Anitta cria formato de Carnaval que é só dela com seus Ensaios
No Carnaval de Anitta, cabe de tudo. Pagodão, pop, trap, sofrência, axé, brega. E funk, claro. Foi o que a cantora mostrou em cinco horas de show nesta quinta-feira (25), no Memorial da América Latina, em São Paulo.
O evento é parte da série Ensaios da Anitta, que já passou por Salvador, Florianópolis, Brasília, Fortaleza, Recife e Rio de Janeiro. As últimas datas serão em Belo Horizonte (amanhã), Vitória (domingo), Curitiba (3/2) e São Paulo (4/2). No Carnaval em si, Anitta fará duas apresentações: em Salvador (em 9/2) e no Rio (17/2).
O formato dos Ensaios é um achado. A cantora divide a apresentação em blocos em que canta hits seus e de outros artistas. Os blocos são divididos por pequenas participações de convidados. Em São Paulo, foram Luísa Sonza, Claudia Leitte, Manu Bahtidão e os trappers WIU e Teto.
Em outras cidades, participaram ou vão participar nomes como Marina Sena, Djonga, Pabllo Vittar, Lauana Prado, MC Daniel e Ivete Sangalo, entre outros.
A lista de convidados dos Ensaios parece um balcão de restaurante por quilo, em que estão lado a lado bife à parmegiana, sushi de salmão, feijoada e guacamole. Com fome, você coloca tudo no prato - e, incrível, a digestão desce suavemente.
Essa mistura faz todo o sentido dentro de um evento de Anitta. Porque ela foi uma das primeiras grandes artistas brasileiras que entenderam que a música mudou, que as novas gerações não se prendem a gêneros. E que, em um ecossistema movido a streaming e playlists, em que é preciso gerar milhões de audições de suas faixas para ganhar um dinheiro bom, é fundamental ter o nome creditado no maior número possível de composições.
Esperta, Anitta sabe disso, e não é à toa que já dividiu canções com artistas como Jão, J Balvin, Simone & Simaria, Silva, Matheus & Kauan e Harmonia do Samba, para ficar apenas em alguns.
Assim, o formato do Ensaios é até natural. As 12 mil pessoas que lotaram o Memorial dançavam e cantavam tudo o que ouviam, não importa se era um funk malicioso, um axé tradicional ou uma balada sobre um amor perdido.
Anitta subiu ao palco (quadrangular, fincado no meio do espaço) às 17h22. Desfiou com um traje brilhante, em homenagem à escola de samba Gaviões da Fiel. Abriu com a festeira "Combatchy", parceria com Luísa Sonza e Lexa.
O funk continuou dando o ritmo, com "Modo Turbo", "Avisa Lá", "Envolver" (versão em espanhol) e "Bellakeo", ótima faixa em que a brasileira divide os vocais com Peso Pluma, rapper mexicano de 24 anos que está entre os artistas mais ouvidos do planeta.
Então Anitta decidiu seguir por um caminho mais romântico, com "Some que Ela Vem Atrás" (parceria com Marília Mendonça) e "Você Partiu Meu Coração" (Nego do Borel).
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Quero receberO sertanejo pop veio com "Romance com Safadeza" (parceria com Wesley Safadão) e "Ela Não Vale Nada" (com Maiara & Maraisa). O primeiro bloco foi encerrado com o hit "Contatinho" (com Léo Santana).
"Fico aqui cantando por cinco horas. Faço valer cada real", ela diz ao microfone. Faz valer também o investimento dos patrocinadores dos Ensaios: nas cinco horas de shows, Anitta cita o nome de todas as marcas que colocaram grana no evento.
A primeira convidada a subir ao palco é Luísa Sonza. Canta um punhado de músicas, como "A Dona Aranha" e "Campo de Morango". No bloco seguinte, Anitta apresenta "Mil Veces" (em espanhol), "Used to Be" (inglês), "Joga pra Lua" e as lentas "Cobertor" e "Zen", antes de uma versão de "Bola de Sabão", antigo sucesso do Babado Novo (grupo que era liderado por Claudia Leitte) que abriu uma sessão de hits do Carnaval de Salvador ("Flor do Reggae", "Céu da Boca", "Cria da Ivete" e "A Galera", todas de Ivete Sangalo).
Claudia Leitte foi a segunda convidada a aparecer. Tanto ela como Manu Bahtidão (alagoana que considera o Pará a sua verdadeira casa e faz um melody que encontra as tradições do brega paraense) e os trappers WIU e Teto fazem performances competentes, mas são coadjuvantes. O protagonismo é de Anitta.
A mistura rítmica conduz o show. Anitta canta "Pilantra" (parceria com Jão), volta a fazer versões de várias faixas de Ivete Sangalo ("Cadê Dalila", "O Mundo Vai", "Só Love na Cabeça"), namora o rap ("Tá com o Papato", "Tudo Nosso") e abre espaço até para uma versão meio axé de "Vai Malandra".
A parte final é dedicada exclusivamente ao funk. É o ponto alto da noite, em que a cantora enfileira "Movimento da Sanfoninha", "Onda Diferente", "Favela Chegou", "No Chão Novinha", "Rave de Favela", "Faking Love", "Show das Poderosas" e "Boys Don't Cry".
Depois de cinco horas, das quais esteve fora do palco por apenas alguns minutos, Anitta se despede. Criou um formato de Carnaval que é só dela, costurando tanta coisa diferente. Se a carne dos Novos Baianos é de Carnaval, a de Anitta é de funk. Mas funk, para ela, é Carnaval.
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