Sem citar a Globo, Leifert detona transmissão esportiva no Brasil: 'Piorou'

Tiago Leifert, 43, avaliou que a qualidade da transmissão dos eventos esportivos no Brasil "piorou" nos últimos anos, sobretudo devido às demissões nas principais empresas responsáveis pelas transmissões de campeonatos no país.

O que aconteceu

Leifert não citou nominalmente a Globo, sua antiga empregadora e maior detentora de direitos de exibição de eventos esportivos no país, que nos últimos anos reformulou seu quadro de jornalistas ao demitir nomes consagrados da área. Foi justamente no setor esportivo da emissora que o apresentador ganhou projeção nacional por reinventar o "Globo Esporte", em um novo modelo replicado pelo canal em outros programas esportivos.

Adepto de unir informação com entretenimento, Tiago disse que sua principal influência foi assistir à forma de transmissão de eventos esportivos nas emissoras dos Estados Unidos, sobretudo a ESPN. "Tive acesso a ESPN americana aos 12 anos e aí comecei a ver aquilo e falar 'meu o que é isso, cara?'. Eles colocavam conteúdo bem feito, produzido nos intervalos, falei 'caraca, isso é muito bom'. Vi NFL, NBA e o espetáculo que era, e os intervalos dos caras entravam as animadoras de torcida, eu falava 'mano do céu, a gente está muito atrasado'", declarou em recente entrevista ao podcast Máquina do Esporte.

Tiago defendeu seriedade na transmissão esportiva, mas sem esquecer que também é entretenimento. "Claro que [a cobertura esportiva] tem que ter jornalismo, informação, seriedade, imparcialidade na análise, apuração, mas no fundo, no fundo, a gente está falando de entretenimento, a gente está cobrindo um negócio que é diversão pura e as pessoas compram porque querem se divertir".

Para Leifert, o Brasil "trata mal" os fãs de esportes seja na ida aos estádios ou ao assistir pela TV. "[No Brasil] a gente trata mal de mais os nossos fãs. A experiência do estádio é péssima e a experiência até do consumo na televisão é muito ruim, tem muita coisa ruim ainda, muita coisa que dá para melhorar. Eu acho que ficou para trás, a gente se contenta com muito pouco. [Uma pessoa] vai para os EUA assistir ao jogo do Orlando Magic, quando ele volta todos falam 'a gente tá muito atrasado'. O nosso espetáculo é péssimo".

Sem citar o nome da Globo, ele detonou a transmissão no país, que "piorou" com demissões de profissionais acostumados com a cobertura de esportes. "A nossa transmissão ainda é igual. Há muitos anos a gente faz a mesma coisa. E antes a gente tinha mais câmera ainda, agora tem menos câmera. Foi piorando a transmissão, barateando, espremendo a margem, colocando gente para trabalhar na transmissão que não tem apego ao produto, que não entende a história que está sendo contada".

Ele citou a experiência obtida no esporte da Globo. "Eu trabalhava na máquina de salsicha, quer dizer, a gente estava lá, eu conheço as pessoas, e eu assisti muitas horas de futebol, decupei muitos jogos, eu sabia quem estava trabalhando lá. E eu vou dar um exemplo para vocês, não estou culpando o profissional que estava lá, jogo São Paulo e Palmeiras, a Supercopa agora [transmitida pela Globo], um dos primeiros lances do jogo, a câmera um tá mostrando o jogo no geral, o Luciano divide bola com Gustavo Gomes ou o Piquerez, sai faísca da dividida, uma coisa horrorosa, um operador e diretor experiente não ia seguir a bola [saindo dos gramados], ia ficar parado, começar a fechar na confusão... [Mas] a câmera seguiu a bola. Isso é uma coisa que não aconteceria se a gente tivesse ainda os diretores velhinhos que eu tive".

Tiago Leifert defendeu que os novos profissionais sejam treinados para melhorar a qualidade da transmissão. "Agora vai ter que treinar muita gente, mudou muito, muita gente saiu. Tenho um olhar muito crítico porque eu trabalhei lá, então tenho olhar mais apurado para saber que aquilo estava errado. Acho que em casa ninguém percebeu [a falha no jogo da final da Supercopa], mas é uma coisa que grita para mim".

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