Como 'Minha Irmã e Eu' faz rir e chorar, além de homenagear Paulo Gustavo?

O longa "Minha Irmã e Eu", que estreia oficialmente hoje nos cinemas, marca o encontro de três mulheres que arrastam multidões aos cinemas ou nas redes sociais: Ingrid Guimarães, Tata Werneck e a diretora Susana Garcia ("Minha Mãe é Uma Peça 3").

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Rir e chorar

O filme narra a história de Mirian (Ingrid Guimarães) e Mirelly (Tata Werneck), irmãs que nasceram no interior de Goiás, mas moram em cidades diferentes. Quando a mãe delas desaparece, as duas deixam de lado as diferenças e se unem para procurá-la numa viagem que promete fazer rir e chorar. São aventuras de uma road trip (viagem de longa distância em um carro) divertida e emocionante.

Enquanto Mirian optou por seguir em Rio Verde (GO) e priorizar o casamento — mais que a si própria —, Mirelly se mudou para o Rio de Janeiro e passou a viver uma vida de aparências. Ao longo do filme, Mirian reflete sobre ter negligenciado seus próprios desejos, enquanto Mirelly pondera sobre suas relações familiares.

Quando foi chamada para dirigir o longa, Susana Garcia disse entender que o filme de comédia pedia pitadas de drama, afinal, fala da relação de duas irmãs e da relação delas com a própria mãe. "Se fosse piada do início ao fim, para mim, seria um erro porque fala de família e reconexão familiar", diz Susana.

A diretora ainda conta que a relação com a irmã, a atriz Mônica Martelli, a ajudou a dirigir o longa. "A gente é muito amiga e parceira. Ela me inspirou. Por exemplo, as duas brigam muito [no filme]. Eu falo: 'OK, eu e Mônica, a gente briga e, dez minutos depois, está unida de novo'. É um amor que supera tudo. A minha relação com Mônica me inspirou e o filme me fez pensar sobre o papel da mãe. Os pais envelhecem e tem uma inversão dos papéis".

Ingrid revela que a história é inspirada em detalhes da sua vida e que, pela primeira vez, interpreta uma personagem interiorana. Rio Verde, onde é ambientado o longa, é a cidade natal do pai. "É um resgate familiar".

A Mirian é uma mulher que vi minhas tias sendo. A minha avó era uma pessoa que não assinava um cheque e que nunca trabalhou. Cresci com mulheres que cuidavam muito dos filhos, dos netos, dos filhos dos outros, das casas e tinham orgulho. Minha avó tem 102 anos e a minha tia continuou morando em Goiânia cuidando dela, enquanto a minha mãe se mudou pro Rio.
Ingrid Guimarães

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Homenagem a Paulo Gustavo

O filme ainda emociona ao mostrar as irmãs Mirian e Mirelly assistindo ao filme "Minha Mãe é Uma Peça". Paulo Gustavo, vítima da covid-19 em abril de 2021, aparece como Dona Hermínia, seu personagem de maior sucesso.

Como o projeto tem apoio do Telecine e deveria ter uma incursão de uma imagem televisiva, a equipe pensou diretamente no nome do humorista. Paulo teve trabalhos premiados e elogiados ao lado das amigas, Susana, Ingrid e Tata.

É uma forma de trazê-lo e proteger esse filme. Éramos muito grudado, fazíamos tudo junto. De alguma forma, ele está aqui conosco. Fiquei pensando no que ele acharia se estivesse aqui. Estaria vibrando. Ele era muito generoso. Estaria emocionado de ver um filme tão bacana e com a Dona Hermínia sendo homenageada. Depois de tudo o que aconteceu, foi difícil, mas tem um lado de alegria.
Susana Garcia

Ninguém nunca vai fazer o que ele fez, também não é pretensão de ninguém. O lugar dele na história está lá. Se alguém vai fazer algo perto, essa pessoa não nasceu. Paulo ensinou muito. Quando chegava essa época do ano [Natal], o Paulo fazia filme sobre amor, levava as famílias ao cinema para rirem. Pela história dele, trazia uma história importante.
Tata Werneck

Susana Garcia, Ingrid Guimarães e Tata Werneck nos bastidores de 'Minha Irmã e Eu'
Susana Garcia, Ingrid Guimarães e Tata Werneck nos bastidores de 'Minha Irmã e Eu' Imagem: Divulgação/Ellen Soares
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Protagonismo feminino

Unir as agendas de Tata Werneck e Ingrid Guimarães não foi fácil, quase "uma tabela de Excel", mas as duas atrizes realizaram o sonho de dividir o set como protagonistas de um mesmo filme. E com a cereja do bolo: direção de Susana Garcia. Três mulheres comandando o filme que promete ser a comédia das férias e carrega a expectativa de retomar bons números de bilheteria do cinema nacional.

Na narrativa, Ingrid ainda dá vida a uma mulher aos 50 que vive uma virada de chave — até se envolve com um cowboy na estrada. "A Miriam representa a mulher que cuida dos outros, mas não olha para si. Cuida dos filhos, da comida, da mãe, do marido, da obra de casa... Amo essa virada da Miriam porque é sobre ela."

Por outro lado, a personagem de Tata reflete sobre a vida de aparências no mundo conectado das redes sociais. "A gente tenta negar um monte de coisas intrínsecas a gente. A Mirelly tenta negar tudo o que ela é. No final das contas, o lugar que ela tentou negar é o que dá colo e conforto."

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