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Posts racistas, perda de patrocínios: as acusações do MPF contra Cocielo

De Splash, em São Paulo

04/01/2024 10h25

Júlio Cocielo foi denunciado por supostas postagens racistas que fez nas redes sociais. O Ministério Público Federal foi responsável por pedir a condenação do influenciador pelo crime. Em dezembro, a Justiça acolheu a causa e, agora, ele deve ir a julgamento.

Polêmica começou na Copa de 2018: entenda o caso

As polêmicas de Cocielo com racismo vieram à tona com "piada" sobre o atacante francês Kylian Mbappé. O youtuber publicou no Twitter que o atleta "conseguiria fazer uns arrastões top na praia". O comentário foi feito durante a partida entre França e Argentina pelas oitavas de final da Copa do Mundo de 2018.

Diante da repercussão negativa, o influenciador apagou a mensagem e pediu desculpas. Cocielo divulgou um vídeo chamado "Ignorância"; nele, disse se sentir envergonhado por ter decepcionado sua mãe e agradeceu a quem o ajudou a entender questões como racismo institucional e racismo velado.

Eu fiz um comentário muito zoado, muito mal explicado, e gerou toda essa confusão que você está vendo agora. Eu tentei me referir à velocidade dele (Mbappé), e o comentário foi tão infeliz e mal explicado que acabou ofendendo algumas pessoas."
Júlio Cocielo, em vídeo publicado no YouTube em 2018

Seguidores do influenciador questionaram que ele não teria feito a mesma associação se estivesse se referindo à velocidade de jogadores brancos.

O post fez com que usuários da rede procurassem postagens antigas de Cocielo e encontrassem outras frases. Em uma delas, em dezembro de 2013, ele escreveu: "O Brasil seria mais lindo se não houvesse frescura com piadas racistas. Mas já que é proibido, a única solução é exterminar negros".

O influenciador se disse "envergonhado" pelo que disse na adolescência e disse ter apagado 50 mil posts do Twitter. "Aquele monte de m... que eu falei é muito distante de quem eu sou hoje e do tanto que minha vida evoluiu de repente. O eu de um dia atrás já não é o eu de agora (...). Hoje, eu leio tudo aquilo que postei e me sinto envergonhado. Foram coisas absurdas."

Em meio à polêmica, ele perdeu patrocinadores. Cocielo perdeu a parceria com marcas como Adidas, Itaú e Submarino, que emitiram notas repudiando todo tipo de discriminação.

MPF pede condenação

Denúncia sobre posts polêmicos partiu do Ministério Público de São Paulo e chegou ao MPF apenas em 2022. As alegações finais foram divulgadas em novembro de 2023.

A manifestação do Ministério é a última etapa antes do proferimento da sentença pela Justiça. O órgão listou nove posts feitos entre 2011 a 2018 que se enquadrariam como "racismo recreativo".

O órgão defende que "liberdade de expressão não é absoluta e deve ser exercida em harmonia com outros direitos". "Ainda que o réu seja humorista, não é possível vislumbrar tom cômico, crítica social ou ironia nas mensagens por ele publicadas. Pelo contrário, as mensagens são claras e diretas quanto ao desprezo do réu pela população negra", destacou João Paulo Lordelo, procurador da República responsável pela ação do MPF.

O processo estava em sigilo até dezembro passado, quando a Justiça Federal acolheu um pedido do MPF e tornou pública a tramitação. As informações foram divulgadas no site oficial do Ministério Público.

Splash entrou em contato com a equipe de Júlio Cocielo. A reportagem será atualizada caso o influencer se manifeste sobre o posicionamento do MPF.

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