Hozier nunca tocou no Brasil, mas já curtiu samba no RJ: 'Achei fascinante'
Nesta semana, Hozier desembarca no Brasil para sua primeira apresentação por aqui em mais de dez anos de carreira. Mas essa não é a primeira vez que ele visita o nosso país!
Em entrevista a Splash, o irlandês conta que já viajou para o Rio e se apaixonou pelas rodas de samba. "Foi uma das minhas experiências musicais preferidas, ver o público quase virando o vocalista ou a segunda voz, cantando todas as músicas em harmonia a noite inteira. Esse samba tradicional mais antigo e as suas histórias, achei fascinante".
Os shows de Hozier são conhecidos pela atmosfera calma e idílica — muito diferente da energia do público por aqui. Quando ele anunciou seus primeiros shows na América Latina, quem costuma ver vídeos de suas apresentações em outros países logo se preocupou com um possível choque de culturas. O músico, no entanto, tranquiliza os fãs: "Isso faz parte da música ao vivo, em cada lugar do mundo o público se comporta de uma maneira. Dá para sentir do palco, tem coisas regionais e culturais que influenciam como as pessoas comemoram, como se reúnem, como se expressam".
Sinceramente, de cima do palco, a diferença entre um show bom e um show ruim é o quanto a plateia se diverte. O show só pode ser tão bom quanto a experiência do público. Eu posso errar uns acordes ou esquecer as letras, e nunca vou ficar feliz com isso, mas se a plateia se divertiu, o show foi bom. Hozier
"As minhas experiências na América Latina têm sido ótimas. Acabamos de fazer dois shows no México e fiquei feliz demais ouvindo as pessoas cantando em inglês músicas que nem em países de língua inglesa o público canta tão alto e com tanta clareza. Foi uma surpresa enorme, e uma experiência muito feliz", relembra.
O músico costuma rechear suas músicas com referências literárias. Em seu álbum mais recente, "Unreal Unearth", ele fala sobre o fim de um relacionamento durante a pandemia — mas também estrutura a obra de forma que cada música corresponda a um círculo no inferno de "A Divina Comédia", de Dante Alighieri. Mesmo com tantas referências cultas, ele diz não se preocupar com a possibilidade de o público não entender suas composições:
Eu acho que quem quiser explorar as referências vai atrás disso. Espero que isso aprofunde a experiência dessas pessoas, mas as referências são coisinhas divertidas que eu incluo para mim mesmo. Quando me perguntam, eu explico do que eu estava falando, mas não é necessário. Hozier
"Eu quero muito que as músicas também sejam algo de que as pessoas possam desfrutar na superfície. Não quero jogar ninguém aos leões, como se você não pudesse entender a música se não entende os conceitos. Eu amo uma música bonita, espero que o meu trabalho possa ser apreciado assim."
Seu primeiro hit, "Take Me To Church" (2013), é uma crítica à homofobia nas igrejas. Onze anos depois, Hozier continua misturando temas românticos e políticos em suas músicas. "Para mim, é divertido explorar como essas duas coisas coexistem. As circunstâncias políticas em que você vive se infiltram na sua relação com as pessoas ao seu redor, sabe?"
A história de amor não existe no vácuo. Ela existe numa sociedade viva. O pessoal e o político existem lado a lado, no mesmo espaço. Hozier
"Acho que, enquanto instituições religiosas ainda influenciarem a legislação, essa influência vai continuar chegando até mim e eu vou encontrar temas sobre os quais quero falar. Acho que esse foi o caso em músicas como 'Swan Upon Leda' [em que Hozier compara um mito grego à restrição do acesso ao aborto seguro]. Tem temas que eu sinto que já explorei e quero mudar o foco para coisas mais leves ou divertidas. Mas às vezes isso volta a ser o tema, sinto que minha mente não está fechada", conclui Hozier.
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