Eduardo Sterblitch: 'Trabalho com comédia, mas minha vida é um drama'
Eduardo Sterblitch, 37, tem um ano cheio de trabalho. O ator estrelou a comédia "Dois É Demais em Orlando", a peça musical "BeetleJuice" e faz parte do elenco fixo de Papo de Segunda, do GNT. Até o final de 2024, ele estará também na segunda temporada de "Os Outros" e nos filmes "O Auto da Compadecida 2" e "Grande Sertão".
O artista, conhecido por seu humor rápido e ácido, acredita que a parte "engraçada" de sua vida está no trabalho — pois vive o seu próprio drama.
Trabalho com humor, mas minha vida é um caos. Minha vida é um drama particular trágico.
Sterblitch diz a Splash, em conversa em Orlando (EUA), para a divulgação do filme "Dois É Demais em Orlando".
Ele entende estar na crista da onda em 2024, mas não se sente seguro para sempre. "Esse ano estou hypado. Estou feliz, mas é perigoso também, porque pode dar tudo errado. Aprendi a não acreditar: nem quando falam bem, nem quando falam mal. Sigamos o sonho de criança, vamos na espuminha."
Ao pensar sobre sua carreira, acredita que "tem que ser mais esforçado do que talentoso" e "dedicado mais do que talentoso". "Aprendi que você dá mais certo pelos 'não' que você diz do que pelos 'sim'", diz.
Sem assessoria própria, Eduardo Sterblitch é uma pessoa difícil para ser contactado. Ele também não responde mensagens. Quer falar com o ator? Ligue.
Quem consegue falar com ele, pode cair em uma de suas brincadeiras. Como aconteceu com um repórter que, anos atrás, ao ligar para Sterblitch para confirmar que ele estaria no elenco do Programa Pânico, ouviu do artista que seu sobrenome era Xeréblitch. O nome errado foi publicado em um grande jornal brasileiro.
Carreira
No trabalho de atuação, sua preferência é a composição de seus papéis e estar ao lado de pessoas que admira. "Eu realmente amo fazer composição de personagem e eu amo trabalhar com gente maravilhosa. Eu sempre esperei para a minha carreira para as coisas darem certo. Sempre trabalhei com teatro, sendo o que eu mais sei fazer, eu sempre tive a paciência e a calma de esperar os trabalhos certos. Dessa forma, eu tive a sorte de só trabalhar em lugar fenomenal."
A sua fama nasceu do Programa Pânico, mas hoje ele é uma espécie de "persona non grata" entre os ex-colegas, como Bola, que já chamou Sterblitch de "mau-caráter". No entanto, o ator fala do antigo trabalho com tranquilidade: "Eu ainda faço o humor que eu fazia no Pânico. Aprendi a me adaptar no teatro". Mesmo anos depois, ele crê que seus personagens são criados a partir deste "palhaço" que sempre existiu em seus trabalhos.
"Dois É Demais em Orlando"
Colegas de elenco de Eduardo Sterblitch falam sobre a experiência de trabalhar com ele. A história do filme acompanha a amizade improvável entre João (Eduardo Sterblitch) e Carlos Alberto (Pedro Burgarelli), obrigados a passarem as férias juntos nos parques da Universal Studios, em Orlando (EUA).
Pedro Burgarelli diz que era difícil gravar, uma vez que o ator colocava uma foto dele fazendo caras e bocas no celular. "Eu tinha que ficar sério, mas tinha uma foto do Edu. No meio da cena, ele improvisava e eu tinha que segurar para não rir. "
Rodrigo Van Der Put revela que era difícil o fazer acordar às 2h da manhã para as gravações. "A gente tinha uma logística de acordar cedo, e ele demora um pouco para ligar. Eu conhecia ele do Pânico, mas aqui dentro [do parque da Universal] tinha que ser muito coordenado. Ele disse para eu ficar tranquilo, porque ele não ia sair correndo pulando no lago."
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Quero receberOs produtores Diego Paiva e Luciana Boal Marinho chamaram a atenção para as improvisações do ator. "Considerando todas as restrições que tínhamos ao filmar, incluindo uma história que não podia fugir do roteiro, foi extremamente gratificante acompanhar o processo do Edu, com toda a sua inquietação criativa. Foi muito interessante ver como ele se apropriou do personagem e conseguiu incluir tantos cacos e improvisos no processo, de forma tão natural e orgânica, a ponto de parecer que eles sempre estiveram lá."
Esse compromisso também sempre permitiu um canal muito fluído de comunicação entre elenco, produção e direção, nos momentos em que algo precisava ser corrigido, a serviço da história. Mas talvez a melhor resposta para essa pergunta também seja a mais simples. Terminamos esse filme com a certeza de que queremos viajar todos juntos de novo. Agora é escolher o destino e preparar essa nova aventura.
Diego Paiva e Luciana Boal Marinho, a Splash
"Beetlejuice!"
O famoso musical da Broadway está em cartaz em São Paulo e conta com Sterblitch como protagonista. Por demandar bastante fisicamente, o personagem tem outra pessoa que o interpreta de maneira oficial, o ator João Telles.
O alternante brinca com uma possível frustração do público de assistir ao espetáculo sem o ex-integrante do Pânico. "Essa piada sobre o Edu veio de um medo que tive no começo, de histórias que ouvi de uma mãe de uma fã da Larissa Manoela parou uma peça no meio para falar que queria ver a Larissa Manoela. Pensei que eu poderia, de uma forma divertida, tirar esse elefante branco da sala."
Soube que eu faria o Beetlejuice como alternante antes de saber quem trabalharia comigo. E tinham alguns nomes, como Adnet e Alexandre Nero, mas quando eu soube que era o Edu, de quem sou muito fã, foi bem surreal. Lembro que ele começou a me seguir no Instagram antes da gente se conhecer pessoalmente, e aí que senti: esse cara será meu brother!
João Telles, em entrevista a Splash
Telles tem em Sterblitch uma espécie de mentor. "Trabalhar com ele é como fazer um supletivo: 50 anos em 5. Aprendo muito, o cara é um gênio, imparável. Ele tá sempre pensado em alguma coisa nova. Ele fala uma frase para mim que é: tem que ter uma ideia nova toda semana, não dá para não ter."
Beetlejuice tem muito improviso, e ele se dá bem com isso. Me dá uma aula de como fazer.
João Telles
Para Sterblitch, a experiência de protagonizar "Beetlejuice" é uma maneira de vivenciar novamente o humor que se acostumou a fazer no Pânico. "Gosto de fazer coisas diferentes e de surpreender. Não sinto falta do Pânico porque faço 'Beetlejuice', um humor politicamente incorreto e livre, que sangra a piada, e tem o drama do cartoon. "
Próximos trabalhos
O Auto da Compadecida 2. "O Auto é um privilégio absurdo, porque é um clássico de comédia brasileiro e do cinema, um fenômeno. Com certeza vai dar certo e é uma homenagem ao primeiro. A gente tem que comemorar a podemos voltar a se abraçar no Brasil."
Grande Sertão. "Faço o diabo, o qual é um arquétipo muito feito, que acho que deveria ter acabado depois do Al Pacino, ninguém mais poderia fazer. E tentei trazer o meu palhaço para esse lugar também."
*A repórter viajou a convite da Universal Parks.
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