Ambulantes vendem macarrão e arroz em fila de festival emo em São Paulo
Luccas Lucena
Colaboração para Splash, em São Paulo
02/03/2024 14h20
O ambulante Anderson Correia gritava para quem havia esquecido o 1 kg de alimento não perecível para comprovar o ingresso social no festival I Wanna Be Tour, no Allianz Parque, em São Paulo, neste sábado (2).
Assim como outros ambulantes, ele viu a oportunidade de faturar com o descuido do público que havia esquecido de trazer o alimento e não tinha como comprar em um mercado.
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O que aconteceu?
"Quem esqueceu o alimento? Quem esqueceu o alimento?", gritava Anderson, que via o carrinho de supermercado se esvaziar nos arredores do Allianz Parque. Ele conta que estava perto de vender uma "centena" de alimentos pouco depois de os portões do festival se abrirem, às 10h.
Muitas pessoas esquecem. Então eu tô aqui para lembrar eles, vender e ganhar meu trocado. [Hoje] Tá bom o movimento. O pessoal não tá preparado, veio bastante gente despreparada. E tava marcando no site que precisava trazer 1 kg de alimento. Anderson Correia, que estava vendendo alimento não perecível no Allianz Parque
Anderson diz que faz um "tempinho" que vende alimentos em portas de eventos, mas que também trabalha com Uber e vende água. "O que tiver dando dinheiro para eu pagar minhas dívidas e tocando minha vida, eu tô vendendo. Não tô mexendo em nada de ninguém nem forçando ninguém a comprar".
Quem também marcou presença vendendo alimentos foi Jeane Oliveira, que havia acabado de chegar aos arredores do estádio. "[Eu vou] Aonde tem ingresso solidário e precisa de 1 kg de alimento".
Ela espera que o movimento cresça perto das 20h, que é quando acontece o show do NX Zero, e às 22h, na apresentação do Simple Plan. Jeane também tem a sensação de que o público não se preparou para trazer o alimento.
Muitos esquecem. E a gente tá aqui já. Eles até gostam. Jeane Oliveira, ambulante
Cristiano [nome fictício] diz que era apenas o segundo evento dele vendendo alimento não perecível. Ele diz que só trabalha com esse tipo de venda, que é quando há venda do ingresso social, e diz que o público está "sempre despreparado".
Tendo faturado cerca de R$ 400 vendendo macarrão e farinha, ele até defende quem esqueceu os alimentos. "Pessoal compra [os ingressos] muito antecipadamente e acaba esquecendo, que é um detalhe a mais e nem percebem que está escrito que precisa do alimento".
Com uma sacola de feira cheia no começo do expediente, às 8h, ele já havia vendido tudo perto do meio-dia. "Essa é a segunda sacola. Vendi 50 pacotes de macarrão. A pessoa para sair daqui da fila para entrar no supermercado agora é muita dor de cabeça. É comodidade. Tá aqui na porta".