contentou somente com a graduação e passou a entrar em vários cursos da área de comunicação até chegar ao projeto Repórter do Futuro, da Abraji. Com a oportunidade, a estudante realizou o sonho de ir ao Haiti e o networking a fez ter um projeto aprovado pela ONU para a produção de um livro-reportagem.

Em 2012, Jullie ganhou uma bolsa para cursar jornalismo investigativo na Universidade Rey Juan Carlos, na Espanha. Ela, no entanto, largou tudo para ficar no Brasil após a mãe sofrer um AVC.

Em meio a perda da matriarca, a jornalista sofreu com depressão e viu projetos não fluírem, mas deu a volta por cima e abriu uma agência de marketing digital e fez pós-graduação em direitos humanos.

Atualmente, ela divide o seu tempo entre os estudos para se tornar uma diplomata no Itamaraty, atua em seu negócio e cuida da filha Maria Helena, de 3, diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista.

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