Mauricio de Sousa passa trajetória a limpo e reflete sobre tempo e finitude

Mauricio de Sousa, 88, construiu um dos universos infantis mais importantes do entretenimento contando histórias que "nunca" terminam mal, seja qual for o percurso narrativo necessário para isso.

Em entrevista exclusiva para Splash, o artista passa a própria história a limpo, reflete sobre o tempo e a finitude da própria vida. Tudo com o otimismo que sempre faz questão de transparecer.

A gente está aqui para se divertir, para falar de coisas agradáveis. As nossas histórias terminam bem, sim. Como eu espero que termine a minha história. Penso muito pouco [sobre isso]. Praticamente não penso sobre isso. Porque, como eu falei, eu espero sempre bons finais. Então, o meu bom final está me esperando. Mauricio de Sousa, cartunista brasileiro

O desenhista defende ainda a importância das relações e, também, um certo cuidado com o corpo ao longo da vida. "Você tem que ter alguns cuidados, até mesmo físicos. Com o corpo e com os cuidados sociais. Você tem que continuar com a vida social, famílias, amigos, como o pessoal que trabalha comigo e até com os desconhecidos."

Carreira, trabalho e família

Maurício de Sousa abraça o neto Martin em viagem a Gramado (RS)
Maurício de Sousa abraça o neto Martin em viagem a Gramado (RS) Imagem: Anna Alves/@annaafotografa/Divulgação

O cartunista, que no início da carreira escutou de um diretor de jornal que não levava jeito para desenho, fez da crítica um dos combustíveis para seguir em frente. Ele conquistou diversas gerações com os personagens da Turma da Mônica.

Ele, aliás, diz que o segredo para continuar dialogando com novas gerações está justamente na capacidade de observar tudo o que acontece em volta. "Observei, juntei tudo, transformei lá a técnica de história em quadrinhos, e isso é eterno. Essas histórias, filmes, músicas e tudo mais vieram do que conheci, assimilei e transferi para o público nosso. Eu vivo o que eu vivi."

E foi a partir da observação de integrantes da própria família, a título de exemplo, que ele criou personagens como Mônica, Magali, Marina e Nimbus. Falando em família, ele acha uma facilidade trabalhar com eles na Mauricio de Sousa Produções.

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É uma facilidade, porque você conhece bem a família, cada um dos familiares, e daí a conversa soa com conhecimento de causa. Então é gostoso, porque, graças a isso, a proximidade da família, dos filhos, principalmente quando crianças ajudaram a criar os personagens. Mauricio de Sousa

Mauricio de Sousa não para. Ele vai quase todos os dias ao estúdio para acompanhar de perto o trabalho da equipe. "Acompanhando mesmo. Olhando, vendo aqui e ali, uma capa, uma ilustração. Eu dou a minha sugestão. Estou participando totalmente das revistas, dos livros, dos desenhos animados. Adoro ter essa atividade."

O olhar para o próprio cotidiano continua apurado. O cartunista não esconde o desejo de transformar o neto Martin, filho de Marina Takeda de Sousa e de Rafael Cameron, em um personagem da turma.

Estou com um pequeno problema no Martin. Ele está evoluindo na criatividade cada vez mais, e alterando sempre com surpresas e, logicamente, com uma esperteza que não tenho visto. Que me desculpem os outros filhos, os filhos todos, mas o Martin veio com tudo. Então estamos aguardando que o personagem se firme para a gente, de alguma maneira, abrir mais a Turma da Mônica com mais um personagem. Mauricio de Sousa

*Repórter de Splash viajou a Gramado (RS) a convite da Vila da Mônica Gramado e da Mauricio de Sousa Produções.

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