Isabel Teixeira fala sobre síndrome genética rara: 'Vida mudou para melhor'
Isabel Teixeira, 50, em entrevista ao jornal O Globo:
Reconhecimento trazido pelo personagem "Maria Bruaca", de "Pantanal": [Essa personagem simbolizou] tantas coisas boas. [...] A Maria Bruaca, uma mulher fortíssima, me deu a chance de realizar o que estava pedindo, estabelecer uma comunicação direta com o grande público. A casa cheia, nesse caso, não era cem lugares, e, sim, 70 milhões de pessoas. Recebi incontáveis mensagens de mulheres falando que transformei a vida delas. Mas não fui eu, elas que se viram numa personagem de ficção. Por isso, quanto mais porosa eu for, mais ligada ao meu coração, melhor. Quero fazer novela até morrer".
Isabel já revelou ter feito dois abortos na juventude: "Eu sou a favor do livre arbítrio, da responsabilidade sobre si próprio. Acredito que a educação sexual deste país deva ser estabelecida sem tabu. Precisamos falar sobre esse assunto [...] Esta discussão retrocedeu por causa de crenças. Respeito todas, mas o limite acaba quando começa o do outro".
Uso de drogas: "Minha mãe era uma atriz da década de 1970. A casa estava sempre aberta, tinha festa, alegria e maconha, mas, claro, eu não sabia. Quando sentia um cheiro estranho e descia, lá pelos meus 12 anos, o assunto da conversa mudava imediatamente (risos). Minha relação com drogas foi tranquila. Na juventude, experimentei maconha, tomei ácido uma vez e bebida, que também é droga. Mas sempre tive medo de não voltar. As drogas, principalmente a maconha, não somaram, me tiravam o raciocínio. Quando fumava, viajava, mas não conseguia me manifestar. Depois, não me lembrava de nada. Tentei escrever ébria, mas também não consegui".
Relação com os filhos: "Educo sempre errando (risos) e tenho um supercompanheiro nessa missão, o pai deles e meu ex-marido, o fotógrafo Roberto Setton. Cada um é um. Diego tem 20 anos e estuda Jornalismo nos Estados Unidos. É focado. Flora está com 13. Ela tem energia feminina, e a nossa convivência é muito parecida com a que tive com a minha mãe".
Descoberta de síndrome rara: "Descobri, em 2020, por meio do mapeamento genético, ter uma síndrome chamada Li-Fraumeni (causada pela alteração no gene TP53, que predispõe o desenvolvimento de vários tipos de câncer). Minha mãe também tinha, ela morreu aos 56 anos, vítima de mais de um câncer, e foi tudo muito rápido. Por causa dessa síndrome, fiz a retirada das mamas. Minha vida mudou muito e para melhor. Em um primeiro momento, quando recebi a notícia, tive um tremendo choque. Senti medo. Porém, depois fiquei forte. Parei de fumar e de beber. Passei a correr diariamente por uma hora e a cuidar ainda mais da minha alimentação. Meus exames também estão sempre em dia, faço ressonância do corpo inteiro e do crânio. Então, quando você me pergunta sobre envelhecer, digo: vou entrar na menopausa com noção de vida e de morte. Minha vontade é continuar aqui, com peito, sem peito, com ou sem silicone, mas com alegria. Esse se tornou o meu modus operandi".
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