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Com história de êxitos e brigas, Sepultura inicia turnê de despedida em BH

Andreas Kisser, guitarrista do Sepultura, que inicia sua turnê final no dia 1º de março, em BH, durante apresentação no Rock in Rio 2019 Imagem: @melhummel/Divulgação

João Renato Faria

Colaboração para Splash, em Belo Horizonte

23/02/2024 04h00

Em uma noite de dezembro de 1984, três meninos subiram em um palco de uma casa noturna em Belo Horizonte para o primeiro show da banda que haviam formado entre os amigos do bairro.

Com idades entre 13 e 15 anos, o vocalista, o guitarrista e o baterista — o baixista estava em viagem de férias com a família — fizeram um show rápido e agressivo, com letras em português repletas de pura rebeldia adolescente. O público, claro, detestou. O único elogio veio de um metaleiro folclórico da cidade, que, completamente bêbado, virou para os garotos e cravou: "Foi horrível, mas eu adorei".

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Formação clássica do Sepultura, com Max Cavalera, Andreas Kisser, Igor Cavalera e Paulo Jr. Imagem: Divulgação

Passados quase 40 anos daquela noite, a banda volta a subir a um palco de Belo Horizonte. Mas, desta vez, é para encerrar a sua história — que se provou vitoriosa, já que o quarteto é considerado o grupo brasileiro de rock de maior sucesso no mundo.

Na sexta-feira 1º de março, o Sepultura se apresenta no Arena Hall, com os ingressos já esgotados, para iniciar sua turnê de despedida, batizada de "Celebrating Life Through Death".

O giro de adeus tem previsão de durar 18 meses, com datas anunciadas em 20 países, além do Brasil, onde a banda também toca em Juiz de Fora, Brasília, Uberlândia, Porto Alegre, Curitiba, Florianópolis e São Paulo.

A revelação sobre o encerramento das atividades da banda veio no fim do ano passado, junto do anúncio da turnê. "O Sepultura vai parar. Vai morrer. Uma morte consciente e planejada", disse o quarteto em um comunicado para a imprensa.

O aviso surpreendeu fãs e outros artistas, que lamentaram a decisão do grupo. "Vamos parar porque é o melhor momento da banda. Estamos em paz", completou o guitarrista Andreas Kisser, na coletiva de imprensa do dia 8 de dezembro.

O vocalista Derrick Green e o guitarrista Andreas Kisser, do Sepultura, no Rock in Rio 2019 Imagem: Wilton Júnior/Estadão Conteúdo

Não deixa de ser verdade. Afinal, a banda estava no auge da fase com o vocalista Derrick Green — que entrou na banda em 1998 —, com um disco elogiadíssimo ("Quadra", de 2020) e, após anos turbulentos, finalmente havia conquistado uma coesão entre os seus integrantes - completam a atual formação do grupo o baixista Paulo Jr. e o baterista Eloy Casagrande.

Nem a pandemia atrapalhou (muito) a banda, que lançou o projeto SepulQuarta, em que convidou nomes de peso do heavy metal mundial, como Phil Campbell (Motörhead), Scott Ian (Anthrax), David Ellefson (Megadeth) e Rafael Bittencourt (Angra), para regravações caseiras de seus clássicos.

Max Cavalera se apresenta com o Sepultura no festival Monsters of Rock de 1994, em Leicestershire, Inglaterra Imagem: Brian Rasic/Getty Images

A calmaria da fase atual é digna de nota, já que as brigas entre os integrantes foram uma constante na história da banda, criada pelos irmãos Igor (bateria) e Max Cavalera (guitarra e vocal). Do grupo que fundou o Sepultura, apenas Paulo Jr., justamente o que faltou no primeiro show, permaneceu.

Daquela formação inicial, o então vocalista, Wagner Lamounier, se desentendeu com o grupo e fundou o Sarcófago, que se tornou uma lenda no black metal mundial. O guitarrista Jairo Guedes participou das gravações dos dois primeiros discos ("Bestial Devastation", de 1985, e "Morbid Visions", de 1986) antes de dar lugar a Andreas Kisser.

