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O que é Shonen e Shoujo? Entenda as demografias dos mangás japoneses

Imagens dos mangás "Jujutsu Kaisen", "Yona - A Princesa do Alvorecer", "Berserk" e "Wotakoi" Imagem: Montagem: Reprodução/Shueisha/Hakusensha/Ichijinsha

Fábio Garcia

Colaboração para Splash, em São Paulo

18/03/2024 12h00

É normal ver em discussões sobre anime e mangá algumas palavras como "shonen", "shoujo" ou "seinen". Embora sejam termos já bem conhecidos do público mais imerso na cultura otaku, o conceito de demografia pode parecer alienígena para quem está chegando agora. Pensando nisso, Splash fez um guia para explicar esses conceitos e apresentar alguns erros bem comuns.

Guia das principais demografias:

Mangás "Demon Slayer" e "Nanatsu no Taizai: The Seven Deadly Sins" Imagem: Reprodução/Shueisha/Kodansha

Shonen

A palavra "shonen" quer dizer literalmente menino/garoto, e é usada para mangás destinadas ao público jovem masculino abaixo dos 18 anos. As séries de maior sucesso no mundo se encaixam nessa demografia, como "Demon Slayer", "Dragon Ball", "Naruto", "One Piece", "Fullmetal Alchemist" e por aí vai.

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A maior revista de mangás do mundo, a Shonen Jump, é o lar de títulos dessa demografia como "Yu-Gi-Oh!", "Jujutsu Kaisen", "Undead Unluck", "Nisekoi", "Haikyu" e outros.

Há outras duas grandes revistas especializadas em mangás shonen: a Shonen Magazine, de séries como "Fairy Tail", "Nanatsu no Taizai: The Seven Deadly Sins", "Noragami" e "Tokyo Revengers", assim como a Shonen Sunday de "InuYasha", "Frieren e a Jornada para o Além", "Komi Não Consegue se Comunicar" e "Magi".

Mangás "Sailor Moon" e "Kimi ni Todoke" Imagem: Reprodução/Kodansha/Shueisha

Shoujo

A palavra "shoujo" significa menina/garota em japonês. Os mangás dessa demografia são destinados ao público feminino abaixo dos 18 anos. Há uma variedade grande de revistas shoujo, algumas destinadas a um público mais novo e outras mais focadas nas adolescentes.

A revista Ciao, por exemplo, publicou alguns clássicos como "Utena" e "Super Pig". Arevista Nakayoshi foi a casa dos sucessos "Sailor Moon" e "Card Captor Sakura" enquanto a Bessatsu Margaret trouxe mangás como "Aoharaido", "Orange" e "Kimi ni Todoke".

Mangás "20th Century Boys" e "Vinland Saga" Imagem: Reprodução/Shogakukan/Kodansha

Seinen

Mangás destinados ao público masculino adulto. No entanto, isso não quer dizer que aqui vamos encontrar histórias pesadas ou com teor proibido para menores de idade.

Entre as revistas especializadas nesse público adulto estão a Young Magazine, de mangás como "My Home Hero", "Akira" e "Boys Run the Riot", a revista Big Comic Spirits, de "Aoashi" e "20th Century Boys", e também o almanaque Afternoon, de obras como "Blue Period" e "Vinland Saga".

Mangás "Nana" e "Perfect World" Imagem: Reprodução/Shueisha/Kodansha

Josei

As principais demografias estão destinadas ao público feminino adulto. Tal qual no seinen, isso não é garantia de encontrarmos tramas pesadas. Entre as principais revistas josei estão a Cookie, de "Nana" e "Clover", a Kiss, de "Nodame Cantabile" e "Perfect World" e também a finada revista You, de "Escamas Azuis - O Segredo da Cidade de Areia".

Atenção: demografia não é gênero!

Como dito, esses termos em japonês representam demografias, ou seja, se referem ao público-alvo de cada revista. Um dos erros mais comuns na comunidade otaku é considerar que se trata de "gêneros" de história, o que leva a muitas reduções equivocadas.

É errado achar que "shonen são histórias de ação" e "shoujo são histórias de romance", porque existem mangás shonen com tramas de amor assim como existem os shoujo focados em lutas. O drama romântico "Your Lie in April" é um shonen, assim como algo como "Guerreiras Mágicas de Rayearth" é classificado como shoujo.

Mangá "Fullmetal Alchemist" Imagem: Reprodução/Square-Enix

Também é um equívoco dizer que "shonen são histórias feitas por homens" e "shoujo são mangás feitos por mulheres" porque o oposto acontece com muita frequência. Hiromu Arakawa, de "Fullmetal Alchemist", é uma mulher publicando mangá shonen assim como Osamu Tezuka, um homem, fez o mangá shoujo "A Princesa e o Cavaleiro".

O que define um mangá como "shonen", "shoujo", etc é a revista na qual ele foi publicado: se uma história sai em uma revista shonen, ela é shonen e ponto final. Isso inclusive leva a algumas confusões, como em exemplos nos quais um mangá começa a ser publicado em uma revista de uma demografia e é transferido para outra: "Orange" começou a ser publicada em uma revista seinen e depois se mudou para um almanaque shoujo.

O fim das demografias?

Nos últimos anos, o Japão parece ter repensado esse conceito de demografia e um dos principais motivos seria a mudança no público leitor das revistas.

A Shonen Jump é o maior expoente de mangás para rapazes adolescentes, mas a porcentagem de leitores maiores de idade e mulheres tem se tornado cada vez mais considerável. Além disso, com as revistas digitais, fica mais complicado dizer que tal mangá é para esse ou aquele público.

Seria o caso de acabar com o conceito de demografia? Recentemente a editora Shogakukan aboliu a divisão por demografia de sua premiação anual, teoricamente para ser mais justo e premiar mangás conforme o conteúdo das histórias.

No entanto, uma crítica apontada é de como isso pode acabar ofuscando séries produzidas para demografias femininas, que normalmente já recebem menos atenção por parte do meio editorial (mesmo quando vendem tão bem, ou até mais, que as de demografia masculina).

Tanto que na própria premiação da Shogakukan não houve um mangá shoujo ganhando prêmio, somente um josei. Ou seja, essa é uma discussão que ainda vamos acompanhar o desdobramento.

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