'Dormi psicólogo e acordei carnavalesco', diz Milton Cunha sobre carreira
De Splash, em São Paulo
28/01/2024 04h00
O carnavalesco e comentarista Milton Cunha, 61, contou no Otalab, programa do Canal UOL, como foi o momento em que entendeu que deveria investir no Carnaval como uma carreira.
Ele se mudou para o Rio de Janeiro em 1982, aos 19 anos, com o sonho de trabalhar com arte. "Eu vim para o Rio para ser diretor de ópera, balé, circo... Formado em psicologia, peguei o diploma, porque se eu fosse preso iria ter cela especial", contou.
Apesar de já ter se encantando pelas escolas de samba desde que chegou à cidade, Milton contou que só dez anos depois entendeu que seu caminho estava atrelado ao Carnaval. O incentivo para se tornar carnavalesco partiu do bicheiro Anísio Abraão.
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"Aí eu dormi psicólogo e acordei carnavalesco da Beija-Flor. Eu estava com sorte, mas estava preparadíssimo. Então quando o bonde passou, eu me joguei", contou.
Sucesso em documentário sobre jogo do bicho e nova geração das escolas:
O carnavalesco também contou como foi participar de "Vale o Escrito - A Guerra do Jogo do Bicho", série documental do Globoplay que mostra os bastidores do jogo do bicho e a relação com o Carnaval carioca. Perguntado se precisou pedir permissão para falar à série, Milton revelou como foi a experiência.
"Fui no Anísio, no Guimarães, e perguntei se podia fazer", contou. "Mas onde é que eu entro nisso? Porque eu só sei de glamour, só sei a loucura, vou falar o que eu vi. Fui falando essas loucuras, mas eu não enxergava onde que encaixava no treco do crime, da luta".
Milton também destacou a relação de carinho que as escolas de samba têm com os grandes nomes do jogo do bicho.
"Como o Estado não entrou nessas comunidades e as abandonou à própria sorte, eles pegaram e construíram as quadras e patrocinaram, então cresceram juntos", afirmou.
As comunidades amam esses homens porque eles nasceram e se criaram lá.
Milton Cunha
Além disso, o carnavalesco comentou como encara a nova geração que vem conduzindo o Carnaval do Rio de Janeiro e se mostrou otimista quanto à continuação da tradição das escolas de samba.
A gente achava que os bicheiros estavam ficando pra trás porque eles não entravam na internet, aí a gente dizia que o Carnaval não está indo para as redes. Eis que cresce essa geração e entra com tudo.
Milton Cunha
"Essa nova geração é mais do marketing, da visibilidade sem perder o respeito à tradição. Então, quer saber? A tradição não é morta, não fica lá no passado, ela se renova a cada vez que você coloca ela para desfilar de novo", afirmou.
Milton Cunha conta como foi inaugurar Carnaval argentino: 'Frio e granizo'
Milton Cunha ainda relembrou como foi a experiência de ajudar a promover o primeiro Carnaval de San Luis, uma pequena cidade argentina que quis importar a festa à moda carioca.
O prefeito encheu as pistas de um autódromo com escolas de samba do Rio de Janeiro e o carnavalesco entrega os perrengues da experiência.
"Não tinha hotel suficiente na cidade e fervia durante cinco dias porque vendia-se a experiência carioca", ele conta. "Levamos uma ala especial de cada escola, 12 do grupo especial e 16 do grupo de acesso".
A gente ia ladeira abaixo, um frio desgraçado, chovia granizo em cima da gente. Uma loucura, taca-lhe whisky e vai. Transmissão para a Argentina inteira.
Milton Cunha