Atores de 'Avatar' debatem papel do vilão da série e citam Bolsonaro
Fábio Garcia
Colaboração para Splash, em São Paulo
28/02/2024 04h00
Estreou semana passada na Netflix "Avatar: O Último Mestre do Ar", uma adaptação em live-action do desenho animado da Nickelodeon. Em bate-papo com Splash, os atores da série compartilharam curiosidades, dificuldades e até traçaram uma comparação do vilão da história com Bolsonaro.
Os atores já conheciam "Avatar"?
Atores contaram que já eram muito fãs da animação. "Sim, todos já éramos grandes fãs da série. Quer dizer, menos o Gordon [Aang]. Mas ele tem uma desculpa, não era nem nascido quando o programa era exibido. Mas ele rapidamente se tornou fã da série." (Kiawentiio, a Katara da série).
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"Eu cresci assistindo às reprises da animação na Nickelodeon, e quando eu descobri para o que eram os testes eu maratonei a série inteirinha." (Lizzy Yu, a Azula)
O elenco mais velho também já conhecia o cultuado desenho animado. "Eu lembro de assistir com meu filho durante a exibição original. Ele era bem novinho, e um grande fã. Sempre fui muito curioso com o que ele gostava, então eu sentava e assistia com ele." (Daniel Kim, o Senhor do Fogo Ozai).
Já o ator Ken Leung (o General Zhao da série) revelou uma confusão muito comum em quem está de fora do meio geek. "Nunca havia assistido. Não conhecia, pensei que era o outro "Avatar". Mas assisti quando fui escalado.".
Protagonistas com grandes lições
Desde sua animação "Avatar" passa mensagens através de seus personagens e histórias. Aang, por exemplo, precisa lidar com seus traumas de ter desaparecido quando seus amigos mais precisavam dele, e enfrentando tudo com um sorriso no rosto.
O ator Gordon Cormier tenta explicar o carisma de seu personagem. "O Aang é um personagem muito gostável, num geral. Ele é cheio de alegria, felicidade, ele é uma criança muito doce, e isso é algo muito adorável. Acho que é por isso que muitos adoram ele."
Ainda que tenham amenizado um pouco na série da Netflix, Katara (Kiawentiio) ainda passa por difíceis provações e tenta se firmar como uma guerreira, mesmo a filosofia do povo da Água não permitindo uma mulher participar dos combates, por mais habilidosa que seja. A atriz demonstrou muito orgulho de estar nessa série:
"É uma honra poder interpretar essa personagem e ser um modelo de empoderamento. Essa era uma das coisas que eu mais gostava na personagem, quando eu a vi crescendo e se tornando uma mulher poderosa e forte, uma inspiração. Poder fazer o mesmo para várias garotas mais novas é uma honra, e amo poder mandar essa mensagem que somos fortes e somos capazes de tantas coisas."
Senhor do Fogo é Bolsonaro?
O mais curioso dos bate-papos foi com o núcleo da Nação do Fogo. Paul Sun-Hyung Lee (Tio Iroh na série) e Daniel Kim (Senhor do Fogo) sentaram no divã para comentar as ações de seus personagens:
"Iroh é um personagem fascinante, porque ele estava na linha sucessória para ser o próximo Senhor do Fogo, até que ele perde o que mais amava, seu filho, e isso muda o caminho que ele estava seguindo. Essas perdas o forçam a reavaliar o que era importante, então ele vê Zuko como alguém que precisa de compaixão e amor que ele não recebe do pai. Então ele o coloca sob suas asas e lhe dá conselhos para Zuko encontrar seu próprio caminho, encontrar o que ele realmente quer. Mas ele nunca diz o que Zuko deve fazer, só lhe dá opções. Eu acho isso bonito", disse Paul Sun-Hyung Lee.
Ao explicar as motivações do principal vilão de "Avatar", Daniel Kim evocou a memória do ex-presidente Jair Bolsonaro.
"Para todo papel você precisa pensar o que faz com que seu personagem seja daquele jeito. Nós vemos pessoas por fora como vilãs, mas ninguém se considera um vilão. Se você olhar na política... Você é do Brasil, certo? Se você olhar para alguém como o Bolsonaro, as pessoas têm opiniões fortes sobre o Bolsonaro, para algumas pessoas ele é um herói, para outras ele só pode ser um vilão. Mas com certeza ele não se enxerga como um vilão."