'Uma Família Feliz' teve esquema e psicóloga para gravação com crianças
A produção de "Uma Família Feliz" tomou cuidado ao gravar cenas pesadas com as atrizes mirins Luiza Antunes e Juliana Bim, que fazem as personagens Sara e Angela, respectivamente.
O filme conta com sequências de violência e insinuações de abuso e, para as filmagens, o diretor José Eduardo Belmonte tomou o cuidado de não abrir detalhes às crianças. "Elas sabiam que a Angela era má, por exemplo. Mas não sabiam tudo", contou a Splash.
A preparadora de elenco Ariela Goldmann trabalhava de maneira lúdica com as atrizes mirins. "A Angela aprendeu que, se gritasse 'mãe' enquanto respirava como cantores líricos, ficava da maneira perfeita, não precisava ter sentimento. Ela foi acessando várias coisas de forma lúdica e tinha várias coisas muito interessantes."
Uma psicóloga estava presente a todo tempo durante as filmagens, assim como as mães de Juliana e Luiza. "A gente tentou manter um set lúdico e leve, porque sabia que a história era muito pesada e tinham crianças no set."
Reynaldo Gianecchini, ator que vive Vicente, o pai de Angela e Sara no filme, contou amar trabalhar com crianças, e explicou que as atrizes não foram expostas. "Em cada cena, o Belmonte criava uma situação lúdica e elas viviam perfeitamente ali, e arrasavam. Assim, elas não foram expostas a nenhuma coisa difícil quando pudessem traumatizá-las."
Grazi Massafera, a protagonista de "Uma Família Feliz", achou "delicioso" interpretar uma mãe no filme. "Foi ótimo colocar vários pontos da maternidade para reflexão, pois lidamos com uma naturalidade fake.[...] Poder colocar essa mulher num filme que não é específico de maternidade, é um gênero suspenso, carregada com tantas reflexões, onde as mulheres podem se identificar, se reconhecer e tomar partido a partir disso, é ótimo."
A gente é humano, é influenciado pelo ambiente que vivemos, pelos hormônios provocados durante a gravidez, no pós e ao longo da vida.
Grazi Massafera, a Splash
A atriz disse que a própria gravidez foi bastante tranquila, mas passou pelo puerpério normal. "Não é fácil, a gente tem uma idealização romântica da gravidez."
Juntos novamente
"Uma Família Feliz" marca a segunda colaboração de Reynaldo Gianecchini e o autor e roteirista Raphael Montes; eles trabalharam juntos também em "Bom Dia, Verônica". "Adorei, porque brinco que quero fazer todos os personagens desse cara, dessa cabeça criativa e genial dele", disse o ator a Splash. "E são personagens diferentes, o Vicente [de 'Uma Família Feliz'] e Matias [de 'Bom Dia, Verônica'], são ambos super instigantes de fazer, cheios de camadas, e de suspense, o que acho muito gostoso, que pega no público também. O público fica sempre sem saber o que está acontecendo e meio angustiado. Eu, particularmente, adoro cinema que mexe com o público."
Raphael Montes também comemorou a parceria. "Trabalhar com o Giane é uma alegria. Acho que estou descobrindo, vendo meus projetos chegarem às telas, que existem atores com quem você se identifica. E é curioso, porque nem o Matias, nem o Vicente foram escritos para o Giane, mas o Matias me surpreendeu em muitos lugares. Quando a gente estava para escolher quem ia fazer o Vicente, que era esse marido perfeito da Eva, feita pela Grazi, eu sugeri ao Belmonte para chamarmos o Giane."
Crítica social
O filme critica a exposição da vida das pessoas na sociedade, mas Montes conta que esta não foi a sua prioridade ao criar a história. "Queria fazer um bom filme de suspense com muitas viradas, com personagens complexos, explorando a ideia de uma família idealizada que vive uma vida aparentemente perfeita."
Newsletter
SPLASH TV
Nossos colunistas comentam tudo o que acontece na TV. Aberta e fechada, no ar e nos bastidores. Sem moderação e com muita descontração.
Quero receberVocê entende que, por debaixo dessa aparência de comercial de margarina, existe uma doença, existe alguma coisa. Então, é um filme que, quem for assistir, assistirá grudado na poltrona e roendo as unhas, porque tem muita virada, é muito tenso.
Raphael Montes
O autor é também responsável pelo livro homônimo, lançado pela Cia das Letras. "O livro e o filme discutem vários temas: as pressões da maternidade, essa espécie de vigilância do condomínio, tudo mais. Eu, sem querer também dar spoiler, de algum modo, acho que parte da explicação do que acontece no final é um pouco causada pela sociedade."
O importante, para ele, é fazer o público refletir. "Acho que o bom filme, o bom livro, eles não são didáticos ou panfletários. Eles são dramáticos, eles são dramatúrgicos, eles são emocionantes e você vibra com aquela história. E aí, porque você está vibrando com aquela história, você ainda aprende umas coisinhas e reflete sobre outras coisinhas", finaliza.
Uma Família Feliz
O filme acompanha uma família aparentemente sem problemas, até que um dia, tudo começa a mudar quando a mãe é acusada de machucar suas filhas gêmeas e um bebê recém-nascido. Nesse momento, o véu da felicidade que os encobria começa a ser desvendado.
Deixe seu comentário