OPINIÃO
BaianaSystem transforma Lollapalooza em Pelourinho com vista para o Caribe
Claudia Assef
Colaboração para Splash, em São Paulo
22/03/2024 22h11
Quem trocou o palco da cerveja pelo alternativo no horário nobre das 19h deixou o saudosismo para trás e entrou de cabeça no Brasil atual.
Enquanto The Offspring fazia um show tecnicamente perfeito e cheio de hits para relembrar os anos 1990, o BaianaSystem trouxe ao palco do Lolla um Brasil atual, recheado de crítica social, referências cabeçudas e um suingue que só a Bahia tem.
Relacionadas
Debaixo de chuva, o palco virou uma extensão do Pelourinho com vista para o Caribe, em especial nos momentos em que a cantora chilena Claudia Manzo entrou para cantar junto com Russo "Sul-Americano", música inspirada na escritora feminista Lélia Gonzalez.
"Lucro" foi cantada por toda a plateia molhada debaixo de uma chuva insistente. Resistente a plateia, resistência em forma de banda no palco.
BaianaSystem trouxe a festa da Bahia com tempero de luta. A luta do Baiana vem na forma de um bololô sonoro, que abre a roda para hip hop, metal, eletrônico, afoxé, capoeira, macumba, com as bençãos de Armandinho, o inventor da guitarra baiana, um dos carros chefes do som, desse que é mais um coletivo do que uma banda.
Se você não vai a Salvador, Salvador veio com força até o Lolla. Sorte do público ter no dia de abertura uma atração que traz a vanguarda da vanguarda da cidade mais criativa do Brasil musicalmente.
No telão, uma projeção da atriz Alice Carvalho, estrela da canção "A Vida É Curta pra Viver Depois", trouxe um manifesto nordestino que foi aplaudido de pé. Um axé com força suficiente até para secar a roupa molhada de chuva.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL