'Roubado e sem suporte': Fãs de Caetano e Bethânia sofrem com fraude

Alguns fãs de Maria Bethânia e Caetano Veloso viram o sonho se tornar um pesadelo ao comprarem ingressos falsos para os shows da dupla.

O que aconteceu

O gerente de marketing Luis Lisboa, 30, relata a Splash ter sido uma das vítimas da fraude e perdido R$ 735. "Estava buscando ingresso para comprar para o show de 14 de dezembro, e entrei na fila virtual do site da Ticketmaster Brasil. Nisso, um amigo que também estava tentando comprar disse que não tinha fila para ele."

Ao perceber que estava em um número distante para efetuar a compra no site da Ticketmaster Brasil, Lisboa procurou novamente no Google as palavras 'Ticketmaster', 'Caetano' e 'Maria Bethânia'. Logo, encontrou um link patrocinado muito parecido com url oficial: caetanoebethania-ticketmaster.com.

Entrei no site e a navegação era exatamente igual. Selecionei as três meias que eu iria comprar e vi que só tinha a opção de pix como método de pagamento. Estranhei, mas como era a única opção, achei que poderiam estar com o fluxo de caixa baixo para fazer o show. Gerou um QR Code de pix e eu paguei.
Luis Lisboa

A demora para receber um email de confirmação aumentou a suspeita. "Esperei algumas horas o email de confirmação chegar, afinal era pix e demora um pouco mais, mas esse email nunca chegou."

Ao procurar o Instagram da Ticketmaster, a empresa oficial da venda de ingressos do show, havia um comunicado sobre possíveis fraudes. "Vi que eles haviam postado que essa url não era verdadeira e no pix tem que aparecer 'Ticketmaster'." Segundo apuração de Splash, foram feitas contas em diferentes instituições financeiras para o golpe.

Luis Lisoba pediu o estorno da transação e recebeu o valor total da compra. Ele também fez um boletim de ocorrência, por usar seus dados para efetuar a falsa compra.

Me sinto roubado e sem suporte nenhum, ou seja, totalmente vulnerável e desamparado.

Caetano Veloso se apresenta ao lado de Maria Bethânia em dezembro
Caetano Veloso se apresenta ao lado de Maria Bethânia em dezembro Imagem: Divulgação
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O mesmo aconteceu com a arquiteta Cecília Reichstul, 42, que perdeu R$ 960 no golpe. A Splash, ela conta uma história muito parecida com a de Luis Lisboa: procurou 'ticketmaster' no Google e encontrou o link 'caetanoebethania-ticketmaster.com' como patrocinado.

Cliquei no show do Rio e foi pedindo informações. Paguei por pix, R$ 960. Me dei conta que era um golpe quando vi o nome e não era Ticketmaster.

Vídeo mostra o site falso com ingressos à venda. Assista abaixo:

Cai no golpe, e agora?

Segundo Renata Abalém, advogada e membro da Comissão de Direito do Consumidor da OAB/SP, o consumidor lesado deve se municiar de todas as provas do que aconteceu, inclusive os prints da página do buscador. "Depois, fazer uma reclamação no Procon e, com o protocolo, fazer um boletim de ocorrência na Polícia Civil, pois se trata de prática criminosa. De posse desses documentos e comprovantes de pagamento e prints do negócio, aí, sim, pode acionar o buscador."

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A Splash, a advogada explica que o Google pode ser responsabilizado. "Uma vez que o Google é uma plataforma de anúncios e vendas (é um negócio e ele fatura com isso), um dos seus deveres é garantir a segurança dos seus usuários. "Assim, o Google deveria ter verificado a idoneidade e a veracidade desses anunciantes que contratam a plataforma para veicular anúncios. Não o fazendo e causando prejuízo aos consumidores, o Google tem responsabilidade solidária e sim, deve ressarcir os consumidores prejudicados."

O que diz o Google

A url 'caetanoebethania-ticketmaster.com' continua em funcionamento.

À reportagem, o Google enviou uma nota dizendo ter "políticas robustas que delimitam a forma como pessoas e empresas podem anunciar produtos por meio do Google Ads, incluindo a proibição de anúncios que tentem confundir usuários e de produtos e serviços que induzam comportamento desonesto."

"Quando identificamos uma violação às nossas políticas, agimos imediatamente suspendendo o anúncio e, até mesmo, bloqueando a conta do anunciante. No total, apenas em 2022, nós bloqueamos ou removemos 142 milhões de anúncios globalmente por violações à nossa política de deturpação e 198 milhões de anúncios por violar nossa política de serviços financeiros."

"Se algum consumidor suspeitar ou for vítima de golpe, oferecemos uma ferramenta para denunciar violações de nossas políticas."

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