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Zé Arigó, de filme na Netflix, incorporava espírito e operava com faca

Zé Arigó, conhecido por fazer cirurgias espirituais Imagem: ARQUIVO/ESTADÃO CONTEÚDO/AE

Colaboração para Splash, em São Paulo

05/04/2024 04h00

"Predestinado", filme que entrou recentemente no catálogo da Netflix, narra a história do médium Zé Arigó. O longa, um dos mais vistos na plataforma, tem Danton Mello na figura do médium.

Quem é Zé Arigó

Zé Arigó foi um médium que ficou conhecido por realizar cirurgias espirituais com o auxílio do espírito de Dr. Adolph Fritz, médico alemão que morreu no período da Primeira Guerra Mundial.

O médium nasceu em Congonhas (MG) em 1921. Sua história foi registrada no livro "Arigó e o espírito do Dr. Fritz" (1974), de John Fuller.

Foi por volta de 1950, quando tinha 30 anos, que Zé Arigó começou a desenvolver seu dom. No início, suas visões fizeram com que ele achasse que estava ficando louco. Além de uma forte luz, ele ainda ouvia uma voz grossa.

Depois de muitos sonhos com um homem que usava um avental branco, o espírito do médico teria se apresentado para ele. Foi o suficiente para Arigó sair gritando, pelado, pelas ruas. O médium, então, passou por uma série de exames psiquiátricos, que nada apontaram, e até por uma sessão de exorcismo.

Zé Arigó dizia incorporar o espírito de Dr. Fritz, médico alemão Imagem: ARQUIVO/ESTADÃO CONTEÚDO/AE

Com a persistência do espírito que o acompanhava, um dia Zé Arigó resolveu atender aos pedidos e auxiliar um amigo que andava com auxílio de muletas. E seu "paciente" conseguiu caminhar normalmente. Assim, o médium passou a ajudar as pessoas, segundo narram seus biógrafos.

Um de seus pacientes mais famosos foi o ex-senador Lúcio Bittencourt, na época candidato a deputado federal. Ele sofria com um câncer de pulmão e os médicos haviam indicado uma cirurgia nos Estados Unidos, sem muita esperança. Ele seguiu sua campanha e, durante a passagem por Congonhas, conheceu Arigó. Os dois foram juntos para Belo Horizonte e, em uma noite em um hotel, Bittencourt viu um vulto entrar em seu quarto e fazer uma cirurgia. Na manhã seguinte, o tumor tinha sido removido, conforme relatou Bittencourt.

Zé Arigó era católico e, mesmo com a reprovação da Igreja, ele abriu uma clínica que atendia, gratuitamente, cerca de 200 pessoas por dia. Elas vinham, inclusive, de outros países.

O médium ainda enfrentou a Justiça — foi acusado de "curandeirismo" e condenado a 15 meses de prisão. No entanto, recebeu indulto do presidente Juscelino Kubitschek, que também teve a filha tratada por Arigó para retirar dois cálculos renais.

Uma das coisas que chamavam a atenção em suas cirurgias era o método rústico. Ele usava ferramentas como canivetes, facas e navalhas, na frente de todos, sem aplicar anestesia.

O médium tinha, muitas vezes, um estilo grosseiro com as pessoas e alguns, que fingiam estar doentes, tomavam broncas. "Vai para casa, você só comeu demais", dizia. O fato é narrado por Herculano Pires no livro "Arigó: vida, mediunidade e martírio".

Ele morreu em 1971, depois de sofrer um acidente na BR-040. Arigó teve um mal súbito enquanto dirigia e se chocou com outro carro.

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