As difíceis gravações de um filme brasileiro em um parque de Orlando, EUA
"Dois É Demais em Orlando" chegou aos cinemas na última quinta-feira (28) e acompanha a história da amizade improvável entre João (Eduardo Sterblitch) e Carlos Alberto (Pedro Burgarelli), obrigados a passarem as férias juntos nos parques da Universal Studios, em Orlando (EUA).
Mais de 80% do filme se passa em um dos complexos, fato que elevou a produção a um nível além de uma simples comédia: foram 45 dias nos Estados Unidos, nos parques de diversão, para conseguir as filmagens necessárias. Splash conversou com a produção do longa e descobriu as dificuldades e curiosidades sobre "Dois É Demais em Orlando".
Aprovação do Spielberg
Para poder gravar nos parques da Universal, foi preciso a aprovação não apenas da gestão do complexo, mas também dos donos das propriedades intelectuais de cada um dos personagens que aparece no filme. Por exemplo, a dinossauro Blue, do filme "Jurassic World", tem bastante destaque em "Dois É Demais em Orlando", portanto, foi preciso da aprovação da produtora de Steven Spielberg — criador de toda a série dos animais jurássicos.
Gosto de pensar que, de um jeito ou de outro, Spielberg sabe do nosso filme.
Diego Paiva, produtor
Em conversa com Splash, Luciana Boal Marinho, produtora do longa, conta que essas liberações foram um dos maiores desafios. "Para isso, tivemos que mandar os roteiros, as cenas tinham que se aprovadas. Foi um grande processo porque a aprovação é do dono da propriedade intelectual. Aqui tem propriedades da Warner, da Marvel... São empresas inteiramente diferentes. Essa foi uma das coisas mais desafiadoras."
Nos parques da Universal, algumas das atrações mais procuradas são as de Harry Potter. No entanto, a produção não teve a autorização da empresa responsável para gravar nas áreas. Com a negativa, nada que remetesse ao universo do bruxo poderia aparecer. "Por um lado, graças a Deus, porque é o mais cheio do parque e seria muito difícil filmar", brincou Marinho. "Diversas vezes tivemos que interromper as filmagens porque aparecia alguém usando chapéu ou capa de Harry Potter."
Gravações
A outra grande dificuldade enfrentada por "Dois É Demais em Orlando" foi conseguir gravar nos parques da Universal, em Orlando. A produção contou a Splash sobre a rotina e revelou ser preciso acordar à 1h todos os dias.
Montamos um esquema para gravar e não atrapalhar ninguém, o que acho que é o mais importante. Foi bem complexo, a gente acordava uma da manhã. Precisava maquiar e já estar trabalhando com o parque fechado nas cenas mais controladas.
Rodrigo Van Der Put, diretor
O almoço era servido às 7h e o dia de trabalho se encerrava às 15h, algo desafiador para Eduardo Sterblitch. "A minha maior dificuldade foi dormir. A gente chegava no hotel às 15h. E eu pensava: 'o que eu vou fazer?'. Não poderia fazer compras, porque não sou rico e não dava para comprar em real. Não dava para comer em restaurante pelo mesmo motivo. Então eu tinha que ficar no quarto lidando com essa ansiedade."
Uma vez acordados, era preciso gravar nas atrações. Filmar dentro da VelociCoaster, a montanha-russa inspirada em "Parque dos Dinossauros", deu bastante trabalho para a produção. Veja abaixo como é o brinquedo.
Nosso plano de filmagens tinha três dias e não podia mudar. Eram 200 pessoas envolvidas por questões de segurança, e para colocar as câmeras, só as equipes autorizadas do parque. Entrávamos as três da manhã, rodávamos das 6h até as 8h. A gente repetiu esse processo por três dias. Mas depois que tirávamos a câmera, o parque ainda fazia milhões de testes.
Luciana Boal Marinho, produtora
Eduardo Sterblitch e Pedro Burgarelli têm cenas gravadas diretamente da montanha-russa, mas as suas reações não foram atuadas. A produção não deixo que eles fossem à atração antes de gravarem, então, "foi um react", qualificou Sterblitch.
A ideia
O produtor Diego Paiva foi um dos criadores do argumento de "Dois É Demais em Orlando" e se baseou no sonho do brasileiro de conhecer os parques de Orlando. A história tomou forma e foi apresentada à Universal Pictures — a divisão de filmes da empesa —, que aprovou o projeto.
Recebi a ideia do filme com surpresa e uma alegria muito grande. A partir do momento que você vê um roteirista colocar sua cabeça para funcionar e a Universal ser o pano de fundo para a história, nos encheu de orgulho. Recebemos de braços abertos e começamos a trabalhar para viabilizar.
Marcos Barros, VP de Marketing e Vendas da Universal Destinations & Experiences para a América Latina
Para o executivo, um filme voltado ao público brasileiro é bastante positivo, pois ele o considera "fiel e crítico" para o sucesso dos parques. "Por meio de parcerias como essa, queremos aumentar esse sonho de ir para Orlando, conhecer nossos parques e nossos hotéis. Vivemos uma relação de amor de longo prazo com o público brasileiro", conclui.
*A repórter viajou a Orlando a convite da Universal Destinations & Experiences