Grupo Silvio Santos retira escada e empareda Teatro Oficina; cia protesta
O Grupo Silvio Santos fechou dois arcos que compõem a parte cênica do Teatro Oficina. Também foi retirada uma escada metálica que ligava o espaço artístico à área externa, que é de propriedade do dono do SBT.
O que aconteceu
Em comunicado, Teatro Oficina diz que "foi surpreendido por uma ação truculenta", enquanto está em curso uma ação de reintegração de posse da escada metálica. O grupo Silvio Santos teve parecer favorável do MP para a retirada do item, mas "se antecipou à ação judicial, cometendo a retirada precipitada da escada, antes que a juíza expedisse o parecer final da reintegração de posse".
Em contato com Splash, a arquiteta Marília Piraju alega que as paredes só poderiam ser fechadas se os órgãos de preservação do patrimônio afirmassem que isso não descaracterizaria o imóvel, mas eles não se manifestaram. O Teatro Oficina foi tombado em um registro imaterial em 2014, junto de outros teatros, quando os arcos do beco já estavam abertos. O GSS também teria levado a escada a um galpão, sem avisar o endereço dele.
Os órgãos não se manifestaram, então isso foi um ato de ilegalidade. Eles fecharam os arcos sem uma manifestação final do ministério público e dos órgãos que protegem o teatro. A gente entende que essa entrada dos fundos do teatro, desde quando foi aberta, faz parte integrante da linguagem de criação da companhia, portanto é patrimônio imaterial tombado.
Marília Piraju, arquiteta do Teatro Oficina
A disputa judicial que ambas as partes se referem correm em paralelo à batalha que leva mais de 40 anos na justiça por terreno vizinho ao Teatro Oficina. O apresentador Silvio Santos é o dono da área e, desde o início da década de 1980, pretendia construir um prédio para o Grupo Silvio Santos no local, no entanto, Zé Celso, o fundador do Teatro Oficina, alegava que o edifício prejudicaria as atividades culturais e, por isso, levou o caso à Justiça.
Já o advogado do teatro, Juca Novaes, afirma que o teatro, na semana passada, requereu a suspensão da retirada da escada e do emparedamento dos arcos por 90 dias, devido ao aparecimento de novos fatos. "Em dezembro de 2023, num acordo celebrado entre Ministério Público e a Prefeitura de São Paulo, se decidiu que parte dos recursos que integram ajuste judicial feito com a UnInove, seriam destinados à construção do tão desejado Parque do Rio Bixiga, exatamente na área do entorno do teatro, ou seja, exatamente a área onde se localiza a escada."
Teatro vai recorrer à Justiça contra o GSS por possível violação a um patrimônio tombado, pois o posicionamento do MP em relação ao fechamento dos arcos é o de que se aguarde a autorização prévia dos órgãos responsáveis pelo tombamento. "Em outras palavras, existe a possibilidade de que tal fechamento viole as regras do referido tombamento", diz advogado.
O que diz o grupo Silvio Santos?
Grupo Silvio Santos, por sua vez, diz que buscou reparar o estado original do imóvel que o pertence após longa batalha jurídica "que reconheceu, nos autos do processo, que a referida escada nunca havia sido parte do tombamento do Teatro Oficina".
Comprovado nosso direito, obtivemos decisão favorável nesse sentido, e cumprimos com a decisão Judicial. O correto teria sido a outra parte ter executado o reparo, mas, pela incapacidade financeira alegada, o Juízo entendeu que se o GSS poderia fazê-lo.
Grupo Silvio Santos
Iphan se manifesta
Leandro Gras, presidente do Iphan-SP, em rede social, disse que o instituto responsável por proteger e promover o Patrimônio Cultural Brasileiro já foi acionado. "Será feita uma vistoria técnica e procederemos com as medidas determinadas pelas normas de preservação do patrimônio."
Briga por terreno
Silvio e Zé se reuniram em agosto de 2017, na sede do SBT, para tentar um acordo, mas sem sucesso. O Teatro Oficina divulgou o vídeo com imagens da reunião nas redes sociais, o que teria deixado o comunicador incomodado. A insatisfação levou Silvio a tratar o assunto apenas na Justiça.
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Quero receberO dramaturgo queria concluir o projeto criado por Lina Bo Bardi, que visava construir um parque cultural e público no entorno do teatro. Entre as décadas de 1980 e 1990, a famosa arquiteta comandou uma reforma no interior do teatro.
Como Silvio Santos é dono dos terrenos em volta do local, não era possível desenvolver a obra do parque. No entanto, a partir do tombamento do local em 1981, ele ficou impossibilitado de construir em volta do teatro. O dono do SBT não desistiu e, em 2017, conseguiu reverter na Justiça a decisão do Condephaat.
Zé Celso morreu sem ver uma resolução para o caso. A morte aconteceu no dia 6 de julho, após o diretor não resistir aos ferimentos provocados por um incêndio no apartamento em que morava em São Paulo.
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