Offspring relembra os 1990, e Jungle transforma o Lolla em discoteca
De um lado, um desfile de hits rápidos e com refrões que permanecem na cabeça desde os anos 1990. Do outro, um show elétrico que parece uma discoteca recheada por funk, house, electro e rock. Assim foram as passagens de The Offspring e Jungle pelo Lollapalooza 2024, na sexta-feira. Foram duas das melhores apresentações que esse festival já presenciou.
Não interessa que eles já vieram incontáveis vezes ao Brasil, ou que o seu auge ficou lá atrás: para o público que encheu o palco no início da noite, o Offspring era a banda certa no lugar certo.
A chuva, naquele momento, castigava o autódromo de Interlagos. Tudo certo para quem pulava ao som de "Come Out and Play", que abriu o show gritada com vontade pelo vocalista Dexter Holland.
Os hits vinham um atrás do outro: "Original Prankster", "Gotta Get Away". Teve espaço até para um cover de "Blitzkrieg Pop", dos Ramones.
Ao final, após o encerramento com "Self Esteem", Holland estava visivelmente emocionado com o público, que dançava e pulava sob a intensa chuva.
Pouco antes, no final da tarde, no palco Samsung Galaxy, os ingleses Jungle transformaram o Lollapalooza em uma discoteca.
Uma discoteca deliciosa, em que dava para pescar referências diversas: Stevie Wonder, Prince, Daft Punk, Primal Scream (da fase "Moving on Up"). Tudo ali, junto e misturado. E feito com uma personalidade única.
Jungle é uma dupla, mas ao vivo ganha o apoio de outros músicos. O som sai encorpado, nítido.
A dinâmica do show é especialmente bem feita: a banda emenda uma música atrás da outra, como se estivessem sendo mixadas por um DJ (como fazem outros nomes, como Soulwax, Hot Chip, LCD Soundsystem). Não dá tempo para respirar, a dança é contínua, e a temperatura vai lá para cima.
Algumas faixas, como "Candle Flame" e "I've Been in Love", são cantadas por rappers (Erick the Architect na primeira, Channel Tres na segunda). As vozes estão pré-gravadas, e a imagem deles é vista nos telões.
O repertório do show vai de faixas mais antigas, como "The Heat", a outras recém-nascidas, como "Problemz". E o Jungle é daquelas bandas que conseguem fazer com que as músicas fiquem ainda melhores nos shows. Bandas assim merecem todo o respeito.
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