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Tumultos e fotos profissionais: conheça a cultura dos fansites de k-pop

Segurança do grupo BOYNEXTDOOR empurra fã Imagem: Reprodução/Twitter

Camila Monteiro

Colaboração para Splash, em Pelotas (RS)

28/12/2023 12h00

Fãs se amontoando em aeroportos para acompanhar as chegadas e partidas de seus idols preferidos nunca foi novidade, seja no K-pop ou no mundo da música em geral. Infelizmente, essa prática veio piorando e se tornando insuportável tanto para quem está no aeroporto para viajar quanto (e principalmente) para os idols, atacados com câmeras gigantescas e celulares na cara.

Nas últimas semanas tivemos vários casos bem complicados com membros do Seventeen na China (Jun e Minghao) e com o violento vídeo do segurança dos BOYNEXTDOOR empurrando uma fã que estava perseguindo os meninos.

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Depois do ocorrido com os BONEDO, A KOZ, empresa do grupo que faz parte da gigante Hybe, soltou uma nota se desculpando. A discussão dos limites de espaço e força usados pelas empresas entrou em pauta novamente nos fóruns coreanos e com os fãs de K-pop pelo mundo. Violência nunca é a resposta para nada, mas ficou muito claro que é preciso que algo seja feito para que esses tumultos não aconteçam mais.

Os artistas constantemente pedem em lives e fancalls para que os fãs entendam limites e não perturbem espaços públicos pois atrapalha a dinâmica de todo o local. Wonwoo, rapper do Seventeen, apareceu recentemente com as mãos nas orelhas, nitidamente nervoso tentando evitar uma crise de pânico no meio de um mar de fãs na volta.

No entanto, muito da cultura de fãs asiáticos se apoia nos famosos fansites, as "fãs profissionais", que fazem daquilo um negócio; não são fãs apenas por prazer, mas também por dinheiro. Dessa forma, existe todo um investimento financeiro de viajar atrás dos idols, pesquisar voos (às vezes ilegalmente), conseguir lugares bons em shows, o que significa ingressos caros e câmeras gigantescas atrapalhando a visão de quem está ao redor.

Essas fãs que perseguem os idols são chamadas "sasaengs" que significa invasão de privacidade em coreano. São fãs que não entendem o que é espaço privado e pessoal e cujo único objetivo é ter qualquer tipo de contato com seus idols. Criminosos, eles invadem hotéis, se escondem em endereços privados de familiares, perseguem irmãos e pais, tudo para conseguir algo, qualquer coisa que seja, e assim serem notadas.

É válido ressaltar que existem diferenças entre fansites que vão a shows e eventos públicos e sasaengs que ficam 24 horas por dia atrás dos idols. Fansites "legais" são muito cultuados, seguidos por milhares de fãs e até mesmo idols. A cultura de tirar fotos em eventos e shows é essencial para a própria manutenção dos grupos de K-pop.

Os fansites muitas vezes são chamados pelas próprias empresas, pois divulgam de forma gratuita e têm um alcance invejável. Fansites famosos como os do Jimin (BTS), Hyunjin (SKZ) e Karina (aespa) possuem milhões de seguidores e um engajamento enorme no twitter e no Instagram. Muitos fãs novos inclusive confundem fansites com contas oficiais de tão próximas e detalhadas que são as fotografias.

Nos shows, as fãs donas de contas famosas lucram com seu negócio, vendendo fotografias, adesivos, copos e leques. Alguns são tão famosos que criam filas na frente das arenas e estádios, pois a procura é tão alta quanto a do merchandising oficial.

Essa movimentação de fãs produzindo fotos, fankits e eventos são atividades indispensáveis para a manutenção dos fandoms. São esses grupos que criam eventos de aniversários em cafés, juntam quantias enormes de dinheiro para a compra de álbuns e publicidades caras para divulgar seus idols preferidos. Esses eventos se tornaram mundiais, deixando as comunidades de fãs ainda mais próximas.

Portanto, não é um assunto fácil nem simples de ser abordado dentro da indústria. O que sabemos claramente é que limites precisam existir e as empresas têm a obrigação de proteger física e psicologicamente seus artistas. Fancalls abusivas, perseguição em aeroportos e comportamento excessivamente possessivo fazem mal a todos os envolvidos e afastam ainda mais pessoas que gostariam de adentrar no universo incrível do K-pop.

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