Amor, funk e rabanada: filme da Globo traz 'Ritmo de Natal' bem brasileiro
O filme "Ritmo de Natal", que chega à tela da Globo hoje, às 22h30, traz Taís Araujo e Clara Moneke em um filme de Natal bem brasileiro. Em entrevista a Splash, os criadores do longa, Juan Jullian e Leonardo Lanna, dão detalhes do projeto — que já está disponível no Globoplay.
Bem brasileiro
O filme conta a história de amor entre Mileny (Clara Moneke), uma cantora de funk, e Dante (Isacque Lopes), um violinista clássico, que decidem passar o Natal juntos, mas veem que seus mundos tão diferentes podem trazer barreiras para o romance. Mileny decide passar o Natal a só com seu amor, mas vai ter todos os seus planos destruídos com o súbito aparecimento de sua família e de sua conservadora sogra, de universos e personalidades muito diferentes. Mileny é filha de Soraya (Vilma Melo) e MC Barbatana (Paulo Tiefenthaler), um dos casais mais populares da velha guarda do funk carioca, e Dante, de Inês (Taís Araujo), uma pianista consagrada.
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O filme é puro suco do Rio de Janeiro, com direito a hit autoral cantado por Clara Moneke e uma mulher fruta, interpretada pela Vilma Melo. "Sentada Mortal é o hit do verão. A Clara [Moneke] arrasou... E a Mulher Damasco é a primeira mulher fruta do mundo."
A ideia vem do desejo de contar uma história de Natal dinâmica, que seja genuinamente brasileira, que tenha protagonismo preto, com personagens que a gente não está acostumado a ver nesse contexto. É uma releitura pop-funk de Romeo e Julieta no Brasil, mais especificamente, no Rio de Janeiro.
Juan Jullian
A gente mistura as simbologias que vem lá de fora -- Papai Noel, neve, pinheiros, trenós e renas -- com o que a gente sabe fazer melhor, que é música, comida e a nossa alegria. Você vai ver rabanada no filme, macarronese, funk, família reunida em casa, no calor. A gente está em pleno verão. A gente trouxe esse jeito brasileiro de fazer Natal que a gente vê pouco na tela. Tem uma piadinha que eu amo, bem sutil, mas tão brasileiro, o fato de se arrumar inteiro para ficar na sala.
Leonardo Lanna
Diversidade
Apesar de ser diferente de produções gringas, o filme não se furta de trabalhar mensagens universais encontradas em filmes de Natal, como família, amizade, afeto e fé. Além disso, reforça o apelo pela pluralidade de formas de viver.
O filme exalta a diversidade das pessoas pretas a partir da complexidade de duas realidades distintas: o funk e a música clássica. Os criadores queriam fugir dos estereótipos ligados aos corpos negros no cinema, como "o melhor amigo do protagonista, o velho sábio, a personagem preta que é sempre a empregada doméstica", elenca Juan.
No elenco, diferentes gerações de artistas pretos: nomes já consolidados, como Taís Araújo e Vilma Melo, e outros em ascensão, como Clara Moneke e Isaac Lopes. Paulo Tiefenthaler, Teca Pereira, Guthierry Sotero e Nina Tomsic completam o time.
A gente queria múltiplas pretitudes. O fato de a gente ter uma família como a representada pela Taís Araújo, que vem da música clássica e valoriza saberes mais eurocêntricos, e ter outra, como a da Clara Moneke e da Vilma Mello, que celebra uma cultura mais popular e o funk, é bem representativo desse nosso desejo de ver personagens pretos em todos os lugares.
Juan Jullian
A metáfora do Romeu e Julieta acontece porque são duas famílias que não se dariam normalmente. São culturas diferentes. Um romance que seria improvável acaba mostrando que o importante é realmente o amor. Mesmo que essas famílias, a princípio, não se deem bem, o amor deles vai ter que prevalecer e sobreviver a isso. A gente trouxe o imaginário do 'amor proibido', mas, no final, acaba dando tudo certo.
Leonardo Lanna