De volta em 'Berlim', atriz de 'La Casa de Papel' apoiou grupo separatista
Itziar Ituño, 49, atriz de "La Casa de Papel", retorna com a personagem Raquel Murillo para "Berlim", spin-off da série de sucesso internacional. Ela causou polêmica na Espanha após apoiar um grupo separatista.
O que aconteceu
Ituño apareceu em vídeo no qual defende presos do grupo separatista ETA (Euskadi Pátria e Liberdade) em 2016. A organização pertencia ao País Basco, território localizado entre França e Espanha.
Atriz protestou contra a dispersão dos presos que pertenciam ao grupo separatista. Os vídeos circularam nas redes sociais entre 2016 e 2017. Em uma das imagens, gravadas durante evento realizado em Bilbao, a artista se emocionou.
Queremos recordar aqueles que não estão com a gente. Alguns porque se foram para sempre. Outros porque estão longe daqui, a mais de mil quilômetros. Para eles, o meu mais caloroso abraço. Principalmente para os que estão sofrendo com as doenças. É o caso de um amigo meu. Txus, a sua semente floresceu. Mantenha o seu espírito, estamos com você e queremos você voltando para casa.
Itziar Ituño
Após circulação dos vídeos, atriz foi criticada quando "La Casa de Papel" foi ao ar pela primeira vez. A série foi lançada pela emissora espanhola Antena 3, em 2017. Em entrevista ao jornal argentino La Nación, em 2018, a atriz lembrou que a hashtag #BoicotALaCasadePapel foi um dos assuntos comentados no Twitter dias antes da exibição do primeiro episódio.
Itziar Ituño nasceu e continua morando em Bilbao, principal cidade da região, mesmo após o sucesso mundial de "La Casa de Papel". Ituño mostrou parte de sua rotina no local em um trecho do documentário "La Casa de Papel: De Tóquio a Berlim", lançado pela Netflix em 2021.
'Algo muito grave'
Atriz afirmou ter sofrido "boicote político", mas que movimento gerou audiência. "Foi muito difícil. Que nunca mais volte a acontecer porque passei muito mal por tudo isso. Diziam barbaridades nas redes sociais e eu ficava triste. Mas vendo o resultado, aconteceu exatamente o contrário e o movimento nos serviu [...] Foram 4,5 milhões de pessoas assistindo."
Não sei de qual maneira isso vai afetar o meu trabalho. É algo muito grave. Estudei sociologia e me interessa o que acontece na sociedade, mas há pessoas que não entendem isso. Eu defendo os pontos em que eu acredito. Não sou uma militante política, mas tenho opinião e manifesto quando acho necessário.
Itziar Ituño ao La Nación, em 2018
Entenda luta separatista
ETA lutou pela independência do País Basco desde 1959, época em que a Espanha enfrentou uma ditadura liderada por Francisco Franco até 2018, quando deixou de existir oficialmente.
Grupo se tornou conhecido por utilizar métodos violentos. Organização liderou atentados em disputas com o estado espanhol. O ETA comunicou o fim da participação em lutas armadas apenas em 2011.
Foram 955 as vítimas de atentados do ETA ao longo dos 52 anos de atividades armadas. O jornal El País divulgou levantamento da AVT (Associação de Vítimas do Terrorismo) em 2017. Os números variam em análises produzidas por outras instituições da Espanha. O governo basco aponta 837 vítimas.
351 pessoas foram detidas por conta das atividades do ETA. Presos foram espalhados por diferentes prisões na Espanha e na França, segundo levantamento do jornal espanhol Público na mesma época. Prisioneiros sempre eram mantidos em locais distantes de suas famílias, conforme a publicação.