Milton Cunha conta como foi inaugurar Carnaval argentino: 'Frio e granizo'
Splash, de São Paulo
25/01/2024 04h00
Milton Cunha, 61, conta no Otalab, programa do Canal UOL que começa 2024 com um episódio especial pré-CarnaUOL, como foi a experiência de ajudar a promover o primeiro Carnaval de San Luis, uma pequena cidade argentina que quis importar a festa à moda carioca.
O prefeito encheu as pistas de um autódromo com escolas de samba do Rio de Janeiro e o carnavalesco entrega os perrengues da experiência.
"Não tinha hotel suficiente na cidade e fervia durante cinco dias porque vendia-se a experiência carioca", ele conta. "Levamos uma ala especial de cada escola, 12 do grupo especial e 16 do grupo de acesso".
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A gente ia ladeira abaixo, um frio desgraçado, chovia granizo em cima da gente. Uma loucura, taca-lhe whisky e vai. Transmissão para a Argentina inteira.
Milton Cunha
O Carnaval de San Luis estreou em 2015 e durou sete anos, período em que Milton dividiu com os argentinos a magia da festa brasileira.
"Donos de empresas internacionais nos contratam para entender o mistério [do Carnaval]", ele diz, fazendo referência às milhares de pessoas que se mobilizam para fazer o desfile na Sapucaí sem receber nenhuma forma de pagamento.
"A gente dá palestras sobre como a bandeira do Salgueiro, da Mangueira, da Beija-Flor, da Portela, motivam o amor", conta o carnavalesco.
Sucesso em documentário sobre jogo do bicho e nova geração das escolas:
O carnavalesco também contou como foi participar de "Vale o Escrito - A Guerra do Jogo do Bicho", série documental do Globoplay que mostra os bastidores do jogo do bicho e a relação com o Carnaval carioca. Perguntado se precisou pedir permissão para falar à série, Milton revelou como foi a experiência.
"Fui no Anísio, no Guimarães, e perguntei se podia fazer", contou. "Mas onde é que eu entro nisso? Porque eu só sei de glamour, só sei a loucura, vou falar o que eu vi. Fui falando essas loucuras, mas eu não enxergava onde que encaixava no treco do crime, da luta".
Milton também destacou a relação de carinho que as escolas de samba têm com os grandes nomes do jogo do bicho.
"Como o Estado não entrou nessas comunidades e as abandonou à própria sorte, eles pegaram e construíram as quadras e patrocinaram, então cresceram juntos", afirmou.
As comunidades amam esses homens porque eles nasceram e se criaram lá.
Milton Cunha
Além disso, o carnavalesco comentou como encara a nova geração que vem conduzindo o Carnaval do Rio de Janeiro e se mostrou otimista quanto à continuação da tradição das escolas de samba.
A gente achava que os bicheiros estavam ficando pra trás porque eles não entravam na internet, aí a gente dizia que o Carnaval não está indo para as redes. Eis que cresce essa geração e entra com tudo.
Milton Cunha
"Essa nova geração é mais do marketing, da visibilidade sem perder o respeito à tradição. Então, quer saber? A tradição não é morta, não fica lá no passado, ela se renova a cada vez que você coloca ela para desfilar de novo", afirmou.
Durante o Otalab, Milton também falou sobre como iniciou a carreira no Carnaval e quais seus desfiles favoritos, destacando o desfile da Vila Isabel em 1988, com o enredo "Kizomba - Festa da Raça".
Ele ainda conta sua trajetória, relembra a infância como um menino gay morando em Belém, no Pará, revela como conheceu o marido e como foi enfrentar o jejum de Carnaval durante a pandemia de covid-19.