Cachê milionário, 'CPI do sertanejo': Gusttavo Lima teve shows investigados
A Justiça cancelou um show do cantor Gusttavo Lima, em Campo Alegre de Lourdes, na Bahia, após ação civil pública do Ministério Público Estadual. Na decisão, o juiz responsável afirmou que o dinheiro destinado ao sertanejo (R$ 1,3 milhão) representaria um gasto superior ao do orçamento de toda a Secretaria Municipal de Cultura.
Em 2022, diversos shows com altos cachês pagos por prefeituras passaram a ser investigados pelo Ministério Público. Só no primeiro semestre daquele ano, pelo menos 36 cidades foram investigadas por promover shows, festivais ou festas com a presença de artistas conhecidos nacionalmente e alto cachê. O movimento ficou conhecido informalmente como "CPI do sertanejo".
O nome mais citado nos contratos investigados foi o do cantor Gusttavo Lima. Com o cachê mais alto entre os nomes do gênero musical, o cantor sertanejo teve problemas em pelo menos cinco apresentações nos estados de Roraima, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Ceará.
Vale destacar, porém, que os artistas não foram investigados, mas sim as prefeituras que os contrataram por valores considerados desproporcionais à própria receita e tamanho. Vale ponderar também que uma lei criada em 1993 permite que artistas reconhecidos pela crítica ou público possam ser contratados sem licitação.
Shows investigados
Contratação do Embaixador na cidade de São Luiz (RR), com cachê fixado em R$ 800 mil, gerou a abertura de uma investigação pelo MP-RR. A população do município é estimada em 8.110 pessoas, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
À época, a equipe jurídica do cantor afirmou que o valor do cachê era "fixado obedecendo critérios internos, baseados no cenário nacional". Além disso, a equipe do músico ressaltou que também considerava os custos operacionais e de logística.
O cantor também teve um show contratado no valor de R$ 1,2 milhão pela Prefeitura de Conceição do Mato Dentro (MG), a cerca de 164 km de Belo Horizonte. O show estava programado para o dia 20 de junho de 2022, na 30ª Cavalgada do Jubileu do Senhor do Bom Jesus do Matozinhos, e virou alvo de pedido de investigação no MP-MG.
Apresentação foi cancelada. Além de Gusttavo Lima, à época, a prefeitura também firmou contrato com Israel e Rodolffo (R$ 310 mil), Di Paulo & Paulino (R$ 120 mil), João Carneiro (R$ 100 mil) e Thiago Jhonathan (R$ 90 mil).
Justiça proibiu a contratação do artista em Teolândia, na Bahia. A prefeitura do município foi impedida de realizar repasses da 16ª Festa da Banana. Segundo o Ministério Público do estado, o custo da festa ultrapassaria R$ 2 milhões, o que representa mais de 40% de todo o gasto do município com saúde no ano passado. Desse montante, R$ 704 mil corresponderiam ao cachê de Gusttavo Lima.
Outro show do cantor virou alvo de investigação em Magé, no Rio de Janeiro. À época, a prefeitura de Magé contratou o sertanejo pelo valor de R$ 1 milhão para apresentação de aniversário da cidade. Mesmo sob investigação, o show aconteceu.
Três cidades do estado do Ceará também foram investigadas por shows de cantores sertanejos e de forró. Em Iguatu, o Ministério Público abriu investigação para apurar eventuais irregularidades na contratação de Gusttavo Lima.
O que disse o sertanejo
À época, por meio do Instagram, o cantor compartilhou um desabafo sobre as investigações. "Eu nunca me beneficiei de dinheiro público ou empréstimo. A minha vida foi sempre trabalhar, fiz quase 300 shows em 2019."
Ele destacou o tamanho da equipe. "Somos uma equipe gigantesca de colaboradores, que nos ajudam a subir sempre mais um degrau. Não compactuo com uso de dinheiro público, tenho meus impostos em dia."
36 comentários
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Júlio Pereira
Qq um bem informado sabe que a Rouanet não dá dinheiro para nenhum artista; a Rouanet é a apenas uma autorização que o Governo entrega ao artista para que ele possa procurar empresas e pedir patrocínio. Caso a empresa aceite patrocinar o artista, ela pode descontar o valor do imposto de renda , desde que esse valor não ultrapasse 5% do imposto que a empresa deve ao governo. Uma vez que a empresa aceita patrocinar o artista, esse é obrigado a abrir uma conta no BBl onde o valor será depositado e cada centavo sacado deve ser comprovado com notas fiscais. Se no final faltar um comprovante de retirada, de 5 centavo que seja, o artista será processo. Mas na Lei criada para beneficiar artista sertanejo o cara recebe, sem licitação, mais de 1 milhão de dinheiro público por uma única apresentação e não tem que prestar conta. Isso facilita a corrupção já q parte do dinheiro volta para o contratante em forma de propina. Q se investigue tb os artistas.
Marcos Teixeira de Souza
ENQUANTO AS PREFEITURAS DE CIDADEZINHAS GASTAM MILHÕES COM CANTORZINHOS O POVO PASSA FOME! ABSURDO TOTAL! ESCÂNDALOS QUE PRECISAM SER INVESTIGADOS COM A MÁXIMA URGÊNCIA!!
Roberto Puglia
Boa parte da fortuna amealhada por artistas vem de cachês e subvenções milionárias oriundas do Estado, ou seja, dinheiro do contribuinte, que sequer é informado dos valores que está pagando para esses "astros". A justificativa de retorno financeiro em função da realização dos eventos é uma grande falácia. Dinheiro público jogado no lixo.