Fora de grandes festivais, Royal Blood espera se divertir com fãs no Brasil
Gustavo Brigatti
Colaboração para Splash, em São Paulo
13/04/2024 04h00
Num dia, você está tocando covers para um punhado de convidados em festas de casamentos. No outro, está tocando suas próprias músicas para multidões a perder de vista nos maiores festivais do planeta. Não acontece com todo mundo, é verdade, mas aconteceu com Mike Kerr e Ben Thatcher, do Royal Blood, dupla inglesa que volta ao Brasil para shows em São Paulo (13) e no Rio (16).
A culpa desse salto dos salões de festa para os festivais é do disco de estreia, homônimo, que completa 10 anos em 2014. O álbum foi responsável por chacoalhar o cenário na época e sedimentar o nome do Royal Blood entre os grandes.
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"Esse álbum permanece vivo com a gente, mas não de uma forma nostálgica. As músicas dele evoluíram com o tempo, então não parece ser uma sombra do passado. Ele é muito parte do que somos e do que ainda fazemos", define Mike, vocalista e baixista, em entrevista a Splash.
Sem nenhuma surpresa, muitas das canções dele, como "Come on Over", "Figure It Out", "Little Monster" e "Loose Change", estão presentes no setlist que a banda vem tocando desde o final de março, quando começou a perna latino-americana da turnê que celebra o disco mais recente, "Back to the Water Below" (2023). Mesmo assim, há espaço para surpresas.
Sempre sentimos essa responsabilidade de tocar nossas músicas mais conhecidas, porque é isso que as pessoas estão lá pra curtir. Mas, com quatro discos lançados, parece que temos mais espaço para variar, o que adiciona outra dimensão ao que fazemos. Colocamos coisas antigas, coisas que nunca tocamos... enfim, tem sido muito divertido. Mike Kerr, baixista e vocalista do Royal Blood
Por isso, também estão garantidas canções dos outros dois discos do duo: "How Did We Get So Dark?" (2017), espécie de continuação do primeiro álbum, e o surpreendente "Typhoons" (2021), em que a dupla abre espaço no seu rock cru e garageiro para experimentações com eletro rock, soul e disco.
Palcos menores
No Brasil, será a primeira vez que a banda se apresenta fora de festivais. Eles estiveram por aqui no Rock in Rio, em 2015, e no Lollapalooza, em 2018 — esta última, uma época, segundo Mike, "um pouco insana".
Eu me lembro que os shows foram de outro nível. Sempre nos perguntam sobre como são as plateias das diversas partes do mundo, e eu digo que isso costuma variar de show para show, com exceção do Brasil, que é sempre incrível. Mike Kerr
Agora, tocando em espaços menores (Áudio, em São Paulo, e Circo Voador, no Rio), ele espera poder se divertir mais com os fãs.
Os shows são bastante exigentes fisicamente, sabe? Então, estar em lugares menores com nossos próprios fãs pode ser mais divertido, porque não tem aquela sensação de tentar converter as pessoas para a nossa 'Igreja do rock'n'roll' (risos). É mais celebratório. Mike Kerr
Disco certo na hora certa
O Royal Blood pode ter nascido em meio a setlists ecléticos de salões de casamento, mas sua música tem um DNA muito bem definido: rock clássico, levado apenas por baixo, bateria, voz e muita distorção. Uma simplicidade que encantou quem estava acompanhando o cenário do rock entre 2013 e 2014.
Na época, as bandas mais proeminentes estavam indo por caminhos diversos. Para ficar em três das maiores: o Queens of the Stone Age lançava "...Like Clockwork", um disco hiperproduzido e cheio de grandes nomes (de Elton John a Trent Reznor); o Arctic Monkeys se distanciava do indie em direção ao experimentalismo com "AM"; e o Foo Fighters buscava na estrada inspiração para o conceitual "Sonic Highways".
Então, chega o Royal Blood com um álbum de rock cru, emotivo, distorcido, sombrio e dançante de uma maneira estranha. Não deu outra: a dupla se tornou a maior banda do Reino Unido, trocando as festas de casamento pelos palcos do South by Southwest, Liverpool Sound City, Download Festival, Glastonbury Festival e Reading Festival.
Hoje, mesmo com apenas 10 anos de carreira e quatro discos lançados, Mike olha para trás com o olhar de um veterano da música.
Acho que sempre que você faz um disco, tem coisas que você olha para trás e pensa: 'Eu teria feito isso de forma diferente'. Mas essa é meio que a beleza disso. Discos são como fotografias, sabe? Sempre haverá cortes de cabelo ruins. Mike Kerr
Royal Blood
São Paulo
Quando: 13/4, às 21h
Onde: Audio (av. Francisco Matarazzo, 694, Água Branca, São Paulo, SP)
Quanto: pista, R$ 195 (meia-entrada) e R$ 390; camarote, R$ 325 (meia) e R$ 650
Classificação: 16 anos desacompanhados; menores de 16 anos apenas acompanhados dos pais/responsável legal
Rio de Janeiro
Quando: 16/4, às 21h
Onde: Circo Voador (r. dos Arcos, s/n - Centro, Rio de Janeiro)
Quanto: R$ 240 (meia-entrada e meia-solidária) e R$ 480
Classificação: 16 anos desacompanhados; menores de 16 anos apenas acompanhados dos pais/responsável legal.
Ingressos em: www.livepass.com.br