A chegada do novo guitarrista marcou o início da trajetória que levou o grupo ao topo de criatividade e popularidade. A banda passou a excursionar pelo país e se tornou líder da cena de heavy metal da capital mineira, onde várias outras bandas também começaram a se apresentar.

Os irmãos Max e Igor Cavalera, do Sepultura, no Hollywood Rock 1994, em São Paulo Imagem: Cesar Itiberê/Folhapress

Embalados por um pesado thrash metal, os discos "Schizophrenia" (1987), "Beneath the Remains" (1989) e "Arise" (1991) pavimentaram o nome do Sepultura pelo mundo. "Chaos A.D." (1993), marca o início da mistura do metal com outros ritmos, como punk e música tradicional brasileira, que teve seu ápice no disco "Roots" (1996).

Músicas como "Roots Bloody Roots", "Attitude" e "Ratamahatta" apresentaram um som totalmente inovador, com percussão tribal e a participação de indígenas da aldeia Xavante.

A mistura catapultou o Sepultura. A banda passou a tocar em festivais gigantescos na Europa e nos EUA, angariando fãs de espectros tão distantes como Dave Grohl (Foo Figthers, Nirvana) e Björk, e aproximando o quarteto mineiro do patamar de nomes como Metallica.

Sai Max, entra Derrick

O ápice foi interrompido ainda em 1996, quando Max Cavalera anunciou que deixaria o Sepultura, após os outros integrantes decidirem despedir a mulher dele, Gloria, que também era a empresária do grupo. Os anos seguintes à saída de Max foram de reconstrução, com o norte-americano Derrick Green assumindo os vocais.

Ex-vocalista do Sepultura, Max Cavalera, é pintado por xavante, em 1995, época da gravação do álbum "Roots" Imagem: Arquivo Folha

Dez anos depois de Max, foi a vez de Igor também pedir para sair. Os irmãos, que passaram uma década sem se falar, hoje tocam juntos no Cavalera Conspiracy e, de vez em quando, trocam farpas com os membros atuais pela imprensa.

O substituto de Igor, o também mineiro Jean Dolabella, durou de 2006 a 2011, quando deu lugar ao atual baterista, Eloy Casagrande. Apesar de discos interessantes, como "A-Lex" (2009), "Kairos" (2011) e "Machine Messiah" (2017), a maturidade da formação, que vinha estável desde 2011, se deu mesmo com "Quadra", certamente o melhor da fase Derrick Green e que acabou tendo a divulgação interrompida pela pandemia.

Sepultura abre os shows no Palco Mundo do Rock in Rio de 2022 Imagem: Zô Guimarães/UOL

A expectativa para o primeiro show da "Celebrating Life Through Death", portanto, é alta. O repertório, que vem sendo mantido em segredo, provavelmente terá uma retrospectiva de toda a carreira, sem deixar de fora os principais sucessos. Os atuais integrantes estão no auge da forma, com destaque para o baterista Eloy Casagrande — que já passou a ser cogitado em outras bandas de metal, como o Slipknot.

Além disso, ao escolher a mesma Belo Horizonte onde surgiu para iniciar sua despedida pelo mundo, o Sepultura mostra que, mesmo com tantas mudanças, ainda segue fiel às suas raízes, diante do mesmo público que o viu nascer naquela apresentação de 40 anos atrás. Mas, desta vez, dificilmente alguém não vai aprovar.

Sepultura - Celebrating Life Through Death

Belo Horizonte
Quando
: 1º/3 (esgotado), às 19h (abertura da casa)
Onde: Arena Hall (av. Nossa Sra. do Carmo, 230 - Savassi, Belo Horizonte, MG)
Quanto: pista premium - R$ 100,00 (meia-entrada legal) | R$ 120,00 (entrada social) | R$ 200,00 (inteira); arquibancada - R$ 75,00 (meia-entrada legal) | R$ 90,00 (entrada social) | R$ 150,00 (inteira); suítes - R$ 125,00 (meia-entrada legal) | R$ 150,00 (entrada social) | R$ 250,00 (inteira)

