De morte falsa à revelação de abuso: o que mudou no remake de Renascer
Taiz Dering
Colaboração para o UOL
05/02/2024 18h17Atualizada em 05/02/2024 21h10
A segunda fase de Renascer começa nesta segunda-feira (5). A adaptação de Bruno Luperi para a obra do avô, Benedito Ruy Barbosa, conquistou o público e vai deixar saudade. Mas, logo nesse início, já deu para perceber que alguns detalhes e tramas estão um pouco diferentes do que foi ao ar em 1993.
Compare as duas versões da novela
A versão original teve apenas 5 capítulos na primeira fase, cada um com mais de 1h de duração, sem contar os comerciais. Agora, foram 12 episódios, que puderam explicar melhor detalhes subentendidos anos atrás. Um exemplo disso é a cena em que José Inocêncio é escalpelado, logo nos primeiros minutos da trama. Em 1993, ficam dúvidas do que aconteceu e do que se trata um "escalpelamento".
O tema de abertura também era outro: "Confins", um feat entre Ivan Lins e Batacotô. A famosa "Lua Soberana", de Ivan Lins e reinterpretada por Xênia França e Luedji Luna, que hoje embala o início e fim da novela, antes era apresentada apenas na ida e volta dos intervalos.
Com a história um pouco mais acelerada em 1993, não foi apresentada ao público a recuperação do coronelzinho ou a cura pelas mãos de Inácia. Depois de ser costurado por Rachid, Zé já aparece como proprietário da fazenda, em meio a uma plantação de cacau, ao lado de Deocleciano e muitos empregados.
O "pai boi" deixa claro desde o início que acha Maria Santa uma tentação para ele e se pune por isso. Além da surra que ele dá na menina após o encontro com José Inocêncio, ele mesmo se castiga com cintadas nas próprias costas.
O coronel Firmino e a Cândida não existem na versão original. Com isso, não sabemos como José Inocêncio conquista suas terras e Inácia também não tem uma patroa anterior.
Em nenhum momento da primeira fase da trama antiga se fala sobre a praga vassoura de bruxa. Desta forma, a rivalidade entre Belarmino e Zé se dá apenas por inveja, já que o coronel mais velho acredita que o vizinho é jovem demais e cresceu com pouco esforço, na base da sorte e proteções questionáveis - de Deus e do Diabo.
O segundo encontro de Zé e Santinha não acontece na cachoeira, mas, sim, quando ela volta do banho. Ele vai até a casa da família para falar com o pai boi e ela está chegando do rio. Então, acontece o famigerado beijo, contra a vontade da menina. Ela tenta correr dele, que vai atrás, derruba a moça no chão e força um beijo.
Quitéria, da primeira versão, nunca verbalizou que sabia do abuso do pai com a filha mais velha.
Na versão antiga, Deocleciano e Jupará estão cavalgando, aparentemente, sem rumo pelas plantações, quando encontram Zé após a segunda tocaia. Não há uma introdução sobre o que eles estão fazendo por ali. Já nos dias atuais, eles estão procurando o patrão, que havia saído de casa sem explicações para onde iria, após uma visita de Belarmino.
Durante o falso velório, apareceram todos os empregados da fazenda e há uma grande celebração com cânticos africanos e danças. Além disso, Deocleciano precisa substituir o falso morto para que este vá ao banheiro a uma determinada altura.
Belarmino também não é levado de olhos vendados ao local do enterro de Inocêncio. O inimigo vai direto à fazenda na manhã seguinte ao velório para tomar posse.
A cena da revelação da "não morte" também é um pouco diferente. Zé não busca dona Nena em casa. A revelação é feita na hora que Belarmino resolve expulsar os empregados da fazenda. Ele faz isso porque entende que a lealdade deles causaria problemas.
Ao contrário da versão atual, na original Belarmino não vê quem é seu assassino. Ele é pego em uma tocaia no caminho de volta para casa, após sair da fazenda de Zé com o documento de compromisso de venda de sua fazenda assinado. Ele é morto com vários tiros.
Ao que se sabe, na segunda fase, a neta de Belarmino passa a fazer parte da história para vingar a morte do avô. No original, Inocêncio conhece sua mãe, então criança, e a abraça carinhosamente durante o velório do coronel. Atualmente, houve apenas uma troca de olhares com a menina.
Após o casamento, na trama original, é Zé quem exige que a primeira vez do casal seja aos pés do jequitibá. Maria Santa apenas concorda. Há uma forte chuva no momento.
Deocleciano e Morena não têm um relacionamento construído como acontece atualmente. Eles, assim como Jupará e Flor, não têm um casamento oficial feito por padre Santo. Eles apenas aparecem todos juntos na fazenda e contam que aproveitaram a presença do sacerdote na casa de Jacutinga.
Morena não chega a dar à luz na primeira versão. Ela está grávida nas cenas do primeiro parto de Maria Santa, mas não mostram o bebê nascendo ou ela tendo dores. José Inocêncio também não entra em conflito com a esposa de Deocleciano durante o nascimento de José Augusto. Trocam farpas, mas não há uma briga séria como na versão atual, quando a discussão acaba apressando o parto do bebê, que morre na sequência. Com isso, não temos a cena do pai enterrando o filho.
Ao contrário do que aconteceu na versão recente, não havia nada errado com Maria Santa antes do último parto. Constata-se que há um problema, porque o bebê fica "entalado", nas palavras de Jacutinga, e é a cafetina quem diz ao coronelzinho que ele precisará escolher entre a vida da mulher ou do bebê.
A cena do nascimento do caçula é mais simples. Não há ajuda sobrenatural ou o pedido/ameaça do pai da criança aos seres divinos. Assim como não o mostram revoltado com Deus e a santa quando a esposa morre.
Não há nenhum tipo de despedida entre Zé e Santinha. Também não sabemos na versão original se ela chega a conhecer o filho. Após ouvirmos o choro da criança, já podemos ver Jacutinga e Inácia adentrando o quarto com a refeição da jovem, que já está morta.
Deocleciano pede para levar o bebê para casa quando o pai o rejeita, por culpá-lo pela morte da mãe. Na versão atual, Jacutinga toma a decisão de dar a criança à Morena. Anteriormente, o empregado da casa explica que o patrão resolveu entregar o menino ao padre para que este o desse um destino.
As cenas do "fantasma" de Maria Santa não existem na versão original. Apenas é citado que é ela quem visita Morena em espírito para que esta possa amamentar a criança.
A conversa entre Morena e o patrão sobre o destino do bebê é bem mais amigável na versão antiga. Inocêncio elogia os cuidados dela com seu filho e explica que sonhou com Maria Santa e ela o pediu para que levasse o menino para casa e tornasse Deocleciano e a esposa padrinhos da criança. Além disso, é sua vontade que a madrinha escolha o nome do caçula. Não há briga ou a cena em que a amiga vai até o túmulo da patroa pedir proteção ao filho falecido e prometer cuidar de João Pedro.
Jupará e Flor do passado são pais de três meninos e não de uma menina.