Topo

Alexandra Richter: 'Nunca senti racismo na pele, mas como mãe senti forte'

De Splash, no Rio

06/03/2024 04h00

Alexandra Richter, 56, finalizava sua participação em "Terra e Paixão" quando recebeu o convite para fazer "A Família É Tudo". Ligada normalmente à comédia, ela está feliz por fazer um papel sem traços de humor e por estar em núcleo inter-racial, assim como a sua família na vida real.

Família inter-racial

Na história, ela interpreta Brenda Monteiro, uma mulher rica e controladora. Casada com Ramón Monteiro (Jayme Periard), ela faz de tudo para manter o filho, Tom (Renato Góes), e a ex-nora, Paulina (Lucy Ramos), unidos. É avó de Pudim (Antônio Christóforo) e Laurinha (Sophia Rosa), duas crianças negras.

Estar inserida em uma família inter-racial no folhetim é importante para Alexandra, que é mãe de uma mulher negra, Gabriela, de 21 anos. Por isso, ela celebra: "Uma mulher branca, com filho e marido também brancos, mas nora e netos pretos. Isso é maravilhoso. A gente não precisa explicar por que essa família existe. Ela existe e ponto. Outros assuntos ligam essa família."

Relacionadas

Alexandra adotou Gabriela quando ela tinha três anos e, no início, se incomodava ao notar olhares preconceituosos por ser uma mulher branca com uma filha negra. Em conversa com Splash, ela se emociona ao lembrar. "Eu sou uma mulher branca e mãe de uma filha preta. Vivo a inter-racialidade na minha família. Isso é uma questão. A gente vive num país extremamente racista, embora as pessoas digam que não são."

Nunca senti [o racismo] na minha pele porque sou branca, mas como mãe, eu sentia e muito forte. Me emociono de lembrar. Me incomodavam os olhares [preconceituosos] e eu recebia aquilo de forma muito negativa. Lutei muito e construí, junto do [marido] Ronaldo e da Gabi, uma história com muita força. Mas eu sei que o racista se incomoda. Ele não sabe lidar e não quer aprender. Pessoas brancas que falam: 'ai, agora não pode falar [nada]'. Vai estudar, vai aprender... Colocar famílias inter-raciais [na novela] é muito potente.
Alexandra Richter

Alexandra sempre fala da filha, que é estudante de medicina, com orgulho. Há quase três anos, ela contou sobre o processo de adoção. "Minha adoção é tardia e interracial... A Gabriela tinha três anos, mas eu sou mãe da minha filha desde o dia que ela veio ao mundo", comentou em entrevista ao podcast "Prazer, Renata", em 2021.

Humor versus drama

Alexandra tem mais de 30 anos de carreira e muitos projetos ligados ao humor, mas a história é diferente desta vez. "Fiquei muito animada com a Brenda Monteiro. Ela não tem traços de humor, nem de comédia. É uma mãe muito controladora, que acha ter o direito de interferir nas escolhas do filho, principalmente ligadas a vida afetiva dele e ao casamento. Ela é aliada da Paulina."

Atriz conta que busca desafios e variar de um trabalho para o outro. "Por isso, eu sempre aceito mudar visual, ficar com outra cara, principalmente porque agora vai ter 'Cheias de Charme', né? A Sônia Sarmento também era uma vilã rica. Mas são personagens completamente diferentes. E a novela está linda."

Me lancei no teatro fazendo monólogo cômico e, na verdade, foi o divisor de águas da minha carreira. Já tinha 12 anos de formada. O [diretor] Maurício Sherman me viu no teatro e me abriu as portas da Globo. O humor me trouxe estabilidade na época que eu só fazia teatro. Essa é a minha trajetória... Mas artista é artista e nós contamos histórias. Fazer rir não é fácil, emocionar também não. É sempre um desafio, mas eu topo desafios.
Alexandra Richter

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Alexandra Richter: 'Nunca senti racismo na pele, mas como mãe senti forte' - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade


Família é Tudo