'Linda e sexual': por que Ingrid Guimarães lutou por cena caliente em filme

Sucesso de público com a franquia "De Pernas Pro Ar", Ingrid Guimarães voltou aos cinemas com "Minha Irmã e Eu". Aos 51, a atriz diz a Splash que é uma honra ser uma mulher comediante aos 50 anos e estar na frente de grandes filmes e com bons papéis. "Quero incentivar que as mulheres tomem o protagonismo em qualquer idade".

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"Quis cena de sexo"

Ingrid diz que tem como meta de vida tornar mulheres de 40, 50 e 60 anos protagonistas no cinema — e na sociedade também. Ela acredita haver mais espaço nos meios de comunicação para falar de temas ligado a maturidade, como etarismo e menopausa, além de espaço dedicado a mulher que passaram dos 50.

No longa, ela dá a vida a Mirian, uma mulher que vive no interior de Goiás e prioriza o casamento — mais do que a si própria. Ao longo do filme, Mirian reflete sobre ter negligenciado seus próprios desejos, enquanto se reconecta com a irmã, Mirelly (Tata Werneck), em uma viagem para encontrar a mãe desaparecida. "Queria falar sobre essa mulher que se liberta de todos os padrões."

Por isso, ela lutou para que uma cena de sexo entre a personagem e o cowboy vivido por Leandro Lima não caísse do roteiro do filme dirigido por Susana Garcia. Os dois se encontram na estrada e ela se entrega ao desejo pela primeira vez após anos pensando apenas em cuidar dos outros - incluindo o marido.

Diferentemente da personagem, Ingrid sempre correu atrás dos próprios desejos e sonhos. Ela diz ser de uma geração que encara tabus trazidos pelo machismo com mais naturalidade, ainda assim teve que "bater o pé na porta para mudanças de carreira e sair de estereótipos". "Cada vez mais, tento falar desse assunto nas redes sociais para que as grandes mudanças sejam comuns em qualquer idade."

Quis cena de sexo para mostrar lado da mulher que não é só mãe, que é mulher também. Isso tá melhorando com essa grande discussão sobre etarismo. As mulheres de 50 anos estão muito empoderadas, são maduras e já sabem o que querem.

Eu falava: 'Essa cena vai ser um vislumbre da libertação de muitas mulheres. A Susana [Garcia, diretora] com olhar feminino fez uma cena linda e que fosse sexual também. [Tirar] Essa coisa de que você vai envelhecendo e para de ser olhada. A gente queria que fosse uma cena caliente e bonita para que as mulheres também se espelhassem.

Leandro Lima e Ingrid Guimarães em cena de "Minha Irmã e Eu"
Leandro Lima e Ingrid Guimarães em cena de "Minha Irmã e Eu" Imagem: Divulgação/Ellen Soares
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Parceria com Tata

O filme, que estreou na semana passada, narra a história de Mirian (Ingrid Guimarães) e Mirelly (Tata Werneck), irmãs que nasceram no interior de Goiás, mas moram em cidades diferentes. Quando a mãe delas desaparece, as duas deixam de lado as diferenças e se unem para procurá-la numa viagem que promete fazer rir e chorar. São aventuras de uma road trip (viagem de longa distância em um carro) divertida e emocionante.

Quando começaram a planejar o filme em 2019, a ideia era viver irmãs sertanejas, mas o tempo fez as atrizes recalcularem um pouco a rota. Durante cinco anos, elas enfrentaram uma pandemia e lutaram para conciliar as agendas que são "quase uma tabela de Excel". Nesse período, ainda chamaram a diretora Susan Garcia para completar a equipe.

Somos muito diferentes, o que faz da gente uma dupla ótima. Sou super acostumada aos improvisos dela, ao mesmo tempo, ela também me ouve muito na questão do cinema. É uma combinação perfeita, sim. Para uma dupla dar certo, as pessoas têm que ser complementares e opostas.

Susana Garcia, Ingrid Guimarães e Tata Werneck nos bastidores de "Minha Irmã e Eu"
Susana Garcia, Ingrid Guimarães e Tata Werneck nos bastidores de "Minha Irmã e Eu" Imagem: Divulgação/Ellen Soares

Cinema nacional

O filme estreou com mais de mil salas de cinema pelo Brasil e levantou expectativa em torno da bilheteria. Ingrid e Susana são responsáveis por levar milhões de brasileiros aos cinemas, mas nenhum filme nacional conseguiu ultrapassar a marca de 1 milhão de espectadores na era pós-pandemia.

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Para Ingrid, um milhão de espectadores hoje "equivale a muita coisa". Ela reforça a importância da discussão em torno da cota de tela — lei que obriga exibição de um mínimo de obras nacionais no cinema — e fala em resgatar o hábito do brasileiro de ir ao cinema.

A gente passou por uma pandemia e por um governo [Bolsonaro] que esqueceu a cultura. As pessoas acostumaram a ver filme em casa. Não é só o filme ser bom [para as pessoas irem ao cinema]. Primeiro, a gente tem que conquistar a cota de telas, que seja garantido por lei, e depois resgatar o hábito de ir ao cinema.
Ingrid Guimarães

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