Boicote e cortes polêmicos: entenda o fracasso do live-action de 'Mulan'
Um dos filmes mais aguardados da leva recente de live-actions, o filme 'Mulan' não teve o retorno aguardado pela Disney.
Em cartaz na 'Sessão da Tarde' desta segunda-feira (4), o longa foi alvo de pedidos de boicote e duramente criticado pelas mudanças que o deixaram bem diferente da animação famosa no mundo todo.
O fator pandemia
'Mulan' estrearia em 27 de março de 2020, mas por conta da pandemia da covid-19 teve o lançamento cancelado. Para diminuir o prejuízo, a Disney o colocou no catálogo do Disney Plus em setembro daquele ano, mas cobrando uma taxa extra para quem fosse assistir.
Porém, o serviço de streaming não tinha sequer chegado em muitos países, a exemplo do Brasil. Por aqui, a plataforma estreou em novembro. Ainda, a estreia foi disponibilizada em uma parcela mínima de cinemas que estavam funcionando naquele ponto da pandemia.
Pedido de boicote
Nos créditos finais do filme, a Disney fazia agradecimentos às autoridades governamentais da região de Xinjiang, noroeste da China. Entre elas, o órgão de segurança pública de Turpan, uma cidade ao leste de Xinjiang.
Acontece que neste local há milhares de pessoas que foram reprimidas em "campos de re-educação", onde o governo chinês impõe seus pensamentos e crenças à população. O departamento do Partido Comunista Chinês na região também recebeu um agradecimento.
Declaração polêmica
Para completar, a atriz Liu Yifei, protagonista de 'Mulan', declarou nas redes sociais seu apoio para a polícia de Hong Kong. Na época, as autoridades estavam sendo duramente criticadas pelo uso excessivo da força para reprimir protestos que já duravam mais de dois meses na época.
"Eu apoio os policiais de Hong Kong. Vocês todos podem me atacar agora. Que vergonha para Hong Kong", Liu Yifei.
Pouca nostalgia
Os fãs da animação de 1998 não ficaram muito empolgados com 'Mulan' ainda na fase de divulgação. Para respeitar as tradições e cultura chinesas, a Disney se desvinculou bastante da parte fantasiosa da história. A própria cena da personagem cortando o cabelo com a espada foi deletada, pois não fazia sentido pensando nos guerreiros chineses.
Por conta disso, muitos pontos ficaram de fora do live-action, inclusive os números musicais. O querido dragão falante Mushu também não existe na produção.
O capitão Li Shang, que de certa forma é o interesse romântico de Mulan, também ficou de fora. A produção repensou a relação de poder entre ele e Mulan dentro do exército, algo que é combatido pelo movimento Me Too.