'Sem Nicotina': o que é o movimento criado por influenciador no TikTok?
Gustavo Foganoli, 23, criou o movimento "Sem Nicotina" para incentivar ele próprio e jovens a parar de fumar cigarros eletrônicos. Para Splash, o influenciador expõe os desafios para superar o vício e controlar a ansiedade.
Entrei bastante comprometido com o meu propósito. É uma coisa que eu já pensava há um bom tempo. Desistir não é uma opção. Nunca foi. A gente sente vontade de fumar, mas não de desistir.
'Escape para ansiedade'
Foganoli viu na rede social a oportunidade de fazer um comprometimento público que o incentivasse a largar os cigarros eletrônicos, conhecidos popularmente como vapes e pods. Projeto já ultrapassa 30 milhões de visualizações no TikTok.
Pensei no projeto exatamente para criar uma comunidade de apoio na hashtag. Tive esse insight de que eu poderia ajudar outras pessoas, o que me trouxe ainda mais incentivo. E expor essa fragilidade demonstra um comprometimento público, assim você consegue o apoio de outras pessoas.
Ele compartilha sua rotina sem o uso de cigarros eletrônicos com a tag #SemNicotina. Foganoli mostra como são os dias sem fumar, além de cooptar pessoas para o projeto. A tiktoker Fernanda Schneider, por exemplo, entrou no movimento após sentir dores no peito e ser diagnosticada com uma inflamação na membrana pulmonar.
Foganoli se preocupou com o vício após acordar no meio da noite para fumar. Contida nos vapes, a nicotina é uma substância altamente viciante e, segundo a Opas (Organização Pan-Americana de Saúde), não há quantidade segura para o consumo. Enquanto cigarros comuns têm cerca de 1 mg de nicotina, os eletrônicos contêm aproximadamente 50 mg.
Influenciador percebeu que o hábito estava atrapalhando sua vida. "Interferia demais no meu desenvolvimento e no da minha carreira. Me afetou mais psicologicamente do que de fato fisicamente."
Muitos acham que podem parar de fumar do nada, mas não funciona desse jeito. O parar de fumar tem que ser uma decisão. E eu tomei essa decisão porque vi que era algo que eu simplesmente utilizava como um escape para minha ansiedade.
Ele afirma ter sentido muita ansiedade no primeiro dia, pois fez uma interrupção muito severa. "Cortei de uma vez. Ao final das primeiras 24 horas, eu não estava me aguentando mais. Tinha muitas reações da abstinência."
'Desistir não é opção'
Foganoli fumava desde os 14 anos, até conhecer os cigarros eletrônicos durante intercâmbio nos Estados Unidos, aos 17 anos. "Foi ali que o meu vício se aprofundou ainda mais. É um vício não só habitual, mas também químico."
Psiquiatra recomentou uso de chicletes de nicotina para controlar a abstinência. "Cada dia reduzo mais esses chicletes. Acho que um grande problema de estar passando por esse processo é a sua mente. Então, se você está com ela fraca, provavelmente terá uma recaída."
Gustavo conta que apresentou disfunção psicomotora e delírios no início, mas os sintomas foram melhorando com o tempo. "No terceiro dia, eu já me senti mais disposto. Inclusive, a minha média de batimentos cardíacos durante exercícios melhorou. Do oitavo para o nono dia, eu fiquei um pouco mais sensível a aromas e sabores."
Consumo de cigarros eletrônicos cresceu 600% nos últimos seis anos. Segundo dados do Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), quase três milhões de adultos usam vapes no Brasil. De acordo com o Inca (Instituto Nacional do Câncer), eles podem ser tão prejudiciais quanto o cigarro tradicional, já que combinam substâncias tóxicas, como chumbo, ferro e níquel.