Com Ebony, Rico Dalasam e DJ Asna, Rec-Beat dedica 2ª noite à música negra
A música negra foi o destaque da noite de domingo (11) no Rec-Beat. O festival, que é referência da música alternativa no país, teve ontem o seu segundo dia de Carnaval, no Recife.
O que aconteceu?
O Rec-Beat contou com shows gratuitos da carioca Ebony, do paulistano Rico Dalasam, dos cantores Nailson Oliveira e Mateus Fazeno Rock e dos DJs Asna, da Costa do Marfim, e Kai. O evento alternativo segue até amanhã, no Cais da Alfândega.
Mulheres do rap
Ebony era aguardada por uma multidão de fãs. Eles cantaram todos os versos de hits como "Megalomaníaca" e "100 Mili", que abordam a sexualidade sob perspectiva das mulheres. Nome em ascensão do cenário hip hop, a MC combinou batidas de funk carioca e trap. Para ela, as mulheres do rap puxam um movimento que tornou o trap menos americanizado e mais genuinamente brasileiro.
Acho que estamos nos conectando com uma nova verdade e entendendo que não existe uma fórmula e que podemos nos expressar com liberdade. E essa mudança tem muito a ver com o que as mulheres estão fazendo. Vejo cada vez mais a Tasha & Tracie, MC Luana, a Slipmami colocando muitas referências de onde elas são, os estilos de onde elas vêm. As mulheres estão vindo com muita vontade de experimentar. Entre os homens vejo a mesma batida, o mesmo flow desde 2018. Óbvio que não são todos, mas no geral é isso.
Ebony
Ebony se apresentou com uma dupla de dançarinas, que fizeram coreografias como num show de divas pop. "Eu amo o pop! O pop é literalmente popular, não é só um gênero. Eu não acho que fazer rap me tire a possibilidade de fazer algo pop. E eu vejo o meu som nesse lugar, assim como meu álbum 'Terapia', que tem um lado mais chiclete".
Poesia de Dalasam
Rico Dalasam foi o responsável por encerrar a noite, à 0h30. O seu setlist combinou faixas de seu álbum mais novo, "Escuro Brilhante - Último Dia no Orfanato da Tia Guga", com músicas do início de sua carreira.
Entre as músicas, o artista mandou uma mensagem poética para os fãs. "A sua palavra vale muito. O que você tem na vida, antes de qualquer coisa, é a sua palavra. Uma palavra que você guarda ou que você lança é um feitiço que você guarda para si ou para o outro", disse ele antes de cantar "Todo Dia", composição de Dalasam que explodiu na voz de Pabllo Vittar.
A professora Milena Vidal e a educadora Glória Paz estavam juntas no Rec-Beat vendo o show de Ebony no front, mas foram ao festival especialmente para assistir a Rico Dalasam. "Eu gosto das letras dele. A forma que ele escreve é diferente. Eu vejo ele fazendo uma coisa grandona desse cenário do rap e que é melhor do que o que já foi", diz Milena. "Eu acredito muito na música dele. Vejo verdade na poesia que ele escreve. E, na música dele, ele tenta ir atrás do que ele acredita, sem se encaixar na onda do momento", completa Glória.
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Quero receberMúsica africana além dos estereótipos
A DJ e artista visual Asna, da Costa do Marfim, fez um set de música eletrônica. Ela combinou influências do techno com sons contemporâneos da África, como o kuduro de Angola e o coupé decalé de seu país natal.
Esta foi a segunda vez da artista no Brasil — ela havia se apresentado no festival Novas Frequências, no Rio de Janeiro, em dezembro. Asna explica que a sua principal missão enquanto artista é quebrar o senso comum que associa o continente africano somente a culturas tradicionais, como se a África estivesse congelada no tempo.
Para mim é importante trazer minha realidade, minha identidade como africana vivendo no mundo globalizado. Eu sou africana, mas posso fazer muitas coisas. Então por que parece estranho para muitos ver uma mulher africana tocando música eletrônica? Como artista, quero que minha música afirme esse olhar global.
Asna
Destaque à cultura negra
O line-up da segunda noite do Rec-Beat foi formado apenas por artistas negros. O primeiro show da noite, às 19h30, foi o jovem cantor e trombonista pernambucano Nailson Vieira, de 22 anos.
Desde os 3 anos, Nailson está envolvido com o maracatu rural, tradição afro-indigena da cidade de Nazaré da Mata que é Patrimônio Cultural do Brasil. No seu show, ele mostrou uma versão pop dessa tradição em canções como "Canto Esperança", seu primeiro single, que foi lançado neste Carnaval.
O cearense Mateus Fazeno Rock trouxe ao palco as faixas de "Jesus Ñ Voltará", seu elogiado álbum lançado em 2023. A mistura de letras reflexivas, em levadas de rap, com os climas caóticos do rock e metal, fizeram o público do Rec-Beat bater cabeça.
Confira a programação do Rec-Beat
12 de fevereiro - hoje
19h00 - DANDARONA (PE)
19h30 - YANNARA (PE)
20h40 - NIÑO DE ELCHE (Espanha)
21h50 - PÖ (Gana)
23h10 - ANA FRANGO ELÉTRICO (RJ)
00h30 - LETRUX (RJ)
13 de fevereiro - amanhã
19h00 - GENI (PE)
19h30 - AFOXÉ FILHOS DE DANDALUNA (PE)
20h40 - ECHOES OF ZOO (Bélgica)
21h50 - SARAH FARINA (Alemanha)
23h10 - ÁCIDO PANTERA (Colômbia)
00h30 - URIAS (MG)
Festival Rec-Beat 2024
Quando: até amanhã, a partir das 19h
Onde: Cais da Alfândega, Bairro do Recife
Quanto: Grátis
Instagram @recbeatfestival
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