Como se cria a voz de um personagem dublado? Adnet explica
Marcelo Adnet é a voz do bode Valentino em "Wish: O Poder dos Desejos", que estreia no dia 4 de janeiro nos cinemas.
Ele diz que tinha uma ideia errada sobre o processo de dublagem. "Eu achava que a gente ficava horas lá até descobrir uma voz, até nascer uma voz a fórceps, uma cesariana artística. Mas não", explica em entrevista a Splash. "Você ouve o original para pegar um cheiro, uma inspiração, uma tinta, uma cor, mas o principal é que essa voz fique numa área de verdade para o dublador, para que eu possa estourar ou rir, ter medo, tudo dentro daquele registro".
É superdelicado achar a voz do personagem, mas eu achava que demorava horas e é um negócio de dez, quinze minutos. Pelo menos comigo foi assim. Marcelo Adnet
Para garantir uma boa dublagem, ele chega a imitar os movimentos dos personagens animados. "Quando tem que cair, você não finge, você se joga para baixo mesmo. Quando toma um soco, alguma coisa... Você faz o movimento corporal junto. Acho que viajar junto com o desenho é muito importante. É uma coisa que só a dublagem tem".
Ele ajudou a adaptar as piadas do filme para o público brasileiro, mas não foi tão simples. "Na dublagem é muito difícil você mudar qualquer coisa, porque o roteiro já está encaixado na boca do desenho. Se eu quiser fazer uma alteração, tenho que fazer uma alteração pelo mesmo número de sílabas. E se a boquinha do personagem faz um 'A' muito claro, tem que ser 'A' como ele fizer. Se ele faz a boca mais genérica, você pode encaixar outra coisa. É uma improvisação muito regrada".
Fã da Disney, Adnet comemora a possibilidade de fazer parte desse universo. "Eu acompanhei a minha vida toda, estive na Disney, curti as atrações de perto também. Agora, como adulto, ainda consumo os produtos e as animações, porque acho que tem muitas que são muito bacanas para os adultos. A gente vê ali muita competência para contar uma história, para criar personagens, para criar arco narrativo, para fazer um humor simples, universal, muito bem feito, sabe? Para mim, é um baita convite. Quando me chamaram, eu disse: óbvio, vamos".
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