Por que o Brasil não vence o Miss Mundo desde 1971? Jejum pode acabar hoje
Hoje acontece a final da 71ª edição do Miss Mundo, o maior concurso de beleza do planeta em número de participantes, diretamente de Mumbai, na Índia, a partir das 11h (horário de Brasília), sem transmissão na TV brasileira.
O Brasil busca quebrar o jejum de 53 anos sem vitória com a amazonense Leticia Frota. A última e única vitória veio somente em 1971 com a carioca Lucia Petterle.
Mas por que o Brasil não venceu mais?
Não existe resposta certa: "É uma questão de sorte. Quando o Brasil ganhou em 1971, ainda não tinha criado [a etapa] 'Beleza com Propósito'. Os países latino-americanos estão mais familiarizados com o Miss Universo do que com o Miss Mundo, então a preparação não é a mesma para um e outro", explica o venezuelano e historiador de concursos de beleza Julio Rodriguez Matute.
Conforme Matute, o Brasil tem "levado muito a sério o formato do Miss Mundo nos últimos anos". Isso se reflete na preparação da candidata conforme as exigências do concurso, com destaque significativo na etapa "Beleza com Propósito", o lema do certame.
O fato de ser o concurso com maior número de candidatas também eleva o nível e reduz as chances de vitórias, já que há mais concorrentes: "O Miss Mundo é superconcorrido e imprevisível na maioria das vezes. Foge da linha 'corpo escultural, cabelo impecável, rosto desenhado'. A Miss Mundo tem que se garantir na fala, no posicionamento, confiança, conteúdo", destaca a empresária Beatrice Fontoura, Miss Brasil e Top 11 no Miss Mundo 2016.
Fontoura diz que para uma entrevista o inglês é primordial para se destacar: "Durante o confinamento tem rodada de conversas, debates, entrevistas e saber inglês é essencial. É um concurso que avalia muitos quesitos e não só o 'clichê', então é muito difícil saber porque nenhuma brasileira de lá pra cá não pegou a 'coroa azul' de novo".
"É um trabalho que depende de diversos fatores, não somente da miss que está representando o país no concurso internacional. Existem muitos países que trabalham muito para enaltecer tanto as suas misses, como também os concursos", afirma a também empresária e Top 6 no Miss Mundo 2013 Sancler Frantz.
Desde 1971, o Brasil se classificou 22 vezes e a última vez que chegou perto de vencer foi o 3º lugar da capixaba Anuska Prado, em 1996, justamente na Índia: "Na América Latina, o Brasil é um país que envia ao concurso mulheres preparadas com beleza e um propósito de ajudar, além de serem completas. Sempre que se fala do Brasil no Miss Mundo, é de respeito por e para suas rainhas", elogia Sebastian Torres, publicitário e missólogo colombiano.
As brasileiras sabem como fazer a diferença entre tantas candidatas que buscam o mesmo objetivo: a coroa azul. Ganhar essa coroa não é fácil, porque entre muitas candidatas a competição fica mais difícil, mas o Brasil está muito perto de obter sua segunda coroa e espero que seja logo, porque será merecido.
Sebastian Torres
As dificuldades e expectativas
Um dos problemas que as misses brasileiras enfrentam seria a comunicação: "É o calcanhar de Aquiles das misses brasileiras ao meu ver. [...] No Brasil, o grande problema é quando chega a hora de pegar um microfone. E esse problema é cada vez maior", aponta Henrique Fontes, diretor do Miss Mundo no Brasil.
Responsável por promover o CNB (Concurso Nacional de Beleza) que escolhe a Miss Brasil para o Miss Mundo, Fontes diz que não adianta ter aula de oratória, boa preparação e não ter conteúdo: "O brasileiro infelizmente cada vez mais lê menos, se informa menos e o sistema educacional nem sempre é o melhor".
A gente tem ótimos preparadores, luta muito e temos misses inteligentíssimas que participaram do Miss Mundo. Mas ainda falta aquela coisa de você impactar na hora de pegar o microfone. E, muitas vezes, também tem a questão do idioma que faz com que elas não consigam se comunicar da forma como elas gostariam e como fariam em português. Hoje em dia o idioma é cada vez mais importante nos concursos internacionais.
Henrique Fontes
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Quero receberEle concorda que a falta de domínio no inglês é um fator que pesa: "Falar o inglês absolutamente fluente e ter conteúdo e passar isso de uma forma que chame atenção de uma forma positiva é o que falta na miss brasileira em geral. Quando existe isso o resultado bom vem".
A brasileira tem se dado bem até aqui: "A Letícia Frota fez uma reinado impecável, engajada socialmente, viajou o mundo com o título de Miss Brasil, fala inglês, é articulada, é jovem. Tenho acompanhado pelas redes sociais tudo e creio que pegamos Top 5, no mínimo, esse ano. Merecemos", torce Beatrice Fontoura.
A Miss Brasil já está classificada no Top 40 do concurso. Com seu projeto que luta contra a hanseníase, ela venceu a etapa Beleza com Propósito junto com a Miss Nepal (Priyanka Rani Joshi), a Miss Uganda (Hannah Tumukunde) e a Miss Ucrânia (Sofia Shamiya). Ela diz buscar honrar o legado das antecessoras e aposta na fé como ponto forte.
Tivemos misses maravilhosas ao longo dos anos, mesmo sem ter vencido aqui fora. Busco honrar o legado de cada uma delas. Meu ponto forte acredito ser minha fé. Deus sabe de todas as coisas e sempre esteve ao meu lado. É claro que devemos honrá-lo, neste caso, com máxima dedicação, estudo e usando este título para fazer a diferença na vida daqueles que estão ao meu redor.
Leticia Frota, Miss Brasil no Miss Mundo 2024
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