Filha de Deise, do Fat Family, quer 'continuar legado' da mãe: 'Privilégio'
Filha de Deise Cipriano, integrante do Fat Family que morreu em 2019, Talita escolheu viver de música e quer seguir os passos da mãe. No entanto, quer trilhar o próprio caminho, algo mais pop, tanto que agora assina apenas como TALI.
Aos 19, deixou para trás qualquer sentimento ligado à pressão por ser filha de uma artista que era elogiada por alcançar notas altíssimas. "Hoje em dia, não é mais uma pressão. Quando era menorzinha, eu até ficava: 'Não quero, que é isso, não consigo entender, são muitos fãs'".
Escolhi viver da música, ser artista e continuar o legado que minha mãe deixou, claro, com a minha identidade, bem diferente da minha mãe (risos). Falo que Deus me escolheu. Sou privilegiada, muito grato a minha mãe por ter deixado essa sementinha em mim, que só floresce e só acende a chama cada vez mais.
TALI
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Nesta semana, TALI divulgou a faixa pop "Kd meu oi?" e sempre que pode participa dos shows das tias — Simone, Kátia e Suzete —, que mantêm o Fat Family vivo 25 anos depois de sua criação. TALI, inclusive, imagina gravar um funk com as três, conforme revelou a Splash nos bastidores do festival Universo Spanta, no Rio, onde se apresentaram no fim de semana passado.
"Eu tenho uma música autoral que é funk e o feat é com eles, tá guardadinha, vem na hora certa", disse ela, levando as tias às gargalhadas. "O que vier dela, a gente vai abraçar", respondeu Suzete.
"Imagina minhas tias fazendo o quadradinho... Eu gosto da revolução. Chego na mesa da família, já chego falando de política, de gay... Adoro", brincou TALI. "Ela é muito emocionada... É a nova face do Fat Family. Uma face renovada", completou Suzete.
Volta aos palcos
Antes formado por oito irmãos, o Fat Family voltou aos palcos em formato de trio no ano passado. "Nós tínhamos oito vozes no palco, um apoiava o outro. Hoje, em três vozes, nós estamos em um desafio. A gente decidiu voltar aos palcos com essa torneira de 25 anos, porque sabíamos que íamos ter um coral [do público] esperando. Eram oito vozes, agora são milhões. A gente só tem a agradecer todo esse momento. A gente se levantou e se reergueu. A gente tá com a agenda de shows viajando o Brasil", explica Suzete.
Criado em 1998, o Fat Family levou oito irmãos negros e gordos ao topo das paradas de sucesso e programas de TV, algo raro em uma época com pouca representatividade nos meios de comunicação. Eles assumiam que usavam perucas e se inspiravam na cultura drag queen nas maquiagens.
Muitas pessoas tinham depressão, não saíam de casa, não tinham autoestima com o corpo e o cabelo. Quando a gente chegou, a gente deu uma chacoalhada, e não era a intenção, a gente veio com a intenção de fazer música... Quando a gente caiu na real, viu que a gente tinha importância nesse cenário.
Suzete
Veja trecho da apresentação do Fat Family no Universo Spanta: