Descubra o que aconteceu com as sete atrações do 1º Lollapalooza, em 1991
Leandro Fortino
Colaboração para Splash, no Rio
16/02/2024 12h00
Nos dias 22, 23 e 24 de março, acontece pela 11ª vez em São Paulo a edição brasileira do Lollapalooza, festival que roda o mundo com atrações de estilos como pop, rock, rap e música eletrônica.
Mas, bem antes, em 1991, quando foi criado, tudo era mato: havia poucos festivais, que eram fixos em suas cidades, e apenas artistas consagrados e grandes vendedores de discos conseguiam rodar os EUA com longas turnês.
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O Lollapalooza saiu da cabeça do irreverente vocalista Perry Farrell. Ele queria fazer algo especial para a despedida do Jane's Addiction, respeitada banda que, com apenas dois discos, "Nothing's Shocking" (1988) e "Ritual de lo Habitual" (1990), influenciou praticamente todo o movimento grunge.
Farrell saiu convidando quem desse na telha para acompanhar o Jane's Addiction por mais de 20 cidades dos EUA em cerca de seis semanas. Seis artistas aceitaram encarar a estrada: Siouxsie and the Banshees, Living Colour, Nine Inch Nails, Ice-T, Butthole Surfers e Rollins Band. Cada um representando estilos alternativos diferentes, respectivamente: rock gótico, funk metal, industrial, heavy metal, punk experimental e hardcore.
Ou seja, uma mistura de gêneros musicais (pequena, se comparada aos 79 artistas que se apresentam neste ano no Brasil), que é a marca do festival ainda hoje.
Em 18 de julho o Lollapalooza completa 33 anos de nascimento, na cidade de Tempe, próxima a Phoenix, no Arizona. Em mais de três décadas desde a estreia do festival, muita água rolou na vida desses artistas. Descubra a seguir o que aconteceu com cada um deles:
Rollins Band
Henry Rollins se apresentou no Lollapalooza com a Rollins Band, criada após o vocalista deixar a banda de hardcore Black Flag, na qual ficou entre 1981 a 1987. Ele manteve a mesma performance nervosa e as letras cheias de críticas sociais em sua nova investida.
A exposição do festival garantiu a Rollins dezenas de papéis em filmes, a partir de 1994. A Rollins Band durou até os anos 2000, com o vocalista fazendo, simultaneamente aos shows, álbuns e apresentações de spoken word, atividade que ele se dedica até hoje, juntamente com um programa de rádio semanal.
Butthole Surfers
Gibby Haynes chegou a dar tiros de rifle em apresentações barulhentas do Butthole Surfers no Lollapalooza de 1991. O vocalista da cultuada banda de punk experimental ainda usava nos shows um megafone para amplificar e distorcer a sua voz.
A banda não se apresenta mais desde 2011, e Haynes publicou um romance em 2021, "Me & Mr. Cigar", sobre um garoto e seu cachorro.
Ice-T
O rapper Ice-T que se apresentou no Lollapalooza com sua banda de thrash metal, Body Count (contagem de corpos), nem parece ser o mesmo Ice-T da série de TV "Law and Order: Special Victims Unit".
Enquanto em 1991 ele dava medo ao cantar o principal hit da banda, "Cop Killer" (assassino de policiais), com letras violentas direcionadas à polícia, menos de 10 anos depois, em 2000, ele passou a interpretar o sargento Odafin "Fin" Tutuola, papel que vive até hoje na série de TV.
Nine Inch Nails
O Nine Inch Nails teve problema com superaquecimento em um de seus equipamentos no calor intenso do verão no Arizona, logo na estreia do Lollapalooza 1991. Com isso, conseguiu apenas apresentar duas músicas, antes de abandonar o palco.
Hoje os shows do Nine Inch Nails são grandiosos e profissionais, mas parece ter sido nas trilhas sonoras que o seu líder, Trent Reznor, encontrou realmente seu caminho criativo: ele ganhou dois Oscar, em 2011, por "A Rede Social", e em 2021, por "Soul - Uma Aventura com Alma".
Living Colour
No Lollapalooza de 1991, o Living Colour estava no auge de sua popularidade, tendo lançado seu álbum de estreia, "Vivid", em 1988, e o segundo álbum, "Time's Up", em 1990. Após o festival sua formação permaneceu relativamente estável, com Vernon Reid na guitarra, Corey Glover nos vocais, Will Calhoun na bateria e Doug Wimbish no baixo, que substituiu Muzz Skillings, em 1992.
Em 1995, a banda deu um tempo, mas voltou no final de 2000. Desde então continua a sair em turnês e a se apresentar ao vivo pelo mundo, como em 2022, quando tocou por aqui no Rock in Rio.
Siouxsie and the Banshees
Única atração europeia do Lollapalooza 1991, a inglesa Siouxsie and the Banshees era talvez a banda mais experiente em turnês, tendo passado inclusive pelo Brasil, em 1986.
Em 1996, o grupo terminou após 20 anos de estrada e 11 álbuns de estúdio. No ano passado, aos 65 anos e após 10 anos longe dos palcos, a vocalista e líder, Siouxsie Sioux, encarou uma série de shows solo pela Europa, mostrando o mesmo vigor punk dos anos 1970.
Jane's Addiction
O Jane's Addiction, banda que foi a principal atração do Lollapalooza em 1991, passou por várias mudanças após o festival. Concebido pelo vocalista Perry Farrell para ser a turnê de despedida (os integrantes estavam exaustos devido ao abuso de drogas e à rotina intensa de shows), o festival marcou o primeiro fim da banda.
No entanto, o Jane's Addiction se reuniu em muitas ocasiões desde então, a primeira vez em 1997, para uma série de shows e para gravar uma nova música, "Jane Says".
A banda se separou novamente após essa reunião, mas voltou algumas vezes nas décadas seguintes (no ano passado, esteve até entre as atrações do Lollapalooza Brasil).
Neste ano
O Lollapalooza Brasil 2024 acontece nos dias 22, 23 e 24 de março no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. Entre as atrações principais estão Titãs, Blink-182, Arcade Fire, Limp Bizkit, SZA e Sam Smith. Os ingressos estão à venda na página do festival na Ticketmaster.