A 'desastrosa' entrevista do príncipe Andrew sobre Epstein que virou filme
A Netflix lançou, na última sexta-feira (5), o filme "A Grande Entrevista". O longa-metragem conta a história da entrevista desastrosa concedida pelo príncipe Andrew no auge do caso Jeffrey Epstein. Amigo do bilionário e agressor sexual, ele também havia sido acusado de abuso por uma das vítimas de Epstein, Virginia Giuffre.
A entrevista conduzida pela jornalista da BBC Emily Maitlis foi ao ar em 16 de novembro de 2019 e deu início à derrocada do príncipe, virando piada pelas respostas absurdas e "sem-noção" de Andrew.
Andrew disse que não suava nos anos 2000 porque teve uma "overdose de adrenalina" após atirarem em sua direção na Guerra das Malvinas. A jornalista descreveu as acusações de Giuffre, que afirmou em depoimento que Andrew estava "muito suado" na primeira noite em que teria abusado dela, em 2001. "Eu tenho uma condição médica peculiar que não me deixa ou não me deixava suar", respondeu o príncipe. Médicos divergem sobre a possibilidade de deixar de suar após um pico de adrenalina.
O príncipe disse que não poderia ter abusado de Giuffre porque, na data em que ela alegou que o crime aconteceu, ele estava em uma festa de aniversário com a filha em uma pizzaria. Maitlis questionou por que Andrew se lembrava tão bem de uma festa em uma pizzaria, e Andrew disse que "ir a uma [pizzaria de rede] em Woking [cidade a 36 km de Londres] é algo incomum para mim, algo muito incomum. Eu só estive em Woking algumas vezes e, estranhamente, me lembro muito bem disso."
Andrew também disse que não poderia ter comprado bebida para Giuffre em uma boate que visitava frequentemente porque não sabia onde ficava o bar do local. "Eu não sei onde fica o bar na Tramps. Eu não bebo. Acho que nunca comprei bebida na Tramps nas ocasiões em que estive lá."
Questionado sobre uma foto em que aparece abraçando Giuffre pela cintura ao lado de Ghislaine Maxwell [amiga e comparsa de Epstein] na casa da socialite, Andrew disse que a foto poderia ter sido editada, porque ele estava com "roupas que usa para viajar". "Definitivamente sou eu na foto, é uma foto minha. Mas não acredito que seja uma foto minha em Londres, porque quando eu saio em Londres, uso terno e gravata. Essas roupas eu descrevo como 'roupas para viajar'. Há muitas fotos minhas vestido com esse tipo de visual, mas não em Londres", disse. Há várias fotos de Andrew usando roupas similares em festas.
Ele afirmou que não se arrependia da amizade com Epstein, que a relação com o bilionário trouxe "bons resultados em outras áreas". Epstein cometeu suicídio na cadeia em julho de 2019, onde aguardava julgamento, acusado de tráfico sexual. Ele já havia sido condenado e preso por um crime sexual em 2008. "Ainda não [me arrependo da amizade com ele], em razão das pessoas que conheci, e as oportunidades de aprendizado que tive com ele ou por causa dele foram muito úteis, na verdade", disse Andrew, sem citar as vítimas.
Andrew disse que se hospedou por dias na casa de Epstein em Nova York em 2010, enquanto ele cumpria pena por um crime sexual, só para "terminar a amizade" com ele. Na ocasião, eles foram fotografados caminhando pelo Central Park. "Eu fui lá só para dizer que, porque ele havia sido condenado, era inapropriado sermos vistos juntos. [...] Por ser um assunto sério, senti que fazer isso por telefone seria o jeito 'medroso' de resolver a situação. Eu tinha que vê-lo e conversar com ele." Questionado sobre o porquê de ter se hospedado na casa do criminoso, Andrew disse que era um "lugar conveniente para ficar".
Outros trechos inusitados do diálogo entre Maitlis e Andrew marcaram a entrevista. Após a jornalista dizer que ele deu uma festa de aniversário para Maxwell na propriedade real de Sandringham, Andrew a corrigiu e disse que foi apenas um "simples fim de semana de caça". Maitlis também reagiu com incredulidade quando Andrew descreveu o comportamento de Epstein como "inapropriado": "Inapropriado? Ele era um agressor sexual", rebateu ela. "Sim, desculpe, eu estava sendo polido. Quis dizer que ele era um agressor sexual", respondeu o príncipe.
Repercussão foi "catastrófica"
Poucos dias depois da transmissão da entrevista, o príncipe deixou suas funções na realeza.
Em 2021, ele foi processado por Giuffre por abuso sexual.
Em 2022, perdeu seus títulos militares, deixou de ser patrono de mais de 200 organizações e projetos de caridade, além de abdicar do título de "Sua Alteza Real".
Newsletter
SPLASH TV
Nossos colunistas comentam tudo o que acontece na TV. Aberta e fechada, no ar e nos bastidores. Sem moderação e com muita descontração.
Quero receberAinda em 2022, ele fez um acordo com Giuffre na Justiça, colocando fim no processo.
Deixe seu comentário