Fadista Mariza faz caminho inverso e traz Portugal ao Brasil: 'Adoro MPB'

Mariza, 50, desembarca hoje em São Paulo para estrear turnê que vai percorrer seis cidades brasileiras. Natural de Moçambique, a cantora cresceu em Lisboa e se tornou uma das vozes mais internacionais do fado português. Além de São Paulo hoje e domingo (21), sobe aos palcos de Ilhabela (20), Porto Alegre (25), Rio de Janeiro (26), Brasília (27) e Recife (28).

Meu pai viveu no Brasil nos anos 60, o meu nome vem de uma cantora brasileira, a Marisa Gata Mansa, e eu vivi no Brasil também. Na minha agenda, o Brasil está em primeiro lugar. Que me perdoem todos os outros, mas há uma ligação gigante. Adoro a cultura brasileira e a MPB.
Mariza em entrevista a Splash

Mariza apresenta turnê inédita no Brasil
Mariza apresenta turnê inédita no Brasil Imagem: Luís Moreira (via Instagram @marizaoficial)

Como vai ser o show

A turnê que Mariza traz ao Brasil é um show inédito: mistura hits da carreira, o disco "Mariza canta Amália" e músicas inéditas. "Tem aqueles temas que vocês conhecem: 'Ó, gente da minha terra', 'Quem me dera', 'Chuva', mas também vou passar um bocadinho por um disco gravado no começo da pandemia, com o meu querido maestro [brasileiro] Jaques Morelenbaum."

"Mariza canta Amália", em homenagem ao maior nome da história do fado, foi inspirado no disco "Frank Sinatra sings Tom Jobim". "Esse é um disco tão atemporal, que eu sempre ouvia e dizia: 'Se eu puder fazer um disco em homenagem a alguém, eu quero com esta roupagem linda, com este bom gosto, essa classe'. Ainda não tive oportunidade de apresentar aos brasileiros.

Intitulado "Amor", seu próximo álbum será cantado pela primeira vez nos shows do Brasil. "Acabei de gravar o disco. Demorou um ano... O ser humano não existe sem amor. Cada vez mais, precisamos de amor e sentir. Existem vários tipos de amor, não é só físico."

A turnê brasileira percorre um pouco dos 25 anos de carreira da cantora, que lançou seu primeiro álbum, "O Fado em Mim", em 2001. Nos últimos anos, ela se abriu a outros gêneros e jovens nomes da música portuguesa. Em 2023, mesclou fado com afrobeat e trap no remix "Minha Terra", ao lado do duo Supa Squad e Apollo G, e uniu tradição, pop e TikTok no hit "Maria Joana", ao lado de Nuno Ribeiro e Calema.

Sinto que [meu trabalho] é de um gênero mais específico, mas, cada dia mais, é Mariza, não é só fado. Já tem uma personalidade minha... Não faço ideia como posso rotular a música que faço, mas tem todas as viagens à África, ao Brasil. Não sei se é pop, se é africanidade, mas sei que tem a minha verdade, essência e o que quero transmitir.
Mariza

Continua após a publicidade

"Achavam que eu era brasileira"

Filha de mãe moçambicana, ela ouvia música brasileira, canções africanas e até norte-americanas na infância. Quando tinha três anos, a família se mudou de Moçambique para fugir da guerra civil e foi parar na Mouraria, um bairro fadista de Lisboa, onde eles abriram uma pequena taberna. "Fui ouvindo fado e cantando... Se não tivesse ido morar ali, nunca teria acontecido."

Aos 21, ela se aventurou a cantar música brasileira em um cruzeiro que percorria a costa nordestina. No início, até achavam que ela fosse daqui, mas depois descobriram sua origem além-mar e pediram para cantar músicas que ela não gostava ou usava estereótipos antiquados ligados a Portugal como "mulher ter bigode". "Achava que não tratavam a cultura portuguesa da melhor forma. Hoje, mudou tudo."

Vivi nesse navio durante seis meses, a cantar música brasileira. Toda gente achava que eu era baiana, imagina? E eu nunca disse que não era. Quando descobriram, a 'vingança' foi dura (risos)... Mas foram seis maravilhosos, descobrindo Recife, Maceió, Bahia, Fernando de Noronha, Morro de São Paulo. Foi genial. Um momento bonito da minha vida.
Mariza

Continua após a publicidade

Conexão BR-PT

Portugal sempre consumiu a produção cultural brasileira, como novelas e músicas, mas o caminho inverso também se tornou verdade nos últimos dez anos. Pelo menos é o que acredita a cantora, que ouvia Clara Nunes, Ney Matogrosso e Alcione na infância, e também tem Caetano Veloso, Maria Bethânia e Gilberto Gil como referências.

Na última década, Mariza trouxe quatro turnês ao Brasil, tornando-se uma das artistas portuguesas de maior presença por aqui. "[O Brasil] Era um mercado extremamente fechado para nós. Mas, cada vez mais, existe a cultura que sai de Portugal para se apresentar no Brasil, na pintura, na literatura, na música..."

Temos até um ator português que faz novelas no Brasil, o nosso Ricardo Pereira. Então existe uma abertura tão grande e um intercâmbio que acho que tudo está a mudar, só que no Brasil a batuta é alta, né? O público brasileiro sabe muito bem o que quer. É importante porque falamos a mesma língua.
Mariza

Serviço - Mariza no Brasil

São Paulo
Quando: 19/4, às 22h, e 21/04, às 20h
Onde: Tokio Marine Hall (Rua Bragança Paulista, 1281 - Várzea de Baixo)
Ingressos: a partir de R$ 220

Continua após a publicidade

Ilhabela
Quando: 20/4, às 20h30
Onde: Teatro de Vermelhos (Av. Governador Mário Covas Júnior, 11.970 - Urubu)
Ingressos: a partir de R$ 135

Porto Alegre
Quando: 25/4, às 21h
Onde: Teatro do Bourbon Country (Av. Túlio de Rose, 80 - Jardim Europa)
Ingressos: a partir de R$ 45

Rio de Janeiro
Quando: 26/4, às 21h
Onde: Vivo Rio (Av. Infante Dom Henrique, 85 - Parque do Flamengo)
Ingressos: a partir de R$ 80 a R$ 340

Brasília
Quando: 27/4, às 21h
Onde: Centro de Convenções Ulysses Guimarães (SDC - Ulysses Guimarães)
Ingressos: a partir de R$ 180 a R$ 300

Olinda (PE)
Quando: 28/4, às 20h
Onde: Teatro Guararapes (Av. Prof. Andrade Bezerra, S/N - Salgadinho)
Ingressos: a partir de

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.