Lolla: misturando funk e Michael Jackson, MC Livinho não quer ser exceção

MC Livinho surpreendeu os fãs ao anunciar que seu show hoje no Lollapalooza terá um tributo a Michael Jackson — com direito a figurino, coreografia e covers do rei do pop.

Na apresentação, Livinho quer mostrar seus talentos sem deixar de representar o funk. Em entrevista a Splash, ele conta que até se sente elogiado quando os fãs pedem que ele deixe o funk e use seu alcance vocal para explorar outros gêneros musicais, mas também vê preconceito nesses comentários: "Eu não quero só que falem: o Livinho é diferente. Quero que falem também de outros artistas que virão, que já estão aqui. É legal ser reconhecido assim, mas eu gostaria que fosse mais abrangente".

Eu creio que no nosso movimento também tem outros que têm grande talento, que tocam instrumentos. Só que o funk é desvalorizado por pessoas leigas que não sabem se aprofundar na cultura.
MC Livinho

Nos ensaios para o tributo, ele até aprendeu o moonwalk com Rodrigo Teaser, o cover mais famoso de Michael Jackson no Brasil. "Com certeza vamos mostrar o nosso melhor em cima daquele palco. Para marcar essa geração e para que o meu filho e os meus fãs sempre vejam. Que eu seja uma referência boa a ser seguida por moleques periféricos por todo o nosso país. E mostrar as minhas referências, também", conta.

Neste ano, o Lolla terá representantes do funk em todos os dias de programação. MC Davi, que vai dividir o palco com Livinho, argumenta que essa é uma conquista de várias gerações do gênero: "Foi uma luta de todo o movimento. MC Marcinho, MC Sapão, DJ Marlboro, eles vieram lá atrás como precursores colocando tijolinho na estrada onde a gente tá passando hoje. E a gente tá colocando mais tijolinhos para que outros artistas tenham oportunidades".

O motivo de os funkeiros estarem lá hoje, além da luta dos nossos antecessores, é a qualidade que a gente vem trazendo. A gente mostra isso nas músicas, em performance.
MC Davi

Livinho relembra ocasiões em que foi menosprezado por ser do funk. "Eu já passei por momentos em que disseram: esse cara é funkeiro, que camarim ele tem que ter? Briguei por camarim, já fui interpretado como fresco. Eu era fresco por pedir um camarim, mas artistas de outros estilos musicais no mesmo evento tinham camarim, tinham logística, tudo certinho. Parecia que estavam fazendo um favor por me colocar ali".

Ele conta que se aperfeiçoou tecnicamente para ser levado a sério. "Tive que não só bater de frente, mas mostrar resultado. Foi aí que investi no conhecimento, na voz, em fonoaudióloga, aprender instrumentos. Investi cada vez mais no artista Livinho, para que quando eu fosse cobrar eu pudesse entregar a nível".

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