Juiz de Fora
Quando
: 2/3, às 19h (abertura da casa)
Onde: Estacionamento Cultural (av. Deusdedith Salgado, 3955 - Teixeiras, Juiz de Fora, MG)
Quanto: pista premium - R$ 100,00 (meia-entrada legal) | R$ 140,00 (entrada social) | R$ 200,00 (inteira); pista - R$ 75,00 (meia-entrada legal) | R$ 105,00 (entrada social) | R$ 150,00 (inteira)

Brasília
Quando
: 9 /3, às 19h (abertura da casa)
Onde: Arena Lounge (Arena BRB, SRPN - Brasília, DF)
Quanto: pista premium - R$ 100,00 (meia-entrada legal) | R$ 120,00 (entrada social) | R$ 200,00 (inteira); pista - R$ 75,00 (meia-entrada legal) | R$ 90,00 (entrada social) | R$ 150,00 (inteira)

Uberlândia
Quando
: 15/3, às 19h (abertura da casa)
Onde: Castelli Master (av. Lidormira Borges Do Nascimento, 6000 - Shopping Park, Uberlândia, MG)
Quanto: pista premium - R$ 100,00 (meia-entrada legal) | R$ 120,00 (entrada social) | R$ 200,00 (inteira); pista - R$ 75,00 (meia-entrada legal) | R$ 90,00 (entrada social) | R$ 150,00 (inteira)

Porto Alegre
Quando
: 21/3, às 19h (abertura da casa)
Onde: Auditório Araújo Vianna (Parque Farroupilha, 685 - Farroupilha, Porto Alegre, RS)
Quanto: plateia gold - R$ 125,00 (meia-entrada legal) | R$ 150,00 (entrada social) | R$ 250,00 (inteira); plateia baixa central - R$ 112,50 (meia-entrada legal) | R$ 135,00 (entrada social) | R$ 225,00 (inteira); plateia baixa lateral - R$ 100,00 (meia-entrada legal) | R$ 120,00 (entrada social) | R$ 200,00 (inteira); plateia alta central - R$ 75,00 (meia-entrada legal) | R$ 90,00 (entrada social) | R$ 150,00 (inteira); plateia alta lateral - R$ 62,50 (meia-entrada legal) | R$ 75,00 (entrada social) | R$ 125,00 (inteira)

Curitiba
Quando
: 22/3, às 19h (abertura da casa)
Onde: Live Curitiba (r. Itajubá, 143 - Novo Mundo, Curitiba, PR)
Quanto: pista - R$ 100,00 (meia-entrada legal) | R$ 120,00 (entrada social) | R$ 200,00 (inteira); mezanino - R$ 75,00 (meia-entrada legal) | R$ 90,00 (entrada social) | R$ 150,00 (inteira)

Florianópolis
Quando
: 23/3, às 19h (abertura da casa)
Onde: Arena Opus (SC-281, 4.000 - Sertão do Maruim, São José, SC)
Quanto: pista - R$ 100,00 (meia-entrada legal) | R$ 120,00 (entrada social) | R$ 200,00 (inteira)

São Paulo
Quando
: 6/9 e 7/9 (os dois dias esgotados); data extra, dia 8/9, às 19h (abertura da casa)
Onde: Espaço Unimed (r. Tagipuru, 795, Barra Funda, São Paulo, SP)
Quanto: pista premium - R$ 125,00 (meia-entrada legal) | R$ 150,00 (entrada social) | R$ 250,00 (inteira); pista - R$ 75,00 (meia-entrada legal) | R$ 90,00 (entrada social) | R$ 150,00 (inteira); camarotes - R$ 175,00 (meia-entrada legal) | R$ 210,00 (entrada social) | R$ 350,00 (inteira); mezanino - R$ 150,00 (meia-entrada legal) | R$ 180,00 (entrada social) | R$ 300,00 (inteira)

Ingressos à venda na página do Sepultura na Eventim.

Classificação: entrada e permanência de crianças/adolescentes de 5 a 15 anos de idade, acompanhados dos pais ou responsáveis, e de 16 a 17 anos, desacompanhados dos pais ou responsáveis legais.